Preciso falar com você, mas tem que ser pessoalmente.

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Confesso que não vejo a hora desse jantar acabar e irmos embora pra casa. Tenho tanta coisa pra falar pro Richard que parece que as palavras estão me sufocando.

Eu já aguentei muito, já aguentei até demais mas não agora. Chega!
Chega de ser moleque ou de agir feito um. Chega de me tirar de otaria e achar que eu vou esquecer e perdoar.

Richard vai ter que aprender por bem ou por mal a se tornar um homem de verdade, marido e agora pai de família.

Independente dele ser ou não amigo da Nicole, Bianca ou das tantas outras mulheres que ele se envolveu, eu sou a esposa dele e o mínimo que ele me deve nesse casamento é lealdade e respeito.

Se não teve antes beleza, passado é passado. Até porque antes nem um casamento de verdade nós tínhamos, mas a partir do momento que ele aceitou viver esse casamento verdadeiramente comigo, temos que ter as responsabilidades que um casamento exige.

E ele acredite ou não, traição não é uma delas.

Eu mal conseguia olhar na cara dele, confesso que estou enojada, com raiva... ele percebeu, mas se manteve calado até o final do jantar e eu agradeci mentalmente.
Afinal, acabar com o jantar beneficente do meu pai não está nos meus planos.

O caminho pra casa foi um total silêncio, nem mesmo o rádio ele fez questão de ligar.
Somente nossas respirações e suspiros fundos eram audíveis naquele carro.

Eu estava impaciente, nervosa. Não conseguia controlar minhas pernas e sentia meus pés batendo freneticamente no assoalho do carro.
Fiquei mexendo nos dedos da mão a viagem toda, até ele enfim estacionar o carro na garagem da casa do seus pais.

— hei - segurou meu braço assim que estacionou e eu ia descer. O encarei séria - o que houve?

— o que houve? É sério, Richard? - revirei os olhos debochada.

— é sério que você tá com ciúmes da Nicole? - pude ver um leve sorriso brotar em seus lábios.

— não é ciúmes Richard, é raiva.

— pelo amor de Deus Carolina, Nicole não significa nada pra mim...

— ah não? Mas não é o que parecia pelas mensagens e pelo tom de voz que conversou com ela.

— você tá achando que te trai com ela?

— sim!

— eu não fiquei com ela, Carol.

— conversa também é traição Richard. - ele soltou meu braço - e pra ser sincera com você eu tô cansada.

Suspirei fundo tentando segurar todas as lágrimas que insistem em marejar meus olhos.

— tô cansada de lutar por esse amor. Tô cansada de amar sozinha. Tô casada de querer o melhor pra gente, tô casada de te querer fazer ser homem, Richard. Se nem esse bebê vai te fazer crescer e amadurecer e enfim se tornar um pai de família, quem é que sou eu né?

— Carol hei, olha pra mim - segurou em meu rosto e o puxou levemente - eu amo você. Amo nossa família e eu juro que não fiz nada de errado.

— você gostaria que eu trocasse mensagem com o Veiga como você trocou com ela? - o questionei e ele me encarou sério.

— por que porra você tá metendo o Veiga nisso?

— pra tentar te fazer entender o que eu tô sentindo... - suspirei.

— Nicole é minha amiga.

— amiga de cu é rola, Richard! Que porra de amiga é essa que te dá sempre que te vê? Que porra de amiga é essa que tá louca pra beijar sua boca? Me poupe.

— Carol, por favor me perdoa.

— por mais quantas vezes, Richard? Por Bianca, por Nicole... quem mais que eu ainda não sei?

— Carol, eu... - pude ver seus olhos marejarem.

— eu só tô cansada Richard. E jurei pra mim mesma que não vou mais lutar por um casamento sozinha.

— por favor, não faz nada de cabeça quente.

— e não estou... é tudo muito bem pensado. Afinal, agora tenho uma pessoinha que também paga por todos os meus atos e decisões né?

— eu amo vocês.

— e nós também, pode ter certeza disso. Mas para que possamos viver um casamento de verdade, você vai ter que aprender tudo que ele exige e traições não são uma delas.

Eu sentia que o choro que estava segurando ia me sufocar. Eu estava prestes a explodir em lágrimas, mas me mantive firme. Eu não vou mais chorar por ele e nem na frente dele. Cansei!

— Carol, não me deixa.. eu juro que eu vou fazer diferente, que nós vamos ser uma família feliz.

— será? - abaixei minha cabeça.

Abri a porta do carro e assim que fechei a mesma senti duas lágrimas molharem meu rosto.
Limpei as mesmas o mais rápido que pude e continuei sem olhar pra trás.

Eu amo o Richard, não é segredo pra ninguém, mas antes de amar ele eu me amo. E se eu não me der valor ninguém mais vai dar.

Quando cheguei no meu quarto comecei a arrumar minhas malas para voltar pro Brasil.
Não consigo ficar aqui, não consigo estar no mesmo lugar que Richard.
Não por falta de amor, mas por me amar demais e evitar sofrer ainda mais do que estou sofrendo nesse momento.

Talvez essa questão da Nicole tenha sido a gota d'água pra mim. Depois de tudo que passei e ainda passo com a Bianca.

Enquanto arrumava minha bolsa disquei o número da única pessoa que pode me dar algum tipo de conselho nesse momento.

— alô? - ouvi sua voz firme do outro lado.

— preciso falar com você, mas tem que ser pessoalmente.


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Meta para o capítulo: 100 votos e 50 comentários.

Oi gente, desculpa pela demora. Tive alguns problemas pessoais.
O capítulo não ficou como eu queria, mas não podia deixar vocês na mão mais um dia.

Enfim, quem será que é na ligação?

Beijos, até amanhã 😘

P R O M E T I D O S - Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora