Exposições de arte costumam ser entediantes, ainda mais para a família real. O próprio rei vivia preso em seu escritório, e mal interagia com os plebeus. A rainha tampouco gostava de sair de suas obrigações como esposa e mãe.
Claude e Joseph eram irmãos gêmeos inseparáveis. Ambos nasceram com uma deficiência visual que os impossibilitavam de enxergar perfeitamente, mas não era considerado cegueira. Eles haviam olhos brancos, completamente brancos. No início o Rei e a Rainha ficaram com medo de expor o nascimento dos garotos para o mundo, mas depois de receberem vários padres em seu castelo, reforçando o argumento de que ambos eram crianças perfeitamente saudáveis e abençoadas pelos anjos, eles decidiram mostrar ao mundo o quão especial era aquele Reino por ter duas crianças vindas diretamente dos céus.
Em seu aniversário de 18 anos, Joseph decidiu visitar uma exposição de arte, juntamente de seu irmão, Claude, que o acompanhou enquanto admirava as pinturas pregadas na parede. Joseph amava fotografias, mas a pintura alheia não lhe chamava o mínimo de atenção. Acontece que o rapaz gostava de pintar, e só valorizava seus próprios trabalhos, incapaz de reconhecer a arte de qualquer outra pessoa, ele era muito orgulhoso com seus hobbies.
ㅡ Vossa Majestade, você gostou de alguma arte em particular?
Perguntou o responsável pela exposição. Claude estava distante, vendo os demais quadros e escolhendo quais gostaria de ter em seu quarto. Enquanto Joseph aceitou que deveria lidar com aquele rapaz por um tempo.
ㅡ eu não gosto muito de pinturas. prefiro fotografias. elas capturaram melhor a essência da vida, já que é um momento real, capturado e eternizado em uma imagem.
Pessoas criadas em palácios sempre foram ensinadas a manter suas aparências. Ou seja, em hipótese alguma Joseph deveria estar conversando de forma tão simpática com um plebeu, por mais que ele fosse um pintor expondo sua arte, ainda era alguém inferior, que não deveria ser tratado como igual a si, pois estavam em patamares sociais diferentes. No entanto, Joseph nunca seguiu essa regra. Ele era amado e adorado pelo povo, simplemente porque interagia com todos sem ter nojo, ou síndrome de superioridade. Ele era humano, gentil e doce, um perfeito exemplo de humildade dentro da família real. Claude encarava Joseph a distância, incrédulo que ele estava falando com um plebeu, como se fosse uma pessoa comum, ou pior, um conhecido.
Jack ficou genuinamente divertido com a resposta do jovem príncipe, e o fato de que ele não era tão pomposo quanto a maioria dos aristocratas, ele achou bastante cativante a maneira como ele falou sobre como a fotografia carregava a essência da vida.
ㅡ Admito, é a primeira vez que me dizem isso. É uma ideia bem original.
Ele se aproximou do jovem príncipe curiosamente, seu olhar fixo nele.
ㅡ eu tenho minhas preferências. mas.. eu compraria uma pintura, se caso ela fosse baseada em uma fotografia. então ela teria um significado, e inevitavelmente.. uma lembrança. meu irmão gosta das suas obras, e está disposto a decorar todo o quarto com suas pinturas.
O príncipe compartilhou um pequeno fragmento de sua rotina com o plebeu, que ficou pasmo. Ouviu atentamente enquanto o jovem explicava sobre seu interesse pela arte, a ideia de uma pintura de uma fotografia chamou a atenção de Jack, que inclinou a cabeça para o lado, seu olhar esmeralda fixo no príncipe.
ㅡ Uma pintura de uma fotografia, você diz... Devo admitir que esse é um conceito que nunca me foi encomendado antes, especialmente por um membro da realeza.
ㅡ oh, dizendo assim.. parece que todos os membros da realeza são malvados.
Joseph riu discretamente, achando aquela implicância com a família real meio desnecessária. Por outro lado, o artista apreciava cada detalhe da personalidade humilde do príncipe em conversar consigo, sem se importar com a diferença social enorme entre eles.
ㅡ Ah, minhas desculpas, eu não quis dizer que todos os membros da realeza são malévolos, é só que eles tendem a ter uma reputação de ser assim, principalmente entre os plebeus.
A conversa poderia fluir um pouco mais, se Claude já não estivesse impaciente, implorando para ir embora, mesmo que não falasse nada sobre, ele demonstrava que estava cansado de estar ali, andando em círculos e tocando em todas as obras que haviam placas escrito "não toque, frágil."
ㅡ Bem, foi um prazer conversar com você. Te vejo em uma futura nova exposição...?
O príncipe esperava que o plebeu falasse seu nome, para que terminasse sua frase.
ㅡ oh, que falta de educação a minha.. meu nome é Jack!
ㅡ certo! te vejo em breve, Jack.
Jack sorriu levemente, apreciando as palavras gentis do príncipe enquanto ele se despedia. Ele observou os dois irmãos partirem, a estranha mistura de tristeza e algo que ele não conseguia identificar, mas ele sentiu algo estranho em seu peito. Ele passou as mãos pelos cabelos, soltando um longo suspiro.
ㅡ Pode ter certeza que te verei novamente, Vossa Alteza.
Ele sussurrou para si mesmo.
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O destino do príncipe
FanfictionJoseph era um príncipe aclamado por muitos naquele reino, sempre ajudava os pobres e as vezes fazia doações para a caridade. Sua vida real parecia perfeita, prevendo longos e longos anos de riqueza e luxúria. No entanto, ele acabou conhecendo alguém...