temos todo esse tempo em nossas mãos

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As noites de quarta-feira tinham se tornado especiais para Rúben e Celina. Era o dia em que eles se encontravam no apartamento dela para saborear comida japonesa e conversar sobre suas vidas. Rúben havia se acostumado a essas noites tranquilas, onde a correria dos treinos e dos jogos dava lugar a momentos de descontração e amizade. Ele se sentia confortável e à vontade com Celina, e isso era algo que ele valorizava muito.

Naquela quarta-feira em particular, Celina estava sentada à mesa da cozinha, digitando freneticamente em seu laptop. O aroma familiar de sushi, sashimi e tempura pairava no ar, criando um ambiente aconchegante e convidativo. Rúben chegou um pouco mais tarde do que o habitual, carregando uma sacola de papel marrom com o logotipo do restaurante japonês que eles mais gostavam.

— Desculpe o atraso — disse Rúben, colocando a sacola sobre a mesa. — Tive uma reunião mais longa que o esperado no clube.

— Sem problemas — respondeu Celina, sem tirar os olhos da tela. — Estou apenas terminando um trabalho para a faculdade.

Rúben pegou alguns pratos e começou a distribuir a comida. Enquanto isso, ele observava Celina digitar com rapidez e precisão, claramente concentrada em seu trabalho.

— Qual faculdade você faz mesmo? — perguntou Rúben, curioso.

Celina fez uma pausa e olhou para ele, como se decidisse se devia responder de forma completa ou não.

— Faço Direito e Ciências da Computação — disse ela, voltando rapidamente a olhar para a tela do laptop.

Rúben levantou as sobrancelhas, surpreso.

— Duas faculdades? Uau, isso é impressionante. Mas por que duas?

Celina parou de digitar e por um momento parecia que iria responder, mas logo desviou o olhar e mudou de assunto.

— Vamos comer antes que a comida esfrie — disse ela, fechando o laptop e sorrindo. — Estou morrendo de fome.

Ele percebeu o desconforto dela, mas estava tão preocupado com os próximos jogos que não insistiu no assunto. Sentaram-se à mesa e começaram a comer. A comida japonesa era sempre uma escolha acertada para eles, uma tradição que se formara de maneira natural.

— Então, como foram os treinos essa semana? — perguntou Celina, tentando manter a conversa leve.

— Intensos, como sempre — respondeu Rúben, com um sorriso cansado. — Estamos nos preparando para um jogo importante no fim de semana. O técnico tem nos pressionado bastante, mas acho que estamos prontos.

Celina assentiu, enquanto pegava um pedaço de sashimi.

— Deve ser difícil equilibrar tudo isso, com a pressão dos jogos e tudo mais.

— É, mas a gente se acostuma. E você? Como está sendo fazer duas faculdades ao mesmo tempo?

Celina hesitou por um momento, pensando na melhor forma de responder.

— É desafiador, mas eu gosto. Direito é algo que minha família sempre quis que eu fizesse, e Ciências da Computação é a minha paixão. Então, acabei fazendo os dois — disse ela, simplificando a resposta.

Rúben percebeu que havia algo mais por trás daquela explicação, mas decidiu não pressioná-la.

Ele havia reparado isso nela, raramente Celina comentava sobre a família ou sobre sua vida profissional, Rúben sabia que ela era desenvolvedora de sistemas e que era muito responsável com o trabalho, mas nunca havia perguntado nada além disso.

— Você é incrível, sabia? — disse ele, com sinceridade.

— Falou o cara que joga nada mais nada menos que uma Champions League.

Voltar para Casa - Rúben DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora