|14 de fevereiro de 2021
Jão Romania:
Ainda meio aéreo eu puxo o pulso do moreno para o meio da multidão sem ao menos conseguir raciocinar direito o que eu estava fazendo com a minha vida.
Sem dúvidas, Pedro me fazia voltar para a adolescência, com bochechas rosadas e luzes cintilantes me transporto para os meus dezesseis anos, abafando suspiros e desejando que nenhum garoto ou garota notasse o quão atraído eu estava.
Era bobo me comparar com o antigo João acanhado e retraído, faziam bons anos que minha personalidade não girava em torno disso, mas agora era explícito alguns trajeitos do antigo João voltando a me dominar, precisava me forçar a permanecer são ao lado de Pedro, não era desconfortável, mas eu necessitava frequentemente me segurar para não me derreter nos seus braços.
Mas no fim a verdade era uma só: eu não precisava me prender a nada, se ele me pedisse com carinho me teria na palma da sua mão nesse exato momento.
Não era tão legal admitir isso.
Na verdade era bem preocupante.Seus olhos brilhavam quando o arrasto para um canto quase encostado na parede, a festa estava tão agitada que nossos corpos tinham necessidade de estarem colados a não ser se quisessemos esbarrar nas pessoas a cada dez segundos.
— Estou achando que você tá se aproveitando de mim!
Ele diz próximo ao meu ouvido, tão próximo que eu conseguia sentir seus lábios raspando ligeiramente no lóbulo da minha orelha.— Acho essa distância perfeita para te ouvir.
O sorriso ladino brota em seu rosto. No pequeno momento que havíamos passado juntos eu fiz questão de observá-lo bem, e uma das grandes características que dominava a sua linguagem corporal era o pequeno sorriso canalha que nascia alí assim que ele está prestes a professar comentários travesso.
— Ouvir? Achei que minha boca estaria ocupado agora
Puta merda.
Minhas mãos rapidamente se posicionam em sua cintura apertando firmemente.
— Gosto de te ouvir falando, principalmente assim tão perto de mim, mas tenho que confessar, sua boca quente e deliciosa vem me tirando do sério há um tempo.Ele arqueia a sobrancelha talvez surpreso com a minha sinceridade, automaticamente sinto minhas bochechas esquentarem.
Eu gosto de surpreender ele justamente para observar suas reações, era engraçado e viciante vê-lo arquear as sobrancelhas e repuxar o canto direito dos lábios quase em um sorriso, por mais que meu estômago continuasse dando algumas piruetas todas as vezes que o nosso olhos se encontravam.
Seus olhos me examinam calmamente, sem um pingo de vergonha de estar sendo pego no flagra, na verdade, pelo pouco tempo que o conheço poderia até dizer que ele estava fazendo isso unicamente para me instigar.
Como se já não bastasse, ele segue com as provocações aproximando o seu rosto do meu pescoço deixando selares demorados.Um suspiro escapa pelos meus lábios quando sua língua morna experimenta a carne sensível do meu pescoço.
Meus sentidos estavam todos dormentes com o contato da sua boca na minha pele, nublado e totalmente aéreo afasto a minha cabeça dando passe livre para ele se aventurar um pouco mais.
A música alta já estava em segundo plano, assim como o cenário lotado e apertado no momento em que sua mão livre se posiciona na base da minha coluna, impulsionando meu corpo a se chocar com o seu. Novamente, meu estômago dá outro salto e eu preciso me controlar muito para não gargalhar de desespero.
Desespero porque, porra! Isso é real demais e eu estava tão vulnerável que qualquer pensamento bobo tomava conta da minha cabeça, principalmente aqueles que desejavam que Pedro ficasse na minha vida por mais alguns dias.
Eu estava prestes a gargalhar porque era humilhante pensar que enquanto o moreno se ocupa em dar os melhores beijos que eu já senti em toda a minha vida, o que mais me preocupava era o que aconteceria no momento em que ele fosse embora.
Desde quando eu me importava com isso?
Não fazia a menor ideia, mas agora eu me importo!— Para de pensar tanto, loiro! Consigo ouvir os seus pensamentos daqui.
Seus lábios não desgrudam do meu pescoço enquanto ele professa a indignação, fazendo meu corpo inteiro vibrar sob a sua voz.— Só estou pensando em como você é lerdo para me beijar! Vai ficar por mais quanto tempo amassando o meu pescoço?
Quase que instantaneamente ele desgruda a sua boca dalí me fazendo protestar, apesar de ter dado tudo de mim no fingimento de segundos atrás.
— Pensei que não era tão fácil assim beijar a sua boca...
— Eu retiro o que eu disse! É bem fácil sim, e você sabe disso.
Pedro ri do meu comentário ou do meu atual estado decadente, sinceramente, não importava muito, precisava que ele fosse rápido antes que eu explodisse de tanto desejo reprimido.— Vem cá, só vou te beijar lá! Se importa se a gente sair do camarote?
Nego veemente, louco, desesperado para ser levado logo aonde quer que ele quisesse me beijar.
Agora é a sua vez de me arrastar pelo pulso para outro canto qualquer, dessa vez realmente longe do tumulto. Contudo, é exatamente quando meus pés se afundam no areial da praia de Ondina que eu entendo um pouco melhor os seus planos.
Ele me queria dentro do mar, como da primeira vez.
E assim ele teria.
∞
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COETERNOS - pejão
FanfictionDurante uma quarta-feira de cinzas em Salvador, João Vitor Romania é interceptado pela lábia de um homem encantador que possuia um equilíbrio perfeito entre sua doce simpatia com a amarga profanidade. ❝A cada carnaval que se passava, minha alma ansi...