Capítulo 8

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Depois de sair da casa de Brian, ele me levou até o meu apartamento onde eu fiz minhas malas, deixei a chave do ap debaixo do tapete para que a diarista pudesse entrar e limpar aquele lugar e fui até o meu carro.

Passei quase duas horas dirigindo até a porta da minha casa em Pasadena, eu não avisei nenhum dos dois que eu estaria chegando.

Já era tarde da noite e provavelmente estavam dormindo, mas quando eu toquei a campainha e papai abriu a porta eu finalmente me senti livre.

- Papai. - Disse com a voz emotiva abraçando o pescoço dele - Eu te amo tanto, obrigada por me amar.

- Meu tesourinho, eu te amo tanto que chega a doer.

Quando percebi estava no colo dele no sofá de casa como uma criança, papai havia me carregado até o sofá como se eu tivesse cinco anos de idade.

Quando mamãe apareceu na sala ela não questionou, apenas sentou ao nosso lado e me abraçou junto do papai.

- Eu sou uma péssima filha. - Eu disse entre lágrimas escondendo meu rosto de vergonha na curva do pescoço do meu pai.

- Não importa o que faça, você nunca vai ser uma péssima filha. - Mamãe disse beijando minha cabeça - Isso é assunto para amanhã.

- Vamos deitar, amanhã cedo depois que suas irmãs estiverem na escola nós conversamos. - Papai concordou acariciando minhas costas - Quer dormir conosco? Compramos uma cama maior ainda, cabe nós três tranquilamente.

- Isso, você está precisando do carinho da mamãe e do papai. - Ela riu acariciando meus cabelos.

Então nos braços da mamãe e do papai eu dormi, como se eu fosse novamente uma criança com medo do escuro. Mas agora os meus medos eram piores.

Eu acordei no dia seguinte com a Nancy e com a Audrey falando alto, brigando por causa de um acessório de cabelo vermelha. Eu realmente estava em casa.

- Meninas, falem baixo, a Harper ainda está dormindo. - Escutei papai falando antes de virar o seu jornal como fazia toda manhã.

- A Baba está aqui? - A voz de Audrey se aproximou do quarto onde eu estava - Mas ela não está no quarto dela.

- Ela deve estar no quarto da mamãe e do papai, sua cabeçuda. - Nancy respondeu, sua voz ainda era distante e parecia estar com a boca cheia. Deveria estar comendo sua torrada com manteiga igual todas as manhãs.

Antes que eu pudesse cobrir meu rosto, Audrey abriu com força a porta do quarto dos nossos pais e pulou encima de mim com aquele uniforme de colégio que eu usei até os meus doze anos de idade.

Nancy e Audrey estudavam em um colégio católico em Pasadena, o melhor colégio da cidade. O uniforme era uma blusa social branca, uma gravata azul marinho e uma saia na altura do joelho da mesma cor. Mas Audrey levantava a saia só um pouquinho, sempre foi o jeito dela. Naquele colégio os Mosby's também estudavam, iam juntos de ônibus que a escola enviava para lá.

Aos 13 anos comecei a frequentar a escola pública porque não parava em casa, eles eram mais flexíveis com a minha carreira de atriz lá em Los Angeles.

- Bom dia Baba! - Ela gritou beijando meu rosto, estava com cheiro de pasta de dente misturada com perfume - Fico tão feliz que esteja em casa.

- Bom dia Bibi. - Disse ainda sonolenta abraçando a minha irmã de treze anos de idade - Como está minha caçulinha?

- Bem, a Cici pegou meu acessório de cabelo mas tirando isso estou ótima. - Levantou-se ao escutar mamãe gritar para não amarrotar a blusa - Vai voltar pra Los Angeles quando?

A Misteriosa Vida de Harper YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora