Apaixonar-se pelo seu melhor amigo nunca é algo que você planeja. Não há como prever, muito menos evitar. No meu caso, foi ainda mais complicado, porque não se tratava apenas de um amigo qualquer, mas do meu melhor amigo, alguém que conhecia todas as minhas fraquezas, inseguranças e, principalmente, todos os meus segredos. Quer dizer, quase todos. Porque havia um segredo que eu nunca ousei compartilhar com ele. É por isso que, olhando para trás, vejo o quão inevitável era. Eu, Hong Jisoo, tive o azar de me apaixonar por Yoon Jeonghan.Jeonghan sempre foi a pessoa mais importante da minha vida. Desde a primeira vez que nos conhecemos, na escola, quando ele me ajudou a me levantar após uma queda desajeitada durante o recreio, senti que havia algo de especial nele. Ele tinha essa luz, uma presença que fazia tudo ao redor parecer mais brilhante. Eu, que sempre fui um pouco mais reservado e tímido, me sentia confortável ao lado dele, como se o mundo inteiro pudesse se desmanchar e ainda assim eu estaria em paz, desde que ele estivesse por perto.
Crescemos juntos, compartilhando sonhos, medos e, eventualmente, planos para o futuro. Havia uma sensação de segurança em saber que ele estaria lá para mim, assim como eu sempre estaria lá para ele. Nós éramos o que as pessoas chamariam de inseparáveis. Se alguém me visse sem Jeonghan, imediatamente perguntaria por ele e vice-versa. Eu não via problema nisso; na verdade, eu gostava dessa simbiose, desse entendimento silencioso entre nós dois. Era como se o universo tivesse decidido que estávamos destinados a caminhar juntos.
Só que, em algum ponto dessa jornada, as coisas mudaram para mim. Comecei a perceber coisas que antes não notava, como o quanto o cabelo de Jeonghan ficava bonito ao sol, ou como o som de sua risada era a melodia mais agradável que eu já ouvira. E não era apenas uma apreciação estética; era algo mais profundo, algo que me fazia querer ficar ao lado dele de uma maneira que ia além da amizade.
Demorei um bom tempo para aceitar o que estava acontecendo comigo. Passei noites em claro, me revirando na cama, tentando entender por que eu sentia um aperto no peito sempre que Jeonghan mencionava estar interessado em alguém. Eu sabia que aquilo não era apenas ciúmes de amigo; era algo que me consumia, que me fazia querer ser a única pessoa que ele olhasse daquela forma.
Ainda assim, eu nunca disse nada. Não por medo de ser rejeitado — embora isso também estivesse sempre presente na minha mente —, mas porque eu não queria arriscar a amizade que tínhamos. Não queria que as coisas mudassem, mesmo que a cada dia que passava, eu sentisse que estava me afundando mais em sentimentos não correspondidos. Então, eu mantive esse amor trancado a sete chaves, fingindo que tudo estava bem, enquanto minha alma lutava contra a vontade de confessar tudo.
Jeonghan era sempre o mais extrovertido entre nós dois. Ele facilmente atraía a atenção das pessoas, e eu era feliz apenas de ficar à margem, observando-o brilhar. Até que um dia, ele apareceu com alguém. O nome dele era Seungcheol.
Choi Seungcheol.
Eu me lembro do momento exato em que Jeonghan me contou sobre ele. Nós estávamos no mesmo lugar de sempre, aquela pequena cafeteria que frequentávamos desde os tempos de faculdade. Ele estava sorrindo de orelha a orelha, com os olhos brilhando de uma forma que eu nunca tinha visto antes. E eu, sentindo meu coração se despedaçar em mil pedaços, mantive o sorriso no rosto e disse que estava feliz por ele.
Não foi fácil. Cada vez que Jeonghan falava sobre Seungcheol, eu me forçava a não mostrar o quanto aquilo me machucava. Ele me contava como ele era incrível, como ele o fazia sentir-se especial. Eu fingia que estava tudo bem, que eu estava feliz por ele, mas por dentro, a dor se tornava insuportável. Eu me sentia como um fantasma, condenado a observar de longe enquanto a pessoa que eu amava construía uma vida com outra pessoa.
O tempo passou, e o relacionamento de Jeonghan e Seungcheol se fortaleceu. Eu assisti, de camarote, a cada novo marco: o primeiro aniversário, as viagens juntos, as pequenas tradições que eles começaram a criar. E, eventualmente, o pedido de casamento. Jeonghan me contou como o Choi havia planejado tudo, como ele havia se ajoelhado e feito o pedido mais romântico que ele poderia imaginar. E eu, como sempre, sorri e disse que estava feliz por ele.
A verdade é que, durante todo esse tempo, eu me perguntei se eu deveria ter feito algo. Se eu deveria ter confessado meus sentimentos antes que fosse tarde demais. Mas a cada vez que essa dúvida surgia, eu a empurrava para o fundo da minha mente, lembrando-me de que a amizade de Jeonghan era mais importante para mim do que qualquer outra coisa. Mesmo que isso significasse sacrificar minha própria felicidade.
E então, chegamos a hoje. O grande dia. Aqui estou eu, em pé, ao lado de Jeonghan, enquanto ele e Seungcheol trocam votos. Eu assisto aos dois se olharem intensamente, como se nada mais existisse no mundo além deles. E, enquanto o fazem, eu não posso evitar sentir um arrependimento profundo.
É estranho, estar aqui, em pé na frente dos dois, testemunhando a união deles. Não porque eu não os apoie — eu sempre apoiei Jeonghan em tudo —, mas porque é agora, neste momento, que a realidade me atinge com toda a força. Eu realmente o perdi.
E eu realmente nunca tentei.
Seungcheol... Ele é um cara sortudo. Ele tem o que eu sempre desejei, e, por mais que doa admitir, eles realmente são perfeitos juntos. Eu consigo ver como Jeonghan sorri para ele, como ele se sente seguro nos braços dele. Não posso odiar o Choi por isso. Na verdade, não posso fazer nada além de torcer para que ele faça Jeonghan feliz, mais feliz do que eu poderia fazer.
Quando a cerimônia termina, e Jeonghan e Seungcheol dão o primeiro beijo, selando seu amor na frente de todos, há aplausos e sorrisos ao redor. Eu me junto a eles, aplaudindo e sorrindo, mesmo que meu coração esteja se partindo um pouco mais a cada segundo. E é nesse momento que uma única frase me vem à mente.
Eu fui seu amigo até o altar, Jeonghan. Cumpri a minha palavra, a nossa promessa.
E é verdade. Eu fui seu amigo até o final, até o ponto onde nossas jornadas tomaram caminhos diferentes. Eu estive ao seu lado em todos os momentos importantes da sua vida, e hoje, mais do que nunca, eu percebo o quanto isso significou para mim.
Mas isso não significa que eu vou partir definitivamente. Não, eu não vou desaparecer da vida dele. Eu ainda serei seu amigo, ainda estarei lá para ele, mesmo que meu coração demore para ser consertado, pedacinho por pedacinho. Sei que levará tempo para aceitar completamente que ele pertence a outro, mas estou disposto a passar por isso, porque, no final das contas, eu sempre serei o amigo que ele pode contar.
E quem sabe, um dia, meu coração esteja inteiro novamente, pronto para amar outra pessoa. Mas até lá, continuarei sendo o amigo que Jeonghan sempre teve, o amigo que nunca o abandonará, mesmo que isso signifique estar à margem, observando de longe.
Eu fui seu amigo, Jeonghan, até o altar. E continuarei sendo, porque, apesar de tudo, ainda sou a pessoa que sempre estarei lá por você. Mesmo que isso signifique colocar meus sentimentos em segundo plano. Mesmo que isso signifique sacrificar o que eu mais queria. Porque, no final, sua felicidade sempre foi, e sempre será, o que mais importa para mim.
Notas do autor
Olha, eu até que gostei do final. Não ficou muito triste, mas aqui podemos perceber que ele não abandonou sua amizade, mas seria ainda mais dolorido 💔
Enfim, espero que tenham gostando!!! Adeus 🫶
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SEVENTEEN ONSEHORT'S
De TodoEstarei criando varias short fic dos membros e casais do grupo Seventeen! Se queiser dar uma ideia para os casais, sinta-se a vontade de mandar uma mensagem, verificarei ela assim que puder! - Mas para isso leia as regras no primeiro capítulo. || on...