19: A Tempestade (2194k)

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Lev tinha trazido um par de binóculos que os seis volta e meia se revezavam a olhar. Quando eles finalmente entregaram o objeto para o menino de novo, ele disse: — Vou dar uma olhada melhor. — O garoto o pendurou no pescoço e começou a subir a escada até o ninho de corvo.

De lá, levantou o binóculo até os olhos novamente e olhou em volta à procura das baleias. Enquanto fazia isso, notou que o céu ao longe estava escuro com nuvens de tempestade. Então, ele caminhou agilmente de volta ao convés.

— Há uma tempestade chegando! — Afirmou aos outros com preocupação.

— Deixe-me ver — pediu Abby, ao estender a mão para o binóculo. Ela olhou através do objeto e viu o que Lev tinha visualizado. — Merda. Ele tem razão.

— Talvez isso se dissipe antes de chegar até nós — sugeriu Delaney, numa tentativa de soar esperançosa.

— Duvido que tenhamos tão boa sorte. Parece muito ruim. Precisamos nos preparar o mais rapidamente que conseguirmos pra que não sejamos pegos desprevenidos.

De olho na tempestade distante, o esquadrão iniciou a tarefa de se preparar para o pior. Sempre sob a orientação da loira, que tinha inegável experiência nesse tipo de situação, baixaram as velas, colocaram tudo o que era importante no bote salva-vidas e armazenaram todos os suprimentos que gostariam de levar em suas mochilas, caso acabassem por precisar abandonar o navio às pressas. Os seis recém tinham terminado, quando escutaram o primeiro estrondo do trovão.

Pouco tempo depois, os ventos começaram a aumentar e o mar de repente ficou extremamente agitado e imprevisível. O barco balançava para cima e para baixo, para a frente e para trás, enquanto era sacudido pelo incrível poder das ondas. Logo o céu acima e ao redor deles estava preto com nuvens de uma típica tempestade, no entanto de repente os céus se abriram e a chuva começou a cair como se estivessem no fundo de uma cachoeira. A violência das ondas parecia aumentar a cada minuto, forçando todas as pessoas no barco a se agarrarem às superfícies para evitar serem arremessadas.

Encolhida no convés, a mais alta pegou Lev em seus braços quando percebeu que ele tremia de medo. — Está tudo bem — murmurou para o menino. — Nós vamos ficar bem. — Garantiu.

— Como você sabe disso? — Ele questionou, com os dentes batendo de pavor.

— Porque ontem, quando tava olhando pro oceano, vi o futuro. Eu vi que vamos chegar a Tabatinga, vamos encontrar os esporos originais, vamos regressar pra casa, e então nós dois e o restante do pessoal vamos tomar a vacina e morrer de velhice. É assim que eu sei que vai ser. Não há como essa tempestade nos parar. Nada está nos impedindo, lembra-se?

— Nada está nos parando — repetiu Lev, parecia tirar coragem da declaração que havia acabado de escutar.

No intuito de se distrair de seu próprio medo, Ellie, por sua vez, pegou seu diário e um lápis. Ela descobriu que, se o mantivesse perto do peito ainda poderia desenhar, apesar do constante balanço da embarcação.

Quando olhou ao redor em busca de um assunto que pudesse reproduzir, havia apenas uma coisa ao seu redor que tinha algum desejo de se recordar. Ao observá-los com o canto do olho, esboçou a maneira afetuosa com qual Abby segurava o menino, uma mão na parte de trás de sua cabeça para mantê-lo pressionado contra seu peito. Ela se esforçou ao máximo para capturar a expressão no rosto da soldado, os olhos fechados, a testa franzida, o vinco entre as sobrancelhas. Em seguida tentou reproduzir o ar de proteção, do jeito que a mais alta claramente não estava com medo por si mesma, apenas por Lev. Ellie traçou com cuidado e com calma cada detalhe; puxou os braços de Abby enquanto envolviam Lev, sombreava os músculos bem definidos, mostrava a forma que ela o segurava com tanta força, tão ativamente, que todos esses músculos estavam flexionados com o esforço.

Fight The Fungus - The Last Of Us - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora