Ukyou

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Maomao se perguntou como aquilo era possível. A fortaleza de Shishou deveria ter sido selada; não fazia sentido que algo de lá estivesse aqui. Mesmo que os pertences do clã tivessem sido retirados da fortaleza, o fato de ela estar encontrando um deles aqui neste mercado implicava em alguns negócios obscuros em algum lugar da linha do tempo.

Hurrmm. Bem, se esse era o jogo que estava rolando, então Maomao teve uma ideia. Ela encontrou o culpado rapidamente. E como? Foi realmente muito simples.

"Jovem senhorita, você não pode me chamar até aqui só para algo assim."

O orador irritado era Lihaku, e apesar de sua reclamação, ele estava ansiosamente tentando dar uma boa olhada na Casa Verdigris. Eles estavam na loja de Maomao, o tamanho considerável de Lihaku fazia o lugar parecer ainda mais apertado do que o normal.

"Não tenho tempo para ir atrás de pequenos ladrões." Lihaku acrescentou, olhando para o teto do átrio, esperando vislumbrar um semblante como o de uma flor desabrochando. Especificamente, de Pairin, uma das Três Princesas da Casa Verdigris. Lihaku, um soldado e conhecido de Maomao, estava perdidamente apaixonado por Pairin. Ir a um bordel, no entanto, custava dinheiro — então Maomao, como amiga de Pairin, sabia que Lihaku viria correndo sempre que ela tivesse um pedido a fazer a ele. E hoje, seu pedido era este: que ele ficasse de olho no mercado para quaisquer bens roubados que pudessem estar circulando. Especificamente, livros. Enciclopédias eram incomuns; se uma tivesse sido roubada, seria fácil rastrear quando foi vendida. E como o ladrão poderia ter ido à várias lojas além do sebo que Maomao havia visitado, ela queria que Lihaku ficasse em alerta.

"Hah! Bem, você ficará feliz em saber que estive observando o lugar a manhã toda."

"Você não pediu para um dos seus subordinados fazer isso?" Aparentemente, ele estava tão determinado a causar uma boa impressão que lidou com o assunto sozinho. Considerando que ainda era a estação fria, ele foi muito esforçado ao vigiar o local. Lihaku entregou um pacote a Maomao. Um presente de bolinhos de arroz. Ele lançou outro olhar para o átrio, como se estivesse sugerindo que ele e Maomao devessem tomar chá juntos — e que ela deveria chamar Pairin para lanchar com eles. Mas Maomao ainda precisava de algo dele primeiro.

"Onde está seu prisioneiro?"

"Lá na frente. Um dos seus caras está observando ele."

"Ah."

Maomao olhou pela janela e viu dois guardas do bordel parados de cada lado de um homem magro e sem barba. Ele estava usando roupas bem pesadas — na verdade, Maomao reconheceu a jaqueta acolchoada de algodão. Estava empoeirada e obviamente não era lavada há dias, mas ela sabia.

E agora... Onde ela o tinha visto antes?

"Ei!" Lihaku chamou, mas Maomao o ignorou; ela calçou os sapatos e foi em direção aos homens. Ladeado pelos dois grandes guardas, o ladrão parecia menor do que realmente era.

"Não chegue mais perto. Ele é perigoso." Disse um dos guardas, um criado de longa data, pegando Maomao pelo colarinho. Ela odiava ser tratada como um gato, mas era assim que sempre tinha sido, desde que ela era pequena. Ela não tentou se livrar das mãos do guarda e apenas olhou para o ladrão. Ele não disse nada. Ela não disse nada. Mas seus olhos se encontraram e ele estudou o rosto dela por um segundo — e, então, ele empalideceu. O homem abriu a boca e, de tudo o que poderia dizer, ele escolheu falar "Garota das cobras!" Ele gritou tão alto que espirrou gotas de saliva.

"Ei, acho que você quer dizer garota-gato." O guarda disse provocativamente. O outro riu.

Grrrrrr. Maomao fumegou.

Diários de uma Apotecária (Kusuriya no Hitorigoto) Light Novel 5Onde histórias criam vida. Descubra agora