Durante uma quarta-feira de cinzas em Salvador, João Vitor Romania é interceptado pela lábia de um homem encantador que possuia um equilíbrio perfeito entre sua doce simpatia com a amarga profanidade.
❝A cada carnaval que se passava, minha alma ansi...
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15 de fevereiro de 2021
Pedro Tófani:
Faziam exatas quatro horas desde que eu havia entrado no meu quarto com uma câmera e meu celular em mãos.
Normalmente, é exatamente assim que eu costumo me distrair no meu tempo livre, nesse caso, precisava mesmo por minha cabeça no lugar e pensar um pouco no que aconteceu nas últimas horas. Então eu ligo a câmera fotográfica digital, seleciono a aba de fotos capturadas e as separo entre as que eu vou deixar alí pra no futuro revelar, e as que estão na hora de descartar.
Costumo ser bem apegado em minhas fotografias, todas elas têm um pouco de história envolvida por trás do pequeno clique, mas em situações como a de hoje em que minha cabeça está cheia, a melhor terapia sempre vai ser olhar a foto; lembrar do dia em que a capturei; pensar se vale à pena deixá-la ocupar a memória do aparelho; e na maioria das vezes descartá-la
No final do dia acabam restando poucas.
É esquisito pensar que só consigo fazer isso nos dias que minha mente está praticamente explodindo de tanta informação, mas de certa forma entendo, sou meio agitado, meio impulsivo e é extremamente complicado separar um momento do meu dia para eu organizar minha própria cabeça.
Contra a minha vontade, meus pensamentos tomam um rumo que eu não gosto nenhum pouco. Desapegar de João Vitor deveria ser menos complicado do que o descarte daquelas fotos que eu fazia com tanta aptidão, afinal, as fotos carregavam pedaços de histórias, dias legais, momentos emocionantes, paisagem bonitas e pessoas queridas em minha volta. Já João, foi um pequeno caso de um dia ou dois, na teoria, fácil de esquecer, mas de alguma maneira parecia ser impossível me livrar de tudo o que eu vivi com ele.
Não se tratava apenas em apertar um botão e eliminar os sentidos, cheiros, lembranças e toques dele em mim, era muito mais torturante que isso.
E sinceramente, eu não aguento mais nenhum minuto sendo pertubado sobre o que eu deveria dizer se eu ainda estivesse com João.
E depois de horas alí por fim tenho que tomar uma decisão:
Eu poderia ficar trancado no meu quarto enlouquecendo enquanto torço para ele parar de devagar na minha cabeça.
Ou
Ser um pouco mais inconsequente e ir atrás exatamente do que o meu corpo quer.
Não preciso nem dizer a opção em que eu escolhi não é?
∞
Meus pés encontram o mármore do piso do hotel me fazendo gargalhar com a possibilidade do que eu iria fazer caso realmente o encontrasse.
Foda-se Pedro. Você precisa de mais uma noite. Só mais uma com ele, tempo o suficiente para eu descobrir algo que me desagrada nele, enjoar e despensá-lo.