15 de fevereiro de 2021
Jão Romania:
Com o corpo ainda úmido e despido, os primeiros calafrios rodeam a minha pele assim que piso fora do carro em frente a uma grande casa bem localizada nas partes mais facultosas da cidade.
Apesar de sentir meu rosto pinicar esquentando, indícios que meu constrangimento estava dando sinais no rosto inteiro, o frio em torno do meu corpo não abria mão.
Falando em constrangimento, talvez em toda a minha vida eu nunca estive tão envergonhado como eu estou hoje. Não sei exatamente o que me deixa com vergonha, porque eu não sou assim, não tenho o costume de me intimidar, mas atualmente venho percebendo que o cenário é outro, Pedro me põe em situações onde se torna impossível controlar o desconforto na barriga, mãos suadas e pele quente e vermelha.
Estar com Pedro me traz de volta para a minha adolescência onde tudo era muito mais energético e intenso, e esse lado não necessariamente é bom, isso é o que mais me deixa angustiado
Me sinto um adolescente meio bobo.
Me assusto com dedos mornos tocando em contraste com a temperatura da pele do meu braço.
— Você tá tremendo.
Pedro constata em baixo tom.
Dou de ombros tentando relevar que talvez os arrepios que agora eu estava tendo sejam mais pelo contato da sua pele na minha do que por conta do frio.— Tá tudo bem. Tem como você me emprestar alguma roupa? Só tô querendo ir pro meu hotel...
Suas sobrancelhas se franzem como se ele estivesse raciocinando a minha fala.
— Aconteceu alguma coisa?— Não, só tô muito cansado, perdi meu celular, meus amigos devem estar preocupados comigo.
O que não era mentira, mas o fato principal era que eu precisava ir embora, pôr a minha cabeça no lugar e raciocinar em como essa última madrugada acabou mexendo com receios enterrados em mim.
Empurrando algumas mexas do seu cabelo para trás ele me puxa para a parte interna na casa logo após sua irmã e o noivo entrarem.
— Hum... tudo bem, você espera só eu comer alguma coisa? Posso te levar.
Algo em mim se agita. Por mais que seja muito óbvio a sensação esquisita que estar com Pedro me causava, a ideia de que talvez ele quisesse prolongar o nosso tempo juntos ou então estivesse aflito de me deixar voltar sozinho, faz meu peito ficar aquecido.
Realmente, eu estava feito um adolescente bobo.
— Tudo bem.
Pedro puxa a minha mão até o andar de cima.É casa não era tão grande mas muito bem decorada com telas e esculturas em todos os cômodos. Não deixo de pensar em várias pinturas que eu já fiz que combinariam perfeitamente com o ambiente.
Eu presentiaria ela se fossemos próximos.
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COETERNOS - pejão
FanfictionDurante uma quarta-feira de cinzas em Salvador, João Vitor Romania é interceptado pela lábia de um homem encantador que possuia um equilíbrio perfeito entre sua doce simpatia com a amarga profanidade. ❝A cada carnaval que se passava, minha alma ansi...