Voltar para Casa - Rúben Dias

isso me leva do começo ao fim

Um ano se passou desde a noite em que Rúben e Celina tiveram uma conversa profunda que redefiniu a natureza de sua amizade. Durante esse tempo, a vida continuou a evoluir para ambos, mas a conexão que compartilhavam permaneceu firme e, em muitos aspectos, se fortaleceu. Rúben dedicou-se intensamente ao Manchester City e aos jogos, canalizando sua energia e foco para seu trabalho, como uma forma de desviar a atenção dos sentimentos complexos que ainda tinha por Celina. Enquanto isso, Celina continuava sua jornada acadêmica e profissional, viajando ocasionalmente a trabalho e mantendo sua paixão pela tecnologia e pela leitura.

Era uma tarde chuvosa de domingo, e Rúben estava dirigindo pelas ruas de Manchester, a chuva batendo contra o para-brisa do carro. Ele estava a caminho do apartamento de Celina, um lugar que se tornara uma segunda casa para ele ao longo do último ano. Ele havia cultivado um novo hábito: a leitura. Inspirado pelas conversas e pelas recomendações de Celina, Rúben passou a frequentar as livrarias e a devorar livros, algo que nunca havia feito com tanto entusiasmo antes.

O motivo da visita de hoje era um livro que Celina havia mencionado na última vez em que se encontraram. Rúben estava ansioso para pegá-lo emprestado, algo que se tornara uma tradição entre eles. A troca de livros e recomendações literárias adicionou uma nova camada à amizade deles, e Rúben valorizava essas interações mais do que poderia expressar.

Ao chegar ao apartamento, Rúben encontrou Celina já em casa, relaxando no sofá com uma xícara de chá e um livro nas mãos. Ela estava em uma das suas roupas confortáveis, uma combinação de suéter e leggings, e o ambiente estava envolto em uma atmosfera acolhedora e tranquila. Rúben bateu na porta e foi recebido com um sorriso caloroso.

— Rúben! Achei que não viria hoje — disse Celina, levantando-se para abrir a porta. — Entre, por favor.

— Oi, Celina. Eu estava precisando de uma recomendação de livro — disse Rúben, com um sorriso. — Você mencionou aquela autora pela última vez, e estou morrendo de curiosidade para ler algo dele.

Celina riu e o conduziu para dentro. O apartamento estava arrumado e decorado com o bom gosto habitual dela. Havia uma leve fragrância de velas aromáticas no ar, misturada com o cheiro reconfortante de chá.

— Claro, eu tenho exatamente o livro que você está procurando — disse Celina, indo até uma das estantes de livros. — Sente-se. Eu vou buscar para você.

Enquanto Celina procurava o livro, Rúben se acomodou no sofá e observou o ambiente ao seu redor. O apartamento tinha uma sensação de familiaridade e conforto que sempre o fazia sentir-se à vontade. Era um espaço que refletia a personalidade de Celina de maneira perfeita — elegante, mas acolhedor. Era o lugar em que ele sempre pensava quando precisava descansar do mundo.

Celina retornou com um livro em mãos e se sentou ao lado de Rúben.

— Aqui está — disse ela, entregando o livro a ele. — Espero que você goste. É meu livro preferido. Está em portugues brasileiro, você acha que consegue?

— Sim, você tem me ensinado muito no último ano — Rúben pegou o livro com um sorriso agradecido e começou a folheá-lo. — Obrigado, Celina. Você sabe como escolher os livros certos. Sempre fico impressionado com suas recomendações.

Celina sorriu, parecendo satisfeita com o elogio. Ela se recostou no sofá e olhou para Rúben, com um olhar curioso e preocupado.

— Como tem sido sua vida? Eu sei que você tem se dedicado muito ao Manchester City. E você?

— Ah, você sabe como é — respondeu Rúben, tentando parecer descontraído. — Os jogos e os treinos têm consumido a maior parte do meu tempo. Mas tem sido bom manter-me ocupado.

Celina assentiu, entendendo que ele estava evitando entrar em detalhes. Eles haviam desenvolvido um vínculo forte e, apesar das muitas conversas, Rúben ainda mantinha certos aspectos de sua vida mais fechados, especialmente quando se tratava de sentimentos e questões pessoais profundas, e ela percebeu quando isso começou a acontecer: logo após seu término com Marina.

