Valentina Albuquerque
Normalmente eu não bebo em dias de semana. Normalmente eu evite sair em dias de semana. Mas ontem, em plena terça-feira, uma amiga que estava fazendo aniversário me implorou para que eu reservasse pra ela uma das áreas da Stones pra que ela comemorasse o aniversário, e ela ela é filha de um dos deputados mais influentes de Floripa, que é amigo amigo próximo do meu pai, eu até cogitei negar o pedido, mas eu sabia que isso chegaria até o meu pai e que de alguma forma, ele me faria ceder. Diante disso, liberei o espaço e então, desde o sábado que passou eu estava feito louca organizando com a Céline uma festa de aniversário de última hora.
Na segunda-feira tudo já estava devidamente organizado. Eu reclamo mas gosto de viver a minha vida nesse ritmo frenético. E sim, ainda preciso de uma assistente. Não. Ainda não tive tempo de olhar os currículos, mas farei isso em breve, quem sabe amanhã antes da viagem.
A Céline é aquele tipo de amiga rica e fútil que quase todo mundo tem. Eu mesmo só tenho ela, não aguentaria duas nem fodendo. Futilidade me deixa ensgasturada. Gente sem propósito de vida e que só pensa em curtição e gastação de grana (que nem sua é) não é muito o meu forte. Mas ela é legal, tem um coração bondoso, isso que salva e me ganha. O problema maior da Céline é que uma única vez em que eu estava completamente fora de mim, cai na besteira de dar uns beijos bem dado nela. Pronto, foi o suficiente pra nunca mais ela esquecer que esse fato existiu e depois disso, toda e qualquer oportunidade ela tá tentando um flashback. Eu já perdi as contas de quantas vezes eu já expliquei pra ela que não vai rolar, mas não adianta, ela realmente acredita na mente fantasiosa dela que um dia vai rolar novamente.
Não. Não vai rolar novamente.
Quando eu acordei e tive a infeliz ideia de abrir os meus olhos, minha cabeça gritou em volume máximo. Puta que pariu. Que dor de cabeça do caralho. O que porra você tomou ontem, Valentina?
Estiquei o braço e num gesto totalmente veloz, alcancei o celular na cabeceira da cama que despertava de forma incansável. Maldita função do iphone, o despertador não para nunca. Peguei o aparelho e ainda com dificuldade, voltei a abrir os meus olhos pra enxergar que horas marcava no relógio, 8:00 em ponto. Óbvio, é terça, Valentina, que horas você esperava que seu despertador fosse tocar?
Abri a minha agenda e me arrependi amargamente por cada gota de álcool que coloquei em meu organismo ontem. Maravilha. Cinco reuniões inadiáveis durante todo o dia. Eu que lide com isso. De ressaca ainda mais.
Levantei ainda que me corpo implorasse para que eu continuasse na cama e corri para minha suíte. Meus poros exalavam álcool e eu precisava, de alguma forma, fazer com que isso parasse.
A minha primeira reunião, que é as 10:00 da manhã, é com o meu pai e o filho insuportável do governador do estado. Um mauricinho fodido que tem insistido a todo e qualquer custo em alugar a Stones por um final de semana inteiro. Segundo ele, na sexta é aniversário dele e no sábado ele tem a pretenção de pedir a namorada em casamento, então gostaria de fazer os eventos na casa, inclusive gostaria da minha presença no local.
Eu sou o que? Algum tipo de celebridade e esqueceram de me avisar?
NEM FODENDO.
Avisei para o papai que iria ouvir a proposta dele mas que a minha presença não era negociável. Eu não estaria presente numa festa de alguém que não conheço por puro capricho de um filhinho de papai de merda. Ele que se foda, comigo não.
Tomei um bom banho demorado, sequei o cabelo e em exatos 50 minutos eu me tornei uma nova mulher. Uma maquiagem suave no rosto, um conjunto de calça e blaser cinzas e com uma regata branca básica embaixo. Nos pés, claro, o tênis branco de sempre.
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Perdição
Hayran KurguValentina Albuquerque nunca desejou um amor e sempre fugiu dele. Luiza Campos tinha certeza ter encontrado, o que nenhuma das duas poderia prever, é que o amor chega sem aviso prévio. No auge dos seus 27 anos, Valentina leva uma vida livre e totalm...