Capítulo 7|Queime

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𝐌𝐞𝐠𝐚𝐧 𝐖𝐚𝐥𝐥𝐚𝐜𝐞

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𝐌𝐞𝐠𝐚𝐧 𝐖𝐚𝐥𝐥𝐚𝐜𝐞

Crônicas 33:6"Ele praticou feitiçarias e adivinhações e consultou médiuns e espíritos, provocando a ira do Senhor."

✞︎

O barulho do despertador preencheu o quarto, fazendo ecoar um som estridente.
Com um movimento automático, estendi o braço para desligá-lo, sentindo um leve desconforto ao perceber que marcava 1:00 da manhã.

Um calafrio percorreu minha espinha. Não lembro de ter programado o alarme para essa hora.

Levanto-me da cama, ainda meio confusa, e sinto minha garganta seca. Preciso de água. Estico a mão para pegar a garrafa ao lado da cama, mas ela está vazia. Suspiro, frustrada.

Odeio ir na cozinha à noite

Meus pés descalços tocam o chão de madeira frio, enviando um arrepio desagradável pela minha espinha.

Desço as escadas com cuidado, tentando fazer o mínimo de barulho possível

Todas as luzes deveriam estar apagadas, mas a última porta no final, a do escritório do pastor, estava entreaberta e um feixe de luz escapava por ela

Com passos leves ando até a porta, vou desligar a lâmpada quando vejo papai, de costas para mim, ao telefone.

- Levem para o mesmo lugar de sempre, já estou a caminho, preparem tudo para a purificação - Observo papai de costas olhando pra janela do seu escritório

- Não me importo se ele está chorando, ele tem sangue de demônio, não se esqueçam disso, Eu sou escolhido por Deus pra purificar cada pedaço dessa cidade !

Minhas pernas quase falham ao ouvir isso. Purificar? Sangue de demônio? As palavras ressoam na minha cabeça como um pesadelo. O que você vai fazer ? Quem ele está falando que tem sangue de demônio?

Não, não, por favor, que não seja o que eu estou pensando

Pelo vidro da janela posso ver Papai com um sorriso perturbar,ele desligar o telefone e caminhar até um armário no canto do escritório, um que sempre esteve trancado.

Ele tira uma chave do bolso e abre o armário. O que vejo lá dentro me deixa sem fôlego.

Um crânio de cervo, velas negras, símbolos estranhos, e um livro antigo, com uma capa de couro marcada por um pentagrama

Dou um passo para trás
Me escondo atrás de uma pequena mesa ao lado, tentando controlar a respiração. Meu coração está tão acelerado que parece que vai explodir.

Minhas mãos tremem quando ouço os passos do meu pai saindo do escritório.

Ele passa por mim sem perceber, e eu fico paralisada até ouvir a porta da cozinha se fechar. Somente então, forço-me a me mover

Vou até a janela e vejo as luzes do carro do meu pai se afastando.

Sem pensar, pego as chaves da minha caminhonete e corro para segui-lo.

Dirijo na escuridão, seguindo as luzes traseiras do carro dele à distância, meu corpo tenso, cada parte de mim em alerta.

Depois de algum tempo, ele vira para uma estrada de terra que leva a uma clareira escondida na floresta.

Desligo os faróis e estaciono atrás de algumas árvores, saindo do carro tão silenciosamente quanto posso.

Meu pai seguia um caminho iluminado por tochas até o centro de um círculo, onde uma pessoa estava amarrada, se debatendo em puro terror.

Meu coração acelerou ao ver a cena. Mantive-me afastada
O pastor começou a recitar palavras em uma língua que eu não compreendia, o som misturando-se com os soluços desesperados da pessoa amarrada.

Vejo quando o meu pai pegar um faca

Um estalo alto me faz congelar. Olho para baixo e vejo que pisei num galho seco

O pastor virou a cabeça na minha direção, e seus olhos... estavam completamente negros.

Eu preciso sair daqui

Sem pensar, comecei a correr o mais rápido que consegui, meus pés descalços se machucando no chão áspero da floresta.

Ouvi um grito às minhas costas, o que me fez acelerar ainda mais.

Olhei para trás, mas não vi nada.

Meu corpo bate contra o de alguém, tento fugir, mas algo segurou meu braço.

- Por favor, me larga - implorei, sentindo o aperto diminuir.

- Pare de fugir querida -


A voz grave ecoa na escuridão

Levanto meu rosto mas não consigo ver quem é está escuro demais

- Você precisa acordar só você pode ajudá-lo-

A voz continuou, enquanto dedos ásperos enxugavam minhas lágrimas, que eu nem havia percebido que estavam caindo.

- Vai doer querida, vai ser a sua destruição, mas os demônios estão aqui não no inferno é eles querem você.

- Me solta, me deixa ir por favor

- Corra rápido, ele quer você agora

Ele diz enquanto solta o meu braço, corri, continuei correndo, com a respiração acelerada e a adrenalina pulsando nas minhas veias.

"Não olhe para trás", repeti para mim mesma, forçando meus pés doloridos a continuar.

Finalmente, exausta, parei por um segundo para respirar.

- Achei você - disse uma voz atrás de mim.
Virei o rosto, apenas para ser atingida por algo.

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