Os próximos dias foram uma luta constante entre a raiva e a confusão. Billy começou a evitar os lugares onde sabia que poderia encontrar Stu. A escola, no entanto, era um campo minado. Cada vez que ele via Stu Macher ao longe, uma mistura de emoções tomava conta dele — raiva, desejo de vingança, e algo mais profundo e inominável. Stuart, por sua vez, parecia diferente.
Ele não provocava mais Billy da mesma maneira; ao invés disso, havia um silêncio tenso entre eles, como se ambos estivessem esperando o outro fazer o próximo movimento.
Loomis se encontrava olhando para ele de longe, tentando entender o que se passava na mente do loiro. Stu estava mais quieto, menos disposto a chamar atenção, como se estivesse lidando com seus próprios demônios. E isso irritava Billy ainda mais. A confusão era uma sensação desconhecida para ele, alguém que sempre tinha controle sobre suas emoções e decisões.
E naquela quarta-feira, Billy decidiu que já tinha esperado o suficiente. Ele precisava acabar com aquela sensação sufocante, aquela dúvida incessante que continuava a corroer sua mente. Ele precisava confrontar Stu, uma última vez, e colocar um fim naquela história.
E no final do dia, quando a escola estava praticamente vazia, eu decidi confrontar aquele rapaz. Eu sabia que Stu ficava no ginásio depois das aulas, então me dirigi para lá, decidido a acabar com aquilo de uma vez por todas. Ao me aproximar, pude ouvir o som abafado de bolas de basquete quicando no chão, misturado com o eco de passos no piso do ginásio. Quando entrei, vi Stu sozinho, jogando uma bola no aro.
Ele não me viu entrar, ou se viu, fingiu não notar. E então, a raiva que eu vinha alimentando toda a semana borbulhou na minha garganta, mas eu forcei a mim mesmo a manter a calma.
— Curtindo a solidão, Macher? - Perguntei, mas talvez aquilo pareceu cínico demais até pra ele.
Stu parou, deixando a bola rolar de volta para ele antes de se virar lentamente para me encarar. Havia algo diferente nos olhos dele, algo mais profundo do que eu havia visto antes e isso só me deixou mais irritado.
— Você não parece alguém que gosta de ficar sozinho. ‐ Continuei, me aproximando. — Então, por que diabos você parou com suas provocações? Ficou com medo?
Ele não respondeu imediatamente, apenas me observou com aquele olhar que me fazia querer socá-lo e... fazer outra coisa que eu não queria nomear.
— Talvez eu tenha decidido que já era hora de parar de brincar. - Ele finalmente disse, com uma calma que mal disfarçava a intensidade por trás de suas palavras.
— Brincar? - Repeti, com um sorriso sem humor. — Você chama de brincadeira o que fez? Passou semanas me atormentando, me testando, e agora quer agir como se nada tivesse acontecido?
Stuart comprimiu os lábios.
— Talvez para você tenha sido apenas um jogo, Loomis. Você adora estar no controle, não é? E eu... gosto de testar as pessoas. Só queria te ver perder o controle.
— Perder o controle? - Minha voz saiu firme, embora eu soubesse que ele não estava falando de controle. — Você está mais perto disso do que eu, Macher.
Stu permaneceu em silêncio, seus olhos fixos nos meus, o desafio usual ainda presente, mas havia algo mais. Algo que eu reconhecia, mas não queria admitir. A raiva dentro de mim cresceu, e antes que eu pudesse pensar, avancei sobre ele, agarrando sua camisa e o empurrando com força contra a parede. Desta vez, era concreto puro, frio e implacável.
— Eu não sou um brinquedo nas suas mãos, mano. - Minha voz saiu grave, carregada de uma fúria controlada. Talvez eu quisesse que as coisas voltassem ao que eram antes, mas eu não sabia mais como fazer isso. — Você realmente acha que pode continuar com seus joguinhos comigo? Você nem faz ideia do que está mexendo.
