Capítulo 13 - Setembro, 2021

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Na segunda semana do mês, enquanto eu descansava no intervalo do plantão, recebi uma mensagem de Bruna pelo whatsapp, perguntando se eu queria ir ao Festival de Música que aconteceria no final do mês. Esse seria mais um convite negado com sucesso, se eu não tivesse comentado com Luana.

— Ai, amiga, esse convite tu vai aceitar, né? Tô louca pra ir nesse Festival! — Ela me ordenou assim que soube que Bruna tinha chamado ela e o Rodrigo também.

— Posso dizer que você vai com o Rodrigo, mas eu n...

— Sabia que agindo assim, parece que tu tá interessada nela, né? Parece que tá com medo de não resistir aos encantos da preda...

— Não é isso! — Retruquei.

Desculpa, amiga, mas parece.

É, ela tinha razão. Não poderia mais fugir de Bruna, até porque, na minha cabeça, era certo que o beijo não tinha significado nada. Mas antes de decidir, liguei para Rafaela, que ficou empolgada com a possibilidade de ir para o festival e, ainda por cima, assistir tudo de camarote. Luana também ligou para Rodrigo, que aceitou o convite de cara. Pronto! Namorada e melhor amiga loucas para ir, não tinha como eu ser a estraga prazer, né? Então, respondi a mensagem de Bruna, agradecendo o convite e dizendo que nós quatro iríamos.

Teria mais duas semanas até o Festival, onde eu encontraria Bruna. Mesmo tendo aceitado o convite, eu pretendia continuar evitando sair com ela até lá. Mas, nem sempre o que a gente quer e planeja, acontece, né? No final de semana seguinte ao convite de Bruna, eu estava com Luana, Guma e Carla num restaurante. Era sábado e era dia da Rafa sair com as amigas dela sem mim.

Depois de fazermos nossos pedidos ao garçom, recebi uma mensagem de Bruna, nos convidando para ir a um bar. Respondi que não daria certo, porque estava num restaurante com Luana e meu irmão. Pensei que tinha sido mais um não com sucesso, contudo, ela escreveu de novo momentos depois:

"Posso encontrar vocês aí? Só se der..."

Seria deselegante dizer não, então respondi que sim e informei o nome do restaurante. Assim que terminamos a conversa virtual, comentei com Luana que Bruna estava indo nos encontrar. Vendo que eu estava aflita, ela disse para eu relaxar. Odeio quando estou nervosa e a pessoa me manda relaxar. Ela acha que a calma vem só porque ela fala?! Isso me deixa mais estressada!

Ocorre que não demorou nem 20 minutos para Bruna chegar ao restaurante. Ela estava vestida do jeitinho andrógino que ela gostava: uma calça preta, não sei de que tecido era; uma camiseta preta de gola V bem aberta; tênis branco; relógio preto; usava colares, brincos e anel de prata. O cabelo meio despenteado e lápis preto nos olhos.

Como eu era a ponte entre Bruna e as pessoas, apresentei ela a meu irmão e a minha cunhada. Em seguida, Bruna fez o pedido ao garçom e comentou comigo:

— O Caio desmarcou nossa saída de última hora, acredita? Mas eu já tinha chamado vocês, tá? Aí perguntei se podia vir, porque não queria voltar pra casa e nem ir sozinha ao barzinho.

Ela estava se justificando? Sorri sem mostrar os dentes e disse:

— Tudo bem.

O silêncio se instalou entre nós e ficamos ouvindo a história de Guma sobre um júri que ele tinha feito naquela semana. Eu estava totalmente sem saber o que conversar com Bruna. Nunca tinha faltado assunto entre nós, mas aquele beijo absurdo tinha estragado tudo. E o fato de eu não saber se ela lembrava me deixava mais agoniada. Mas não tinha o P do perigo de eu perguntar.

Lá pelas tantas, Guma e Carla resolveram ir embora. Minutos depois, Rodrigo foi buscar Luana e, de novo, eu e Bruna ficamos a sós. Mas aquele dia estava sendo totalmente diferente do dia do bar, em que ela me acompanhou até em casa de Uber. Não conseguia conversar naturalmente com ela.

A+B=∞ - A expressão de um amor improvávelOnde histórias criam vida. Descubra agora