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Eu estava sentada na cafeteria com Amber, tentando me concentrar no sanduíche à minha frente, mas minha mente continuava voltando para a professora Billie O'Connell. Depois de todas aquelas noites viradas e a tensão nas aulas, eu não conseguia tirar aquela mulher da cabeça. Amber, que me conhecia melhor do que ninguém, notou minha distração.

— O que foi, Celine? — ela perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto mexia no café. — Parece que você viu um fantasma ou algo assim.

Eu ri, um pouco nervosa, e dei de ombros, tentando parecer despreocupada.

— Não é nada… Quer dizer, acho que estou apenas cansada. As aulas têm sido intensas, e a professora O’Connell... Ela não facilita.

Amber me olhou por um momento, seus olhos brilhando com curiosidade.

— Ouvi dizer que essa professora é um pesadelo. Ela realmente é tão ruim assim?

Eu suspirei, tentando encontrar as palavras certas.

— Não é que ela seja ruim… Ela é incrível, na verdade. Extremamente inteligente, uma das melhores que já vi. Mas ela não tem paciência com ninguém. Se você não entende de cara, problema seu.

— Uau, parece que você a admira, apesar de tudo — Amber disse, um sorriso travesso se formando em seus lábios.

— Admiração não é a palavra certa, Amber — eu respondi, sentindo meu rosto corar um pouco. — É que... Ela é tão... Tão…

— Tão o quê? — Amber insistiu, inclinando-se para frente, claramente aproveitando minha hesitação.

Eu respirei fundo, decidindo ser honesta.

— Ela é linda, Amber. Tipo, de um jeito que te deixa sem palavras. Aquela postura, os olhos, a maneira como ela fala… É tudo tão... Hipnotizante.

Amber arregalou os olhos, surpresa.

— Você está falando sério, Celine? Você está mesmo dizendo que a acha... bonita?

— Sim, eu acho — admiti, desviando o olhar para evitar o olhar de Amber. — Mas não é só isso. Tem algo nela que me intriga. É como se ela tivesse um muro enorme ao redor dela, e eu fico me perguntando o que tem por trás disso tudo.

Amber ficou em silêncio por um momento, absorvendo o que eu tinha dito. Depois, ela deu uma risadinha.

— Celine, você está ferrada.

— Por quê? — perguntei, franzindo a testa.

— Porque parece que você está desenvolvendo uma queda séria pela sua professora. E isso, minha amiga, é um caminho complicado de seguir.

Eu abri a boca para protestar, mas antes que pudesse dizer algo, meu telefone vibrou. Era um lembrete para a próxima aula, que começaria em dez minutos.

— Tenho que ir — disse, me levantando rapidamente. — Mas, por favor, não conte isso a ninguém, tá?

— Fica tranquila — Amber piscou para mim. — Seu segredo está seguro comigo. Só toma cuidado, ok?

Assenti, me despedindo dela antes de correr para a aula. Quando cheguei à sala, a professora Billie já estava lá, organizando alguns papéis na mesa. Eu tomei meu lugar habitual, no meio da sala, tentando me concentrar.

Mas, para meu desgosto, Dylan, um dos alunos mais falantes da turma, sentou-se ao meu lado. Desde o primeiro dia, ele vinha tentando puxar conversa, claramente interessado em mim. Eu tentava ser educada, mas não conseguia evitar a irritação que ele me causava.

— Oi, Celine — ele disse, dando-me um sorriso que provavelmente ele achava irresistível. — Animada para a aula de hoje?

— Oi, Dylan — respondi, mantendo a voz neutra. — Sim, claro.

Ele continuou a falar, mas minha atenção estava dividida. Eu não podia deixar de perceber que Billie, ao entrar em sala, lançou um olhar rápido na nossa direção. Não era nada explícito, mas tinha algo naquele olhar que me deixou desconfortável.

Quando a aula começou, Dylan aproveitou cada pausa para fazer perguntas, comentários, e até mesmo uma ou duas piadas, todas direcionadas a mim. Eu sentia Billie observando de longe, e isso fez meu estômago se revirar de nervosismo.

Então, no meio de uma discussão sobre um dos textos, Dylan fez um comentário casual sobre "levar Celine para sair", que fez alguns alunos rirem. Eu senti o calor subir pelo meu pescoço até meu rosto, mas antes que eu pudesse responder, Billie interveio.

— Senhor Wright — disse Billie, dirigindo-se a Dylan com uma voz fria como gelo. — Se tiver alguma contribuição relevante para a aula, eu adoraria ouvi-la. Caso contrário, sugiro que guarde seus comentários para depois.

A sala ficou em silêncio. Dylan murmurou um "desculpe, professora", claramente desconcertado, e voltou sua atenção para o caderno à sua frente.

Eu não pude deixar de notar o ligeiro sorriso de satisfação que Billie esboçou antes de continuar a aula. E foi naquele momento que percebi: aquilo tinha sido um ato de ciúme. Por mais que ela tentasse esconder, Billie O'Connell, a professora mais distante e impenetrável do campus, estava com ciúmes de Dylan por causa de mim, talvez.

Por favor, Celine, não seja ingênua. Ela te conhece há apenas uma semana e, além disso, é sua professora. É muito improvável que ela sinta ciúmes de você.

Mas, por algum motivo, isso fez meu coração disparar ainda mais.

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Continua?

MY TEACHER - B.E.Onde histórias criam vida. Descubra agora