09

593 68 6
                                    

S/n sempre guardou na memória os dias que passou ao lado de Hande na Turquia. Era uma época cheia de risos, aventuras, e uma paixão intensa. Tudo começou em Istambul, uma cidade que logo se tornou o palco do romance delas.
A S/n tinha se mudado temporariamente para a Turquia devido a compromissos profissionais, e foi lá que conheceu Hande, uma estrela no voleibol turco. O relacionamento começou de forma natural, quase como se tivesse sido predestinado. Elas passavam horas conversando sobre a vida, o futuro, e até os sonhos mais bobos.
Hande era carinhosa e dedicada. Ela adorava levar a S/n para os treinos, mostrando-lhe o mundo do voleibol de perto. Durante os treinos, S/n ficava sentada nas arquibancadas, observando cada movimento de Hande, sentindo um orgulho crescente pela habilidade e determinação da namorada.

- Você viu aquele saque?- Hande perguntava, após mais uma sessão de treinos, enquanto caminhavam de mãos dadas para o carro.

- Vi, e fiquei impressionada! Você é incrível, amor.-  respondia S/n com um sorriso, sempre pronta para elogiar a namorada.
Às noites, Hande se dedicava a preparar jantares especiais para S/n. Cozinhava pratos tradicionais turcos, e a cozinha da casa delas se enchia com o aroma de especiarias e ervas frescas.

-Eu queria fazer algo especial para você hoje.- dizia Hande enquanto servia o jantar à luz de velas. S/n retribuía o gesto com um olhar cheio de amor, sentindo-se afortunada por ter alguém tão atenciosa ao seu lado.

Nos fins de semana, as duas exploravam os tesouros da Turquia. Elas visitaram a Capadócia, onde fizeram um passeio de balão ao nascer do sol, uma experiência que deixou ambas sem palavras. As paisagens que se estendiam abaixo delas, com as formações rochosas e os vales, eram simplesmente deslumbrantes.

- É como estar em um sonho.- disse S/n, segurando firmemente a mão de Hande enquanto o balão flutuava suavemente pelo céu.
Outras vezes, passeavam pelas ruas de Istambul, perdendo-se nos mercados coloridos e nas ruelas históricas. S/n adorava a forma como Hande se integrava à cidade, mostrando-lhe lugares secretos e restaurantes escondidos.

- Este é o melhor kebab que você vai comer na sua vida.- prometia Hande, e S/n ria, aproveitando a comida e a companhia.

Porém, como toda história de amor, a delas também encontrou obstáculos. A crise começou de forma sutil, quase imperceptível, mas aos poucos foi ganhando força. Hande, que antes era atenciosa e presente, começou a se tornar distante. Ela passava horas a mais nos treinos, alegando que precisava melhorar seu desempenho, e às vezes, nem sequer voltava para casa, dormindo no clube.

- Desculpe, amor. Hoje foi um dia difícil, estou exausta.- dizia Hande, sempre com uma desculpa na ponta da língua quando S/n perguntava sobre a falta de tempo que passavam juntas.
A S/n, tentando compreender, aceitava as explicações, mas não podia deixar de sentir que algo estava mudando. A distância emocional entre as duas começou a crescer, e logo a comunicação se tornou tensa.

Foi durante esse período que uma mensagem de Carolana apareceu no telefone de S/n. Carolana estava noiva de Anna, e o tom da mensagem era casual, mas para Hande, significava muito mais. Ela viu aquela mensagem sem querer, enquanto pegava o telefone de S/n para ver uma foto que tinham tirado em uma viagem. De repente, todas as inseguranças de Hande vieram à tona.

- O que Carolana quer agora?- perguntou Hande, com um tom frio e distante. S/n, sem perceber a gravidade da situação, respondeu com indiferença:

- Ela só queria me contar sobre o noivado.

Mas para Hande, a presença de Carolana era uma ameaça. Ela começou a imaginar que S/n poderia querer voltar para o primeiro amor, e isso foi o suficiente para desencadear uma série de comportamentos destrutivos. Hande se tornava cada vez mais controladora, questionando onde S/n estava e com quem passava o tempo. Ela monitorava as redes sociais, e qualquer menção de Carolana a deixava furiosa.

- Você ainda ama ela, não é? -Hande acusava, sem dar espaço para explicações.

- Hande, eu estou com você! Isso não tem nada a ver com Carol. Eu te escolhi, por favor, confie em mim.- S/n suplicava, mas nada parecia acalmar a mente perturbada de Hande.

A Hande, que antes era amorosa e gentil, começou a se tornar alguém que S/n mal reconhecia. Ela se fechava em si mesma, evitando conversas profundas e se afastando ainda mais. A frieza de Hande não era uma escolha consciente, mas uma reação à sua própria insegurança, alimentada pelo medo de perder S/n para Carolana.

Agora, meses depois, Hande estava em seu apartamento em Istambul, rolando distraída pelo Instagram, quando uma foto de S/n e Thaisa apareceu na tela. Elas estavam em algum evento, sorrindo como se nada mais no mundo importasse. Era evidente que S/n estava feliz, e isso doeu mais do que Hande gostaria de admitir.

- Eu fui uma idiota.- pensou Hande, observando a foto por mais tempo do que deveria. Ela se lembrou de como as coisas começaram a desmoronar entre ela e S/n. Se não fosse pela insegurança que sentiu ao ver aquela mensagem de Carolana, se não tivesse deixado o medo e o ciúme tomarem conta, talvez ainda estivessem juntas.
Hande deixou o telefone de lado, sentindo um peso no peito. Ela se deu conta de que foi a responsável por destruir o que tinham de mais precioso. S/n merecia mais, e ela falhou em oferecer isso.

- Agora é tarde demais.- murmurou para si mesma, sabendo que S/n estava em um lugar melhor, e que a culpa de tudo recaiu sobre suas próprias ações. O passado era apenas uma lembrança dolorosa, e ela teria que viver com isso.

Entre Cortes E Corpos (Thaísa Daher/you)Onde histórias criam vida. Descubra agora