Capítulo 15 - Novembro, 2021

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Apesar de Bruna e eu termos combinado de não estragar a amizade, o sexo tinha sido a gota d'água. Não tive mais coragem de ligar para ela, nem ela me ligou, parou inclusive de enviar memes bobos da internet. Sumimos da vida uma da outra por quase um mês. Esse tempo foi suficiente para esquecer tudo que aconteceu entre a gente? Claro que não. Só serviu para as lembranças ficarem mais presentes na minha mente. Não teve um dia sequer que eu não me lembrasse de alguma situação ou sensação que envolvia Bruna. Para piorar, um dia me toquei pensando na nossa transa. E isso me deixou muito agoniada e com muita raiva de mim mesma.

Eu estava com férias marcada para o meio do mês e já tinha comprado passagens para viajar com Luana, que também tiraria férias. Às vezes, a gente combinava de fazer isso juntas. Dessa vez, Dudu não iria. Ficaria com André, pois, além de ter a escola, vez ou outra, era importante eu ter um tempo para mim mesma.

Faltando cinco dias para o início das férias e, portanto, para a viagem, recebi uma ligação do Caio logo no início da manhã. Tinha deixado Dudu na escola, mas já estava em casa, porque naquele dia era minha folga.

— Oi, Alice, você tá podendo falar?

— Oi, Caio, tô sim, pode dizer. Aconteceu alguma coisa? — Perguntei estranhando a ligação dele naquele horário e a sua voz aflita. Além disso, também fazia um mês que não o via.

— Aconteceu. — Ela embargou a voz. — Alice... a Bruna foi sequestrada.

Instantaneamente, meu coração pareceu que ia explodir e minhas mãos começaram a tremer muito.

— Quê?! Sequestrada? Como assim, Caio? Pelo amor de Deus me conta como foi isso?

Ele fungou, estava choroso. Era compreensível, pois eles eram como irmãos. Achava até que a Bruna amava mais o Caio do que a Taís, irmã de sangue.

— Ela estava vindo pra empresa sozinha, como costuma fazer sempre, e dois carros interceptaram o carro dela e a levaram. Umas pessoas disseram que eles usavam capuz e estavam bem armados.

— Eles já entraram em contato?

— Ainda não. Aconteceu há poucos minutos. Só soubemos logo, porque um funcionário daqui estava vindo trabalhar e viu tudo. Foi perto daqui, cara. — Ele tentou controlar o choro.

— Sei que pedir calma nessas horas é inútil, mas precisamos tentar, Caio. E a família dela?

— Já estão vindo pra cá. A polícia também já tá a caminho.

— Meu Deus do Céu, que loucura!

— Eu vivia dizendo pra ela cuidar mais da segurança dela. Achava que ela vacilava demais. Acho que às vezes ela esquece que é rica.

— Realmente, é preciso ter muito cuidado.

— Bom, vou indo aqui ajudar... não sei em quê, mas...

— Se eu puder ajudar em algo também é só me dizer. Tô aqui, viu? Nem que seja pra conversar. E vai me colocando a par da situação.

— Obrigada, Alice. Vamos rezar pra tudo dar certo e nossa amiga voltar pra nós viva.

— Ela vai voltar, pode ter certeza.

Nos despedimos e, assim que desliguei, caí num choro incontrolável. Uma sensação desesperadora e um peso muito forte no peito se apossaram de mim. Achei que era o medo de perdê-la. Foi só nesse momento que percebei que Bruna era mais importante para mim do que eu imaginava.

Assim que o choro passou, liguei para Luana contando a tragédia. Precisava falar também sobre a nossa viagem. Ela disse que não desmarcássemos ainda, porque tudo poderia se resolver rapidamente. Concordei.

A+B=∞ - A expressão de um amor improvávelOnde histórias criam vida. Descubra agora