Stu tentou manter a fachada de calma, mas eu vi o receio surgir nos seus olhos. Mesmo assim, ele não se moveu. Ao invés disso, a intensidade em seu olhar aumentou, um brilho quase insano que misturava desafio e aquela perigosa atração que eu sabia estar lá o tempo todo.
— Eu sei exatamente o que você é capaz, Billy. - Sua voz não tremeu dessa vez, carregada de uma convicção fria. — E isso é o que me atrai. Não o controle, mas o caos que você é. E talvez eu não esteja com medo... talvez eu esteja exatamente aonde quero estar.
Minha raiva atingiu um novo pico. Eu queria esmagar aquela confiança, queria que ele entendesse o erro colossal que estava cometendo. Minhas mãos se moveram sozinhas, soltando sua camisa e subindo para seu pescoço, pressionando levemente, mas o suficiente para ele sentir o perigo real.
Stuart me encarou, surpreso, mas sem desviar o olhar. Era como se ele estivesse esperando por isso, como se soubesse que esse era o próximo passo. Mas ele não cedeu. Ficou ali, imóvel, como se cada provocação fosse parte de um plano.
— Você é um maldito lunático, Loomis. - Ele murmurou, a voz carregada de um peso que eu nunca tinha ouvido antes. Era mais que uma acusação; era uma aceitação.
Eu mantive a pressão no seu pescoço, sentindo o pulsar sob meus dedos.
— Todos nós somos um pouco loucos às vezes. - Admiti, com a voz carregada de algo sombrio, algo que apenas ele parecia conseguir despertar.
Ele respirou fundo, seus olhos escurecendo enquanto se preparava para o próximo movimento. O medo se dissolveu, dando lugar a algo muito mais profundo. Algo que eu sabia que ele entendia melhor do que eu. E então, sem qualquer aviso, ele fez o impensável.
Stu se inclinou, seus lábios encontrando os meus em um movimento preciso, deliberado. O toque foi suave, mas carregado de uma intensidade devastadora. Senti o mundo ao meu redor desmoronar, como se a realidade se despedaçasse diante daquele simples gesto.
O beijo foi curto, mais uma provocação que uma demonstração de afeto, mas o impacto reverberou dentro de mim. Eu continuei ali, meus dedos ainda em torno de seu pescoço, incapaz de processar o que havia acabado de acontecer. Stu se afastou, e o olhar em seus olhos era um misto de desafio e algo mais profundo.
— Você acha que me quebrou? - Ele sussurrou, a voz baixa, carregada de uma intensidade contida. — Talvez você tenha. Mas você também sabe que é tão fodido quanto eu.
Eu queria responder, queria dizer algo que encerrasse aquilo de uma vez por todas. Mas as palavras não vieram. Tudo o que consegui fazer foi soltar suas palavras na minha mente, e permitir que ele visse meu fracasso. Eu estava despedaçado, desarmado de uma maneira que ninguém mais conseguira. Stu havia atravessado todas as minhas defesas.
Ele me olhou por mais alguns segundos, como se esperasse alguma resposta, mas eu não consegui articular nenhuma. Eu estava perdido, afundando naquilo que ele havia desencadeado. Percebendo que não havia mais o que dizer, Stu se afastou, deixando-me sozinho, com a sombra do que tínhamos acabado de compartilhar.
Eu fiquei ali, encarando o vazio, sentindo que algo dentro de mim havia se partido de forma irreparável. Stu tinha razão. Eu estava com medo, mas não era dele. Eu estava aterrorizado por mim mesmo, pelo que aquilo significava e pelo que eu estava prestes a fazer a partir daquele momento.
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Fiksi Penggemar[✅️] " Liberte sua mente Ilumine aonde passa Veja a verdade escondida Na cortina de fumaça " Onde Stu Macher era um garoto rebelde e sempre se metia em brigas depois da escola. Ou onde Billy Loomis, líder do clube de debate, aprende uma lição com St...