Capítulo 29 - O reencontro

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JAMES SPILBERG

Meu dia foi péssimo, decidi ir para a faculdade mais cedo para esvaziar a cabeça.Eu caminhava pelo campus da universidade, perdido em meus próprios pensamentos. A conversa com adam ainda ecoava na minha cabeça como um sino que não para de badalar. A manhã estava ensolarada, mas parecia nublada para mim. Cada passo que eu dava parecia mais pesado que o último, como se estivesse arrastando todo o peso do meu coração pelo chão. Eu precisava de uma distração, algo que me tirasse daquela confusão interna.

O celular vibrou no meu bolso, tirando-me dos pensamentos. Atendi sem olhar para o identificador de chamadas, esperando que fosse algo que me desviasse da loucura que minha mente estava se tornando.

— Alô? — disse, tentando não soar tão abatido.

— James? É a Emily. Podemos nos encontrar? Estou no jardim perto do prédio de veterinária. — a voz dela era um alívio, como uma brisa suave em um dia quente. Emily Wilson. Minha ex-namorada. Fazia meses desde o término, mas ouvir a voz dela ainda me trazia uma sensação estranha de conforto e dor ao mesmo tempo.

— Claro, Emily. Já estou indo. — respondi rapidamente, desligando o telefone.

Quando cheguei ao jardim, vi Emily sentada em um banco de pedra, um livro de anatomia animal ao lado dela. Ela parecia imersa nos estudos, mas assim que me viu, um sorriso genuíno apareceu em seu rosto. Aquele sorriso... sempre me desarmou.

— Ei, James. — ela disse, levantando-se para me dar um abraço.

— Oi, Em. — respondi, aceitando o abraço, sentindo o cheiro familiar de lavanda em seu cabelo. Por um momento, eu senti como se estivesse em casa. Como se o mundo estivesse certo novamente.

Sentamos no banco em silêncio, o tipo de silêncio que só é confortável com alguém que conhece você profundamente. Os sons ao redor—pássaros cantando, o vento soprando as folhas—de repente se tornaram quase um ruído de fundo calmante.

— Como você tem estado? — ela perguntou finalmente, virando-se para me olhar, os olhos cheios de preocupação.

Eu suspirei, passando a mão pelo rosto.

— Confuso, Em. Muito confuso. — admiti, tentando dar um sorriso que não saía naturalmente. — E você?

— Estou bem. As aulas de veterinária estão intensas, mas estou gostando. — respondeu ela, com aquele brilho nos olhos que sempre admirei. Emily estava exatamente onde queria estar, fazendo o que amava.

Assenti, tentando me sentir feliz por ela, mas minha mente estava em outro lugar. Estava em Beatrice. Estava em James. Estava na confusão que era a minha vida agora.

— Posso te perguntar uma coisa? — perguntei de repente, sentindo a necessidade de desabafar com alguém que não estivesse diretamente envolvido.

— Claro, James. Você sabe que pode. — ela respondeu, sua voz cheia de compreensão.

Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos.

— Você já se sentiu preso entre o que acha que deve fazer e o que realmente quer fazer? — perguntei, sentindo a frustração pesar em cada palavra.

Emily me olhou por um momento, ponderando minha pergunta.

— Muitas vezes. Acho que todos nós já sentimos isso em algum momento. — ela respondeu com honestidade. — Por que você está perguntando?

Eu hesitei. Parte de mim não queria falar sobre isso, mas outra parte sabia que eu precisava. Precisava de clareza, de alguém que pudesse me ajudar a ver o que eu não estava enxergando.

— Tem uma garota... — comecei, vendo uma leve mudança na expressão de Emily, mas ela não disse nada, apenas esperou. — Eu gosto dela, Em. Acho que estou apaixonado por ela. Mas tem um problema... ela é a "namorada" do Adam.

Emily franziu a testa, claramente tentando entender o que eu estava dizendo.

— E o que você sente, James? — ela perguntou finalmente. — O que você realmente sente?

Eu abaixei a cabeça, sentindo meu coração bater forte.

— Eu a amo, Emily. Acho que amo. E dói saber que talvez ela nunca me veja da mesma forma, ou que possa acabar escolhendo ele. Mas também não quero ser o cara que arruina a felicidade do meu amigo. — falei, minha voz quase um sussurro.

Emily suspirou, olhando para o horizonte.

— Sabe, James, é muito ruim quando um ser humano priva o outro de ter um amor verdadeiro puro.

— Exatamente! Por isso eu abri mão dela. Ela merece alguém melhor.

- Mas a pior coisa que um ser humano pode fazer, é privar ele mesmo de ter um amor verdadeiro e puro por não se achar merecedor.

Eu a olhei, surpreso com sua sinceridade. Ela sempre teve uma maneira de dizer a coisa certa, mesmo quando eu não queria ouvir.

— E se eu acabar perdendo os dois? — perguntei, minha voz saindo mais vulnerável do que eu pretendia.

Emily sorriu suavemente e colocou a mão sobre a minha.

— Você nunca vai saber se não tentar. E às vezes, arriscar tudo é o único jeito de conseguir algo que realmente valha a pena. — ela disse.

Senti um nó na garganta, mas assenti. Talvez ela estivesse certa. Talvez eu precisasse parar de me esconder atrás de desculpas e realmente lutar pelo que queria.

— Obrigado, Em. — falei, apertando a mão dela, sentindo uma onda de gratidão.

Ela me devolveu o sorriso.

— Você sempre foi um dos melhores homens que conheci, James. Nunca duvide disso. E se precisar de alguém para conversar, você sabe onde me encontrar. — ela disse, levantando-se.

Fiquei ali sentado, assistindo ela se afastar, sentindo uma mistura de alívio e medo.

E por incrível que pareça, eu ainda fico com medo da minha futura decisão.

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Aiai essa Em... Uma diva de poucas palavras!

Oque vocês acham que James vai fazer???

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