19: Pra guardar na memória o tom

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16 de fevereiro de 2021

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16 de fevereiro de 2021

Pedro Tófani:

Sentia meus olhos tão pesados que mal conseguia os abrir.

Talvez em toda a minha vida eu não tivesse dormido tão bem como eu havia nessa noite.

Minha cama sempre foi uma das melhores do mercado, mais espaçosa e acolchoada que era permitido comprar, também não sou o maior fã de compartilhar a cama então era unicamente o melhor dos espaços reservados para o meu descanso. Mas de algum jeito, nenhuma noite de sono da mais completa e relaxante até as mais rápidas havia surtido tantos efeitos positivos em mim do que essa noite.

Coço os meus olhos notando pela primeira vez naquela manhã que eu não estava sozinho e demoro alguns segundos para raciocinar o que havia acontecido.

Um suspiro escapa pelos meus lábios ao lembrar cada detalhe da madrugada passada desde os pontos mais altos onde eu João e eu passamos uma grande parte da noite conversando no farol, até os mais baixos, quando o meu pai nos encontrou e tudo aconteceu.

Agora, um pouco mais calmo e ciente, me sento na cama analisando a figura quase angelical que dormia encolhido ao meu lado, tão encolhido que parecia ter medo de me tocar ao longo da madrugada.

Compreendo um pouco melhor agora o estado sereno que eu havia acordado; efeito da presença de João.

Não deixo de cogitar o quão bem eu ficaria se na verdade tivesse passado a madrugada abraçado no seu corpo respirando o seu cheiro calmante.

Sou atingido pela necessidade de me aproximar dele, fitá-lo com mais calma apressiando melhor a sua presença que causava tanto efeito no meu peito

Engatinho até o outro lado da cama, sentando nas minhas próprias pernas.

Era engraçado que por mais branco que ele fosse, suas bochechas continuavam em um tom rosado fraco e sua boca parecia ter sido esculpida à mão de tão perfeita que era; com lábios projetados para cima, como se estivessem a todo momento implorando para serem beijados, era uma das coisas mais lindas que eu já pude ver.

Seu loiro bagunçado se espalhava por todo travesseiro em um cenário tão delicado e encantador que volto a pensar que na verdade João não passava de uma figura mística e angelical trazida no intuito de roubar o meu coração somente para ele.

Eu poderia viver o resto da minha vida alí naquele quarto com a missão de apressiá-lo até que fosse difícil demais continuar tão longe da sua boca.

Mas infelizmente a realidade me atinge e eu lembro aonde estávamos e as circunstâncias que haviam trazido Jão para mim. Ele não ficaria para sempre, na verdade, no fundo, eu sentia que a qualquer momento ele poderia se levantar e partir de vez, sem chances para que a saudade seja mandada embora, restando apenas lembranças e fotos que eu guardaria cuidadosamente no meu peito.

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