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A manhã havia amanhecido clara e fresca, com o sol já lançando seus primeiros raios dourados sobre o mar calmo de Fistral Beach. Catherine chegou cedo à escola de surf, a chave ainda fria em suas mãos, enquanto os pensamentos da noite anterior ainda rodopiavam em sua mente como um mar agitado. Ela esperava um dia ocupado; uma turma de crianças ansiosas por aprender a surfar estava agendada para aquela manhã.
Ao se aproximar da escola, seu coração deu um salto. Lá estava William, sentado solitariamente na areia em frente à escola, seus olhos fixos no horizonte, onde o céu se encontrava com o mar em uma linha perfeita e distante. Ele parecia perdido em pensamentos, talvez lutando com as mesmas tempestades que agitavam o coração de Catherine.
Por um momento, ela hesitou. A imagem dele da noite anterior, beijando Olivia com uma paixão que Catherine achou que fosse reservada para momentos muito mais íntimos, ainda queimava em sua mente. No entanto, impulsionada por uma mistura de dor residual e a necessidade de manter as aparências, Catherine tomou uma decisão impulsiva ― talvez a mais tola possível.
Ela respirou fundo, ajustou a bolsa no ombro e caminhou em direção a William com um sorriso forçado.
― Bom dia, William! Você está aqui cedo ― disse ela, tentando infundir um tom de casualidade em sua voz, como se a noite anterior fosse apenas um sonho distante, esquecido ao despertar.
William virou-se ao ouvir sua voz, um leve traço de surpresa cruzando seu rosto antes de ser substituído por um sorriso cauteloso.
― Bom dia, Catherine. Sim, eu... só precisava de um pouco de ar fresco, pensar um pouco ― ele respondeu, seu olhar desviando rapidamente para o mar antes de voltar para ela.
― Ah, entendo. Muitas coisas para pensar, hein? ― Catherine continuou, mantendo a fachada. Ela se forçou a sorrir mais amplamente, tentando ignorar o aperto em seu coração. ― Bem, hoje vamos ter uma turma cheia de pequenos surfistas. Vai ser um dia divertido! ― William assentiu, levantando-se e batendo a areia de suas roupas.
― Parece ótimo. Eu vou ajudar a preparar as pranchas ― ele disse, e algo em sua voz sugeria uma gratidão pela mudança de assunto, um alívio por Catherine não ter mencionado a noite anterior.
Juntos, eles começaram a abrir a escola, retirando pranchas e coletes salva-vidas, preparando tudo para a chegada das crianças. O trabalho compartilhado criava um espaço entre eles, cheio de conversas leves e tarefas focadas, um refúgio temporário das emoções conflitantes que ambos sentiam.
No entanto, enquanto organizavam os equipamentos, Catherine não podia deixar de sentir a estranha dualidade de sua situação ― conversando e rindo como se nada tivesse acontecido, enquanto seu coração ainda ecoava com as ondas da tempestade interna que a noite anterior havia trazido. Ela sabia que esse esquecimento fingido era apenas uma medida temporária, uma casca frágil que poderia quebrar a qualquer momento sob a pressão dos sentimentos não resolvidos que ambos carregavam.