— Eu entendo. Às vezes, manter-se ocupado é a melhor forma de lidar com as coisas — disse Celina, com empatia. — Eu também tenho viajado bastante a trabalho e tentando conciliar a faculdade e o trabalho. É uma rotina intensa, mas é gratificante.

Os dois conversaram sobre seus dias e experiências, com Celina compartilhando suas recentes viagens e desafios acadêmicos, e Rúben falando sobre os jogos e as novas estratégias do time. A conversa fluía naturalmente, com um nível de conforto e intimidade que só o tempo e a amizade verdadeira poderiam proporcionar.

Enquanto conversavam, Celina decidiu preparar algo para comer. Ela se levantou e foi para a cozinha, enquanto Rúben continuava sentado no sofá, mergulhado na leitura do livro. Ele estava ansioso para o que o livro tinha a oferecer, mas também valorizava o tempo passado com Celina.

— O que você está preparando? — perguntou Rúben, erguendo os olhos do livro.

— Apenas um lanche leve — respondeu Celina, com um sorriso. — Estou pensando em fazer comida mexicana. Você está com fome?

Rúben assentiu, o aroma delicioso começando a invadir a sala.

— Estou com certeza. E, se for como sempre, será excelente.

Celina riu e continuou a preparar o lanche. Enquanto ela trabalhava na cozinha, Rúben refletia sobre o quanto a amizade deles havia evoluído. A diferença de idade, que inicialmente parecia ser uma barreira, agora parecia irrelevante em comparação com a profundidade da conexão que eles compartilhavam. Eles haviam encontrado uma forma de apoiar um ao outro, mesmo com as diferentes direções que suas vidas haviam tomado.

Após algum tempo, Celina trouxe os petiscos para a sala e se sentou ao lado de Rúben. Eles começaram a comer e continuar a conversa, rindo e discutindo tudo, desde livros até questões pessoais.

— Você se lembra da primeira vez que veio aqui? — perguntou Celina, com um sorriso nostálgico. — Eu estava tão nervosa em te receber.

Rúben sorriu, lembrando-se do momento.

— Sim, eu me lembro. E, honestamente, não sabia o que esperar. Mas desde aquele dia, você fez com que eu me sentisse tão bem-vindo aqui. É um lugar que me sinto realmente confortável.

Celina olhou para Rúben com um olhar de compreensão e carinho.

— Eu também me sinto assim quando estou com você. Nossas conversas sempre foram um alívio para mim. E eu sinto que, mesmo com todas as mudanças e desafios, conseguimos manter nossa conexão intacta.

Os dois continuaram a conversar e a desfrutar do tempo juntos. A noite passou com a mesma facilidade e conforto de sempre, e, apesar das rotinas diferentes e dos desafios pessoais, eles encontraram um refúgio na amizade que compartilhavam.

À medida que a noite avançava, Rúben decidiu compartilhar algo que vinha refletindo ao longo dos últimos meses.

— Sabe, Celina, eu tenho pensado muito sobre nós e sobre como nossa amizade tem sido importante para mim. Eu realmente valorizo tudo o que temos e queria que você soubesse disso.

Celina sorriu, tocando a mão de Rúben de forma carinhosa.

— Eu também valorizo muito a nossa amizade. E mesmo quando não estamos por perto, eu sempre sinto que você está lá para me apoiar, e isso significa muito para mim.

O gesto de carinho e as palavras de Celina reforçaram o vínculo entre eles. Rúben sentiu um alívio e uma satisfação profunda ao perceber que, apesar das dificuldades e das mudanças, a amizade que eles compartilhavam era forte e inabalável.

Ao final da noite, Rúben se despediu de Celina, prometendo que a visitaria novamente em breve. Ele deixou o apartamento sentindo uma sensação de paz e gratidão, sabendo que tinha alguém em quem podia confiar e que sua amizade era uma constante em sua vida.

Enquanto dirigia para casa, Rúben refletiu sobre o último ano e sobre o quanto havia aprendido e crescido. Ele sabia que, apesar dos desafios e das complexidades de seus sentimentos, o que realmente importava era a conexão e o apoio mútuo que compartilhava com Celina. E com isso, ele sentiu que estava pronto para enfrentar o futuro com um coração mais leve e uma mente mais clara, sabendo que a amizade que tinha com Celina era uma das coisas mais preciosas em sua vida.