quando você finalmente puder voltar para casa

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Dois anos e meio haviam se passado desde que Celina deixou Manchester para seguir seus sonhos em Madrid. Muito havia mudado em sua vida desde então—ela havia encontrado sua paz, superado suas inseguranças, e construído uma carreira sólida. Mas, apesar de tudo o que conquistou, havia um sentimento que nunca desapareceu completamente: a saudade de Manchester, da cidade que, por algum tempo, foi sua casa e de Rúben, o homem que ela nunca esqueceu.

Assim que seu voo pousou em Manchester, um turbilhão de emoções invadiu seu coração. As luzes da cidade que via pela janela do avião a lembravam dos incontáveis momentos que viveu ali. As ruas, os prédios, o ar frio que sentia enquanto o táxi a levava até seu antigo apartamento—tudo parecia ter congelado no tempo, esperando pacientemente por seu retorno.

Quando finalmente chegou ao prédio onde morava, Celina hesitou por um momento antes de descer do táxi. Seu coração batia acelerado, e um misto de nervosismo e antecipação a fazia respirar fundo. Puxando sua mala, ela entrou no prédio, sentindo o peso dos anos que passaram enquanto subia cada degrau até o seu andar.

Ao destrancar a porta do apartamento, foi como se o tempo tivesse parado. Nada parecia ter mudado desde a última vez que esteve ali. As paredes acolhedoras, os móveis familiares, o cheiro característico do lugar... tudo a fez sentir como se estivesse voltando para casa após uma longa viagem. Ela largou a mala no corredor e caminhou lentamente pela sala, tocando com as pontas dos dedos os objetos que havia deixado para trás—uma caneca na estante, uma almofada no sofá, o quadro que Rúben havia pendurado para ela logo depois que se mudou.

Celina se sentou no sofá, deixando-se afundar nas almofadas macias. Uma onda de emoções a envolveu, como se cada memória que construiu naquele espaço estivesse voltando à tona. O sorriso de Rúben, as risadas, as conversas até tarde da noite, os momentos simples e cheios de significado... Tudo estava ali, nas paredes que um dia a acolheram. Ela fechou os olhos por um momento, permitindo-se sentir toda a nostalgia que o lugar trazia. Mesmo depois de tanto tempo, aquele apartamento ainda parecia ser uma parte dela.

Celina passou a mão pelos cabelos, tentando conter a emoção. Ela sabia que seu retorno a Manchester não era apenas uma visita; era um reencontro consigo mesma, com o que deixou para trás, e, mais importante, com quem deixou para trás. Respirando fundo, ela decidiu se preparar para o próximo passo daquele dia—um que envolvia um estádio lotado e um jogo importante.

...

Quando Celina chegou ao Etihad Stadium, o jogo já estava em andamento. O som da torcida ecoava pelas arquibancadas, e a energia era palpável. Ela havia assistido a muitos jogos de Rúben enquanto morava em Manchester, mas dessa vez, algo era diferente. Havia uma ansiedade, um nervosismo que a fazia morder o lábio inferior enquanto procurava seu assento na arquibancada.

Ela vestia uma camisa do Manchester City, com o número e o nome de Rúben nas costas. Sentia-se estranha ao usá-la depois de tanto tempo, mas ao mesmo tempo, havia um conforto inesperado em se envolver naquele tecido que trazia tantas lembranças.

Assim que se acomodou, seus olhos rapidamente encontraram Rúben no campo. Ele estava em seu elemento, focado, comandando a defesa com a habilidade e a força que sempre a impressionaram. Mas, apesar da distância e da multidão, havia algo em sua expressão que Celina conseguia perceber. Era como se, mesmo sem a ver, ele sentisse sua presença ali.

O jogo foi intenso. Cada lance, cada jogada a fazia prender a respiração. Mas, no fundo, Celina sabia que estava ali por outro motivo. Ela não estava apenas assistindo ao jogo; estava esperando pelo momento certo de se revelar, de deixar que Rúben soubesse que ela havia voltado.

Quando o apito final soou e o Manchester City garantiu a vitória, Celina sentiu seu coração acelerar. Ela sabia que a hora havia chegado. Deixou seu assento e se dirigiu ao estacionamento, onde sabia que os jogadores passariam após o jogo.

Voltar para Casa - Rúben DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora