Capítulo 10

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1994

Os primeiros meses do ano de 1994 se tornaram os meses mais difíceis pra mim. Em janeiro fui internada anonimamente em uma clínica de reabilitação por não estar conseguindo me manter saudável, não foi uma experiência muito legal mas também não foi pior que perder o amor da minha vida.

Um dia antes do meu aniversário eu tive alta, estava a dois meses limpa da cocaína. Felizmente, graças a influência de meu pai, nenhum paparazzi chegou perto do hospital na minha saída.

No dia 21 de março eu decidi ficar em casa ao invés de ir para a premiação, não me sentia segura e nem um pouco confortável em ir para Los Angeles. Também não estava confiante que ganharia.

Então estavam eu, meu pai, minha mãe e minhas irmãs sentadas no sofá de casa assistindo a cerimônia com um balde de pipoca.

- Olha eles vão anunciar a vencedora do prêmio de melhor atriz coadjuvante! - Nancy anunciou apontando para a televisão.

- Ai deixa eu filmar! - Audrey ligou sua filmadora que tinha ganho de aniversário no ano anterior - Será que a Baba vai ganhar?

Eu estava em silêncio, de olhos fechados, com o coração batendo mais rápido do que o normal. A ansiedade de saber se eu era boa o suficiente, se eu merecia aquele prêmio, percorria meu corpo.

- E a vendedora do prêmio de melhor atriz coadjuvante vai para... - Todos estavam em silêncio, minha mãe segurava minha mão para que eu entendesse que independente do resultado eu sou suficiente - Harper Young no papel de Louisa em "Todos menos nós"!

Eu não acreditava no que estava escutando, eu não conseguia abrir os olhos e só sentia todos me abraçando. Mamãe estava emocionada, papai chacoalhava meus ombros super empolgado, Nancy pulava enquanto atendia o telefone falando com a tia Mary e Audrey gritava com a câmera na minha cara.

Eu consegui. Tinha me tornado uma atriz premiada pelo maior prêmio de cinema do mundo.

Aquilo mostrava que eu era boa e não precisei dormir com nenhum diretor pra chegar até ali. A minha vida estava começando a fazer sentido novamente.

No meio da madrugada fui até a cozinha para pegar um copo d'água, mas quando voltava para meu quarto i telefone tocou e um pouco assustada o atendi.

- Alô? - Perguntei deixando o copo meio cheio encima da mesa.

- É a casa da família Young?

- Sim, aqui é a Harper falando. Quem é? - Cruzei os braços olhando para a porta de vidro que levava para o jardim.

- Eu gostaria de saber a resposta da minha pergunta, como se sente sendo ganhadora do prêmio de melhor atriz coadjuvante? - Eu reconheci aquela risada. Era impossível não reconhecer.

- John! - Pareci mais empolgada do que deveria - Respondendo sua pergunta, me sinto ótima!

- Eu estava torcendo por você, Harper.

- Obrigada John. - Olhei para o copo de água em silêncio - Como conseguiu o número da minha casa aqui em Pasadena?

- Lista telefônica estadual.

- Faz sentido. - Me sentei no sofá.

- Como você está, Happy? - Ele tinha me dado um apelido, ele estava me chamando de felicidade - Fiquei preocupado com o seu sumiço.

- Estou bem melhor agora, Johny. - Agora eu tinha dado-o um apelido - Precisava me cuidar e a minha família cuidou de mim.

- Fico feliz. Quando voltar para Los Angeles me telefone.

A Misteriosa Vida de Harper YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora