Capítulo 18

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Março de 2002, era aniversário de um ano de Brooke. Fazia um ano que aquela menina entrou em nossas vidas nos trazendo alegria em dias cinzentos.

Como o aniversário todos os nossos aniversários de um ano, a comemoração foi no quintal de casa em Pasadena. A decoração estava linda, mamãe e papai babavam encima da neta e eu olhava para minhas irmãs conversando enquanto bebiam um pouco de refrigerante.

Ao ouvir a campainha tocar, fui até a porta e a abri. Como eu me arrependo de ter feito isso naquela tarde.

- Filha... - Brian O'Connor estava em minha porta, não o meu irmão, mas o pai dele.

- Quem é você? - Fingi que não o conhecia, apesar de estar visivelmente abalada.

- Brian O'Connor, seu pai.

- Você não é meu pai. - Fui para o lado de fora fechando a porta atrás de mim - Meu pai é Patrick Young.

- Eu sei que sabes que Júnior é seu irmão, não se faça de boba minha filha. - Ele tentou me abraçar mas eu desviei.

- Chamo Brian de meu irmão porque somos amigos, ele me ajudou a me tirar do fundo do poço. - Coloquei a mão em seu peitoral afastando-o.

- Eu sou seu pai.

- Não é! - Afastei-o com um empurrão - O senhor nunca foi o meu pai e nunca será. Meu pai é o Patrick e ponto final.

- Respeite seu pai! - Aumentando seu tom de voz, Brian se aproximou de mim brutalmente.

Como um super-herói, John apareceu do outro lado da calçada acompanhado de meu irmão. Ele largou as sacolas no chão e correu até mim empurrando Brian para o chão.

- Ninguém encosta na minha mulher. - Gritou apontando para a cara dele.

- Pai, sai daqui. - Meu irmão gritou com as sacolas na mão.

- Seu ingrato! Vai ficar do lado da sua irmãzinha? Do lado da Jane? - Ele me olhou de cima a baixo após se levantar - Realmente não pode ser minha filha, feia desse jeito, você é a cara do Patrick.

- Isso para mim é um elogio. - Respondi abraçando meu marido.

- Eu sempre achei que fosse minha filha, mas pelo visto realmente é cria daquela piranha da Jane e do vagabundo do Patrick! - Gritou apontando para a porta - E você, Harper, se casou com um diretor de cinema! Você não passa de uma piranha igual a sua mãe.

John nunca foi agressivo, mas naquele dia eu o vi transformado. Ele me colocou para trás, puxou a gola de Brian e deu-o um soco no meio da rua deixando-o cambaleando.

Meu irmão me abraçou enquanto meu marido descia a mão no homem de cabelos grisalhos que além de me ofender, ofendeu meus pais.

- Ninguém fala da minha esposa e da família dela dessa forma! - John gritou empurrando-o - Nunca mais apareça aqui. Seu merda!

Ao olhar para o lado vi minha mãe, meu pai, minha madrinha e padrinho de braços cruzados observando a cena. Audrey e Nancy estavam com Brooke no lado de dentro, poupando minha filha daquela cena.

- Seu traidor! - Gritou apontando para o próprio filho.

Assim que Brian foi embora, meu irmão soltou-me e eu fui correndo para os braços de John como uma adolescente. Seus beijos desesperados em minha cabeça diziam tudo, ele fez o que fez por amor.

- Senhor e senhora Young, me perdoem por essa cena ridícula. - Ele parecia envergonhado mas não arrependido.

- Você fez o que eu deveria ter feito em 1979. - Papai olhou para a mamãe - Janie...

- Rick...

Era só o que falavam, os nomes um do outro, não precisavam expressar em palavras os pensamentos porque sabiam exatamente o que pensavam.

- Seu marido foi uma ótima aquisição para a família. - Tia Mary riu encostando a cabeça no braço do tio Luke.

- Happy, acho melhor você apresentar o Bri. - John me entregou para meu irmão - Ele foi contra o próprio pai para te defender.

Assentindo com a cabeça caminhei até minha mãe de mãos dadas com meu irmão mais velho. Pela face de mamãe ela sabia exatamente quem ele era.

- Mamãe, esse é o Brian Júnior, seu sobrinho.

- Senhora Young. - Seu sorriso era sem graça.

Mamãe não falou nada, apenas abraçou Brian que definitivamente não esperava por aquilo.

Mais tarde naquele mesmo dia, sentados no quarto, que foi reformado para um de casal, onde eu passei minha infância e adolescência, eu olhava para John que ninava Brooke em seu peitoral nu.

- BrooBroo tem muita sorte em te ter como pai e eu tenho muita sorte em te ter como marido. - Olhei para a pequena em seu colo - Gosto de vê-la dormir pacificamente em seu colo.

- A Brooke é a minha vida. - Ele olhava-me nos olhos - É como você, não consigo pensar em viver a minha vida sem você ao meu lado.

- O que quer dizer com isso? - Perguntei vendo-o colocar nossa filha no berço.

- Que eu torço para morrer antes de você para que eu não viva em um mundo sem você. - Ficou em pé à minha frente - Eu sou seu.

- Eu sou sua. - Sua mão que acariciava meu rosto agora estava em minha nuca - Vou pedir para a Nancy cuidar da Brooke hoje.

- Por que?

- Desde hoje a tarde estou me controlando para não pular encima de você. - Sussurrei levantando-me devagar acariciando seu corpo quente.

- Então depois que colocar nossa bebê para dormir com a titia, eu quero que não se controle. Vamos nos amar como se fosse a última noite.

A Misteriosa Vida de Harper YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora