Máfia

Capítulo X

Dylan M.

  Eu chorei a noite toda.Chorei muito.

  Quando acordei senti meus olhos inchados e minha cabeça doía como o inferno. Me levantei e fui até o banheiro, me olhando no espelho e vendo meu rosto totalmente abatido, me virei e coloquei a banheira para encher.

  Coloquei a mão sobre o meu pulso machucado. Uma marca escura havia se formado ao redor dele, marcando o formato dos dedos de Vince.

  -Eu quero ir embora, mãe...—Peguei no meu colar e dei um beijo nele, hábito que eu sempre tive quando estava triste ou nervoso.

  Entrei na banheira já cheia e me acomodei ali, deixando o meu corpo relaxar dentro da água. Porém as memórias da noite passada voltaram na minha mente, me fazendo pensar demais.

"Por que ele fez aquilo?"

"Por que eu aceitei beber com o Davis?'

"Por que Vince sentiu tanta raiva?"

"Se eu tivesse ficado em casa isso não teria acontecido."

"Se ele diz que me ama, porque ele me machuca tanto?"

"E se ele parar de ser gentil comigo e me matar?"

  Minha mente pensava em um turbilhão de coisas ao mesmo tempo, então mergulhei minha cabeça dentro da água, ficando totalmente submerso até o ar dos meus pulmões se esvair e eu ter que retornar à superfície, cerca de dois minutos.

  Depois de quase mais meia hora dentro d'água eu finalmente saí de dentro da banheira. Meu corpo estremeceu com o ar gelado batendo contra ele e eu me esqueci e cobri minha cintura numa toalha que tinha ali perto, saindo para o lado de fora.

  Assim que destranquei a porta do banheiro dei de cara com Vince.

  Ele me olhava, ainda furioso. Vince havia saído durante a noite, enquanto eu chorava pude ouvir a porta de seu quarto se abrindo, ele andando pesadamente por toda a casa e o ronco de um carro saindo da garagem, e eu não sabia onde ele havia ido.

  Nos encaramos por alguns segundos.

  O dono dos olhos verdes estava com o cabelo bagunçado, uma peça de seu smoking jogada sobre a cama, deixando sua camisa social branca à mostra, camisa essa que estava manchada de um líquido vermelho escuro que presumi instantaneamente ser sangue, e um cigarro na boca. Ele ainda estava com aquela aura ameaçadora pairando sobre si de um jeito terrivelmente assustador.

  Apenas abaixei minha cabeça e segui para o closet sem dizer uma palavra. Separei uma bermuda preta e uma camisa cinza com o desenho de um gato na parte frontal e assim que me virei para pegar uma cueca Vince estava atrás de mim, me olhando como uma presa.

  -C-com licença?—Eu comecei a tremer com a impotência que ele opunha sobre mim.

  Vince segurou meu braço calmamente, levando meu pulso até a altura de seus olhos. Vi uma veia saltar de seu pescoço.

  -Aquele desgraçado fez isso com você?—Sua voz estava rouca e seca, mostrando que parecia ter gritado a noite toda.

  -N-não.