LIBERTÁRIOS

till i collapse

Mas o verdadeiro ápice veio na quarta-feira, durante o intervalo.

Billy estava no corredor, tentando pegar um livro em seu armário, quando sentiu alguém se aproximar. Ele sabia quem era antes mesmo de se virar. Stu estava ali, encostado no armário ao lado, observando-o com aquele mesmo sorriso que parecia colado em seu rosto.

— O que você quer agora, Macher? - Billy perguntou, tentando manter a voz firme.

— Talvez eu só queira ver o quanto você pode aguentar antes de quebrar, Loomis.  ‐ Stu respondeu com a voz cheia de malícia.

O moreno sentiu a raiva subir novamente, aquela raiva que ele estava tentando reprimir por tanto tempo. Como podia achar que o quebraria?

Antes que pudesse se conter, ele empurrou Stu com força contra o armário.

O impacto reverberou tanto na estrutura quanto dentro de mim. Stu, que até então parecia sempre confiante, olhou para mim com um misto de surpresa e, pela primeira vez, uma centelha de medo. Era como se, naquele momento, ele tivesse percebido que havia ido longe demais, que havia cruzado a linha.

Eu me aproximei mais, invadindo o espaço dele enquanto deixava meu rosto a poucos centímetros do seu. O corredor estava deserto, os sons abafados dos outros alunos pareciam distantes, como se estivéssemos isolados em nosso próprio mundo repleto de tensão.

— Eu te disse pra você parar. - Falei com uma voz baixa, mas carregada de uma ameaça implícita.  — Acha que pode continuar jogando esse jogo estúpido comigo sem sofrer as consequências? Que tipo de garotinho mimado é você, cacete?!

Stu tentou manter o sorriso, mas eu podia ver que ele estava abalado. Ele engoliu em seco, e por um breve momento, eu vi o brilho do pânico em seus olhos. Eu estava tão perto que podia sentir sua respiração acelerada contra minha pele, e aquela proximidade me fez perceber algo que eu não queria admitir: apesar de todo o meu ódio por Stu, havia algo mais ali, algo que eu não conseguia identificar.

Puxei o canivete que sempre carregava comigo e a pressionei contra o armário, ao lado do rosto dele. O som da lâmina raspando no metal deu eco no corredor, e a respiração de Stu ficou ainda mais rápida. Estava com medo e era exatamente isso que eu queria. Eu queria que ele soubesse que estava lidando com algo que não podia controlar.

— Se você quer brincar, tem que estar à altura.

Stu olhou para a lâmina, seus olhos arregalados. Mas, em vez de ceder, ele fez algo que eu jamais teria previsto. Em um movimento rápido e inesperado, ele agarrou minha camisa com as duas mãos, me puxando para mais perto. Antes que eu pudesse reagir, senti os lábios dele contra os meus, quentes e firmes, em um beijo que foi tanto uma provocação quanto uma rendição.

Por um segundo, meu mundo parou. Todos os meus pensamentos e planos se desfizeram em uma confusão de emoções. Eu podia sentir o coração de Stu batendo contra meu peito, tão acelerado quanto o meu. A faca ainda estava pressionada contra o armário, mas a força com que eu a segurava diminuiu.

Stu se afastou rapidamente, como se tivesse medo do que acabara de fazer, mas seus olhos ainda estavam fixos nos meus, pareviam desafiadores e vulneráveis ao mesmo tempo.

— Você está louco.. - Afirmei num sussurro, sentindo minha voz falhando pela primeira vez.

O loiro respirou fundo, e eu percebi que ele estava tremendo ligeiramente.

— Talvez,  - Ele respondeu, sua voz hesitante, mas ainda carregada daquele tom provocativo. — Ou talvez você precise de alguém que tenha coragem de fazer o que ninguém mais faria.

Eu não sabia o que dizer. Minhas mãos estavam suando, e o peso da faca em minha mão parecia mais leve, menos ameaçador. Deveria estar furioso, deveria ter empurrado Stu para longe e gritado com ele por ter cruzado uma linha. Mas, em vez disso, tudo o que eu sentia era confusão.