A luz fria do presídio iluminava o salão de visitas, criando sombras longas e pesadas que pareciam engolir os poucos sorrisos que ali se encontravam. Pavel entrou, a expressão marcada pela dor e pela raiva, enquanto seus olhos fixavam Tabor do outro lado da mesa. O ex-namorado de sua filha, olhava para ele com um misto de culpa e desespero.
—Você!—Pavel começou, a voz tremendo.—Você é o responsável por tudo isso! Por que Halina teve que morrer? Por que você não a protegeu e decidiu matá-la ?
Tabor baixou a cabeça, as mãos trêmulas entrelaçadas à sua frente. A angústia em seu olhar revelava um tormento que parecia consumir sua alma.
—Pavel,eu... eu não queria que as coisas terminassem assim. Eu amava Halina.Eu não a matei ,precisa acreditar em mim.—ele respondeu com dificuldade, cada palavra saindo como se estivesse arrastando pedras.
—Amava? E isso muda alguma coisa?—Pavel disparou, a mágoa transbordando em seu tom. —Seu "amor" custou a vida dela! Você era tudo o que ela tinha e mesmo assim a matou cruelmente.
Tabor fechou os olhos por um momento, lembrando-se dos momentos felizes que tiveram juntos, das promessas feitas sob as estrelas. Mas agora, essas memórias eram como facas cravadas em seu coração.
—Eu não sou culpado...—ele começou, mas a voz falhou.
—Não se faça de vítima!— Pavel interrompeu, as palavras saindo como um grito abafado.—Você foi condenado por suas escolhas! Vai passar Trinta anos nessa prisão e ainda assim não consegue assumir a responsabilidade pela morte dela?
Tabor sentiu o peso das palavras como uma carga insuportável. Ele sempre soube que era culpado; a condenação não era apenas legal, mas moral. A dor da perda de Halina o acompanhava como uma sombra constante.
—Eu não posso mudar o passado...—Tabor murmurou, sua voz quase um sussurro.—A morte dela me abalou mais do que você imagina. Não há dia em que eu não pense nela.
Pavel olhou para Tabor com desprezo, mas dentro dele havia uma centelha de compaixão sufocada pela raiva. Ele queria ver Tabor sofrer tanto quanto ele estava sofrendo.
—Pois deveria sofrer! Ela tinha uma vida inteira pela frente. E agora? Agora você está aqui, vivendo com essa culpa enquanto ela está morta!
Tabor ergueu os olhos, encontrando o olhar furioso de Pavel. Um silêncio pesado caiu entre eles, enquanto ambos lutavam contra os próprios sentimentos.
—Eu não sei como viver com isso...—Tabor finalmente disse, a sinceridade fazendo sua voz falhar novamente.— Mas eu sei que nunca poderei me perdoar.
Pavel sentiu uma onda de emoções conflitantes: raiva, tristeza e até mesmo uma pontada de empatia pelo homem à sua frente. Mas a dor pela perda da filha ainda era forte demais para permitir qualquer tipo de perdão.
—Você pode viver por trinta anos nessa prisão... mas Halina... ela nunca terá outra chance —Pavel concluiu, levantando-se abruptamente e deixando Tabor sozinho na mesa.
Tabor ficou ali sentado, sentindo o vazio ao seu redor se expandir como um abismo sem fim. A dor da perda e da culpa pesava sobre ele como correntes invisíveis que o prendiam àquele lugar escuro.
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O Véu da Violência +18
RomanceDilara kurt cresceu no interior de Ancara, onde a vida era marcada pela simplicidade e pelo trabalho duro. Desde jovem, ela e sua família serviram na opulenta mansão dos Karadeniz, uma família poderosa e temida. Noiva de um jovem que a amava, Dilara...