Capítulo 2

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- Posso ajudar? - Perguntou confusa.

Eu não sabia o que fazer, estava ali de frente a amante do meu marido. Eu queria sair correndo, não olhar para trás e esquecer tudo, que tolice ter vindo aqui. Eu estava tão nervosa que minha respiração estava ofegante.

- Eu toquei no apartamento errado, me desculpe.

- Não é a primeira vez que você vem aqui, o que você quer? É alguma amiga da minha mãe?

- Eu... sou uma corretora.

- Mentira! Diz logo quem você é, ou eu vou chamar a polícia.

- Eu... você é a amante do meu marido.

Um longo silêncio tomou conta. Ela me encarava com medo, mas também com curiosidade. Depois de alguns minutos de silêncio, ela fechou os olhos e respirou fundo.

- Você vai me bater?

- Eu sou contra violência. - Falei sincera. Em momento algum passou pela minha cabeça agredir a amante do meu marido.

- Então por que veio até aqui?

- Minha irmã meio que me obrigou. - Ela franziu o cenho. - Ela disse que isso me liberaria.

- Você está pensando em se divorciar do Cristopher?

- Não! Claro que... não. Eu o amo.

- Você quer entrar? - Me deu passagem, mas eu fiquei com medo, não conhecia a mulher, então mil coisas passavam pela minha cabeça, principalmente o fato dela tentar me matar.

Rapidamente enviei uma mensagem a minha irmã e ela soltou uma risada nasal. Me sentei em seu sofá e ela se sentiu à minha frente num outro sofá de dois lugares. Me encarou, parecia estar esperando para eu começar, quando percebeu que eu não falaria nada soltou um suspiro longo e se ajeitou na cadeira.

- Então... - Mexeu desconfortavelmente as mãos. - Eu não sei o que te dizer.

- Você me chamou aqui.

- O que quer que eu diga? Eu estou dormindo com seu marido.

- Há quanto tempo? - Eu não entendia como conseguia estar tão calma.

- Isso faz diferença?

- Para mim faz.

- Se isso fizesse diferença, você nem estaria mais com seu marido.

- Por que não?

- Uma mulher quando é traída fica muito magoada, mas você... está aqui, na minha frente e parece que só quer saber de tudo, não para se vingar, mas para... mudar algo?

- Quanto tempo? - Perguntei friamente.

- Quantos anos acha que eu tenho?

- Vinte anos?

- Tenho 22 anos. Conheci o Cristopher na faculdade, no meu primeiro período. Estou no oitavo período.

- Quatro anos? Ela concordou. Você sabe que ele é casado comigo há quase vinte anos? Quando você estava nascendo nós estávamos começando a namorar.

- Isso não o impediu de nada, não me entenda mal... Maya? - Concordei. - É só que anos de casamento não o impediram dele iniciar algo comigo.

- Como consegue falar dessa maneira?

- Eu vou me especializar em Direito familiar, traição é sempre um dos principais motivos de divórcio.

- Eu... não entendo. - Pronto, agora eu estava chorando na frente dela, me desmanchando em lágrimas. - Eu não sou uma boa esposa? Você cozinha? Passa? Lava?

- Não para ele, já que ele tem você.

- Exato! - Busquei por um lenço na minha bolsa, mas não tinha. Então a mulher se levantou, andou até um dos cômodos e voltou com uma caixa de lenços de papel. - Temos filhos... ele prometeu nunca me deixar.

- Mas ele não deixou. - Ela sentou ao meu lado.

- Você ja pediu isso a ele?

- Não, como você disse, ele jamais te deixaria.

- Você não o ama?

- Amor? Eu realmente não posso dizer que seja isso. - Ela riu. - Cristopher me deu o que eu precisava e eu dei a ele o que ele queria, no início talvez eu tivesse me apaixonado, mas depois de perceber que ele não te largaria eu simplesmente me contentei com o que eu tinha.

- O que ele faz com você?

- Não pergunte o que não quer saber.

- São coisas sórdidas? Uma vez eu li que homens têm amantes para fazer coisas sórdidas. - Ela riu.

- Sórdidas? Bom... pode-se dizer que sim, mas ele não é tão jovem quanto parece. Às vezes emperra. - Nós duas acabamos rindo.

- Eu não acredito que ri disso.

- Ele já emperrou com você, certo? Por isso riu. Ele começa a gritar como se a culpa fosse nossa e não da coluna dele. Você me odeia?

- Não. - Sinceramente não sentia ódio dela, ou queria bater nela. A garota era culpada, mas não mais do que ela era o Cristopher.

- Claro que não. - Debochou.

- Ódio é um sentimento muito forte, eu nem sei na verdade como me sentir nessa situação.

- Você o ama?

- Sim... eu só queria ser o suficiente para ele. - A mulher me olhou com pena. - Mas não posso ser... depois dos finais de semana que ele passa com você, ele volta diferente, parece mais calmo e grita menos. Eu acho que você faz com ele o que eu não posso, talvez em casa ele só tenha problemas... por isso para ele se sentir melhor, eu... vou... Apenas deixar as coisas como estão.

- Você só pode estar de brincadeira, como pode dizer uma coisa dessas? - Ela parecia indignada. - Você ao menos se ouviu? Eu nunca achei que no dia que conhecesse a mulher de Cristopher fosse ser dessa maneira. Quem teria tal ideia? É quase que loucura, você e eu compartilhando o mesmo homem, uma semana aqui e uma semana em sua casa?

- Não seria bem assim, seria apenas quando ele estivesse estressado.

- Eu realmente não quero fazer isso, eu sou amante do seu marido, mas isso é loucura e o que eu tenho com Cristopher é algo bem carnal.

- Sim, é do que ele mais reclama comigo... sexo.

- Você pode mudar isso, sei lá, pesquisa no Google, vê uns filmes pornôs.

- Eu cresci numa família muito religiosa, sexo é um grande tabu, mas pelo meu casamento eh vou mudar, mas eu... bom... você pode me ensinar?

- O quê? Você só pode estar louca. - Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro.

- Se hoje meu lar está desse jeito foi porque você ajudou, me ajude nisso ou você realmente tem sentimento por Carlos.

- Já disse é só sexo.

- Vai me ajudar?

A Amante do Meu Marido ( Magi )Onde histórias criam vida. Descubra agora