11: De volta ao normal

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15 de fevereiro de 2021

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15 de fevereiro de 2021

Jão Romania:

Assim que eu ponho os meus pés no quarto do hotel eu me arrependo amargamente.

Não que eu achasse certo continuar compactuando com aquela história esquisita do Pedro e da Sarah mas ouvir Malu falando por 40 minutos em como eu havia sido irresponsável me fazia sentir vontade de correr para o carro onde Pedro e eu estávamos há minutos atrás.

Francamente, Malu estava me dando sermão.

A Malu.

A garota que terminou com o namorado pra ficar com o pai dele!

— Você a partir de hoje só vai andar grudado em mim, João Vitor!

Reviro os olhos entediado.
— Não tem necessidade disso, Malu. Meu celular só morreu e eu tive que voltar pra o hotel sozinho...

Ok, eu tava ocultando 90% da história? Estava. Mas a minha intenção era boa, não tinha necessidade dela saber sobre isso agora.

— E essas roupas?

— Longa história...

Com suas típica carranca ela arqueia a sobrancelha sentando afobada na sua cama de frente para mim.

— O que foi?
Pergunto.

— Tô esperando você confiar na sua melhor amiga e me contar as coisas, João!

Essa era uma característica bem marcante nela; não sossegava até conseguir o que queria. É esse um dos motivos de permanecermos com a nossa aposta de todo carnaval; Malu só descansaria quando me vencesse pelo menos uma única vez.

De verdade, eu sei que não tem nenhum problema em contar o que aconteceu para ela, mas falar sobre tudo que eu vivi nas últimas horas vai tornar a situação real demais, e eu não sou muito fã de encarar as coisas como elas realmente são.

Pode ser um traço imaturo meu mas aceito lidar com as consequências dessa minha realidade.

Contudo, Malu tem uma estratégia melhor que a minha. Seus olhos parecem fixos nos meus, em uma tática maluca me pressionando contra a parede.

— Tudo bem!
Respiro afobado.
— Hum... Eu meio que... hum...

— Fala logo João Vitor!

Mordo a parte interna da bochecha prolongando o meu curto período para tomar coragem.

Era só ser rápido não seria tão torturante assim não é? É só abrir a boca e falar.

Foi sim.
Torturante pra caralho!

Principalmente porque ao contrário do que eu imaginava, Malu ficou irritada por um motivo completamente esquisito.

— Você tá me dizendo que largou aquele cara na porta desse hotel depois de tudo o que aconteceu com vocês dois nessas últimas horas?!

Mordo o lábia em um sorriso amarelo.
— Sim.

— Eu não sabia que você era tão burro assim, João Vitor!

— Ele é casado! Você queria que eu fizesse o quê? Aceitasse ser o amante?

Ela levanta as pressas andando de um lado para o outro no quarto.

Se a situação fosse outra provavelmente eu faria alguma piadinha sobre ela estar sempre andando nervosa de um lado para o outro quando alguma situação a desagrada.

— Vamos por parte.
Diz ainda pensativa.
— Você me disse que quando estava lá a esposa dele chegou...

— Isso. É a Sarah, você lembra da Sarah?

— Não Jão, eu não lembro da atual do seu ex ficante premium.

— Não fala assim, você faz parecer que eu sou bobo!

Cruzo os braços enquanto a morena vem até mim beijando o topo da minha cabeça.
— Eu te amo mas você é um pouco sim...

— Voltando!

— Ok. Voltando... Se essa mulher viu você lá com as roupas do marido dela, e ela te conhece, e com todo o respeito, sabe do que você faz.

— Você tá fazendo parecer que eu sou um cara de programa, Maria Luísa!

Ela gargalha.
— Desculpa! Deixa eu reformular. Hum... se ela já conhece bem o seu jeitinho nos carnavais. Você acha mesmo que ela não saberia que você tá tendo um caso com o marido dela?

— Claro que não! E mesmo se souber, não deixa de ser péssimo o que eu fiz.

Revirando os olhos ela me encara.
— Jão me poupe! Ela sabe e deve fazer pior com ele. E pelo o que eu percebi com você me contando, o Pedro parecia bem convicto de que as coisas não são como você acha que são!

— Um erro não anula o outro.
Eu já tava exausto daquela conversa. Entendo que ela só quer me ver bem com alguém mas tem circunstâncias em que simplesmente não são possíveis fazer tal esforço, e infelizmente Pedro é uma delas.

Ouvir seus conselhos só me faz ficar ainda mais pensativo e nostálgico de tudo que eu vivi de ontem para hoje.

Simplesmente tudo ainda está grudado em mim, os seus beijos, seus braços musculosos me apertando junto a ele, o seu calor natural, lábios macios, da sua forma de falar que agitava o meu peito e enrubecia o meu rosto, da sua câmera me capturando a cada instante achando que eu não estava reparando, das suas costas musculosas em que minha mão faz caminho, em como ele rir de tudo que eu falo e principalmente da maneira delicada em que me dirigia a palavra, com calmaria o suficiente para eu me sentir o único homem do mundo merecedor dele.

Pedro estava mesmo me consumindo.

Respirando fundo ela ajeita a sua postura.
— só quero que você saiba que nessas circunstâncias, não há nada de errado se é o que te faz feliz.

Nossos olhos se encontram e tento ficar levemente irritado por ela me conhecer tão bem e sempre saber exatamente o que falar, mas simplesmente não consigo. É impossível ficar irritado com Malu, principalmente quando eu sei que o único intuito dela e me ver bem.

Então, apenas fecho meus olhos tentando expulsar aquele sentimento estranho enjaulado no meu peito me levantando e indo atrás da garota, abraçando-a.

— A gente pode parar de falar sobre isso só um pouquinho?
Com o rosto enfiado no pescoço da mais nova, minha voz sai meio abafada.

— A gente pode! Vem você tem que descansar sua noite foi longa e a minha também.

Sou puxado em meio a um abraço até a sua cama.
— Como é?

— Agora é a minha vez de contar.
Malu gargalha animada batendo as suas mãos.

E em um piscar de olhos, tudo está de volta ao normal.





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