"Não durma cedo." Suas palavras ecoavam na minha cabeça, e um calafrio percorreu minha espinha.
Eu sentia que alguma coisa não estava certo...
Agora, eu estava deitada na cama, mexendo no celular sem muito foco quando ouvi passos se aproximando. Meu coração deu um pulo. Sabia que era ele.
A porta do quarto se abriu devagar, e lá estava meu pai, com um rosto que parecia estranhamente calmo. Não parecia mais bêbado, mas aquela expressão não me enganava.
Cruzei os braços, me sentando na cama e esperando o que ele tinha a dizer.
- Celine - ele começou, sua voz mais suave do que o normal. - Eu... eu queria conversar com você.
Respirei fundo, tentando manter a calma. Há anos nossas conversas só levavam a discussões.
- Tá, fala - respondi com um tom seco.
Ele deu alguns passos à frente, fechando a porta atrás de si.
- Olha, eu... eu sei que eu tenho sido um péssimo pai. Sei que te machuquei com as coisas que disse e fiz, e... - Ele hesitou por um momento, como se estivesse lutando contra as palavras. - Quero me desculpar por tudo isso.
Aquelas palavras ecoaram na minha mente, mas algo nelas soava tão superficial. Olhei para ele, tentando encontrar algum sinal de sinceridade, mas não conseguia. Era como se ele estivesse repetindo algo que sabia que devia dizer, mas não sentia de verdade.
- Se desculpar? - perguntei, com a voz cheia de incredulidade. - E acha que isso apaga tudo? Todas as vezes que você gritou comigo, me culpou por coisas que nem eram culpa minha?
Ele suspirou e passou a mão pelo cabelo, claramente desconfortável.
- Eu sei que errei muito, Celine. E eu... eu estou tentando mudar. Só peço que você me dê uma chance de mostrar isso.
- Uma chance? - Eu ri, mas sem humor. - Quantas chances eu já te dei? Toda vez você faz a mesma coisa. Desculpas vazias e depois volta a ser o mesmo de sempre. Não dá pra acreditar em você mais.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Ele parecia frustrado, mas também... cansado. Como se estivesse, de algum jeito, esperando essa resposta.
- Eu entendo que você se sinta assim, mas... Eu quero tentar. Não posso mudar o passado, mas posso tentar fazer diferente no futuro.
- Olha, só... me deixa sozinha, tá? Eu realmente não quero acreditar que você vai mudar, porque você sempre diz as mesmas coisas, mas acaba não mudando de verdade.
Ele se levantou, olhando para mim por mais alguns segundos antes de sair do quarto sem dizer mais nada. Assim que a porta se fechou, senti o peso da conversa desabar sobre mim. Eu queria acreditar que ele mudaria, mas era difícil. Muito difícil.
Peguei o celular e, quase sem pensar, abri a conversa com Billie.
Billie 💗
Oi Bill, só pra te avisar, meu pai veio falar comigo. Ele disse que queria se 'desculpar' pelas idiotices que fez.
A resposta dela veio rápido.
Você está bem?
Sorri levemente ao ver a preocupação dela, mas ao mesmo tempo, ainda me sentia meio perdida com tudo.
Estou. Ele só fez aquele discurso de sempre, sabe? Desculpas, promessas de mudança... Nada que eu realmente acredite.
Você acha que ele pode estar falando sério dessa vez?
Não sei... é difícil acreditar depois de tudo.
Eu olhei para o teto do meu quarto, sentindo uma mistura de exaustão e ansiedade me consumir. Estava tarde, e eu sabia que devia tentar dormir, mas minha cabeça estava a mil.
Você devia tentar dormir agora.
Ela sugeriu
Suspirei e respondi rápido.
Vou tentar, mas não sei se vou conseguir.
Logo em seguida, meu celular vibrou com o toque de uma chamada. Billie estava ligando. Atendi sem hesitar.
- Oi... - minha voz saiu baixinha, quase num sussurro.
- Ei, não precisa se forçar a dormir sozinha se não conseguir - ela disse, a voz dela tão suave e reconfortante que me acalmou um pouco.- Eu vou ficar aqui, falando com você até você dormir, tudo bem?
- Billie, não precisa fazer isso...
- Anjo - ela interrompeu com um tom firme, mas carinhoso. - Eu quero fazer isso. Se você não conseguir dormir, eu vou ficar aqui com você.
Fiquei em silêncio por um momento, sentindo meu peito se aquecer. Ela estava mesmo disposta a me ajudar, a ficar ali só pra que eu me sentisse melhor.
- Tá bom, mas... não sei o que você vai falar pra me fazer dormir - tentei brincar, rindo baixinho.
- Eu posso cantar pra você - ela sugeriu, meio brincalhona, meio séria.
Eu ri de verdade dessa vez.
- Cantar? Sério? Vai me ninar, é?
- Se for isso que precisa pra dormir, então sim. - Pude ouvir o sorriso na voz dela. - Vamos anjo, me deixa tentar.
- Tudo bem, vai em frente - falei, ainda sem acreditar muito naquilo.
E então, do outro lado da linha, ela começou a cantar. A voz dela era suave, quase como um sussurro, mas era exatamente o que eu precisava naquele momento. Eu fechei os olhos e deixei a melodia me envolver.
- And I'll use you as a focal point... - ela começou, e eu senti uma leve emoção ao ouvir a primeira frase.
- So I don't lose sight of what I want - a voz dela era como um cobertor quente numa noite fria.
Eu me encolhi um pouco debaixo das cobertas, segurando o celular como se aquilo fosse suficiente para trazer Billie para mais perto.
- And I've moved further than I thought I could - A cada verso, eu sentia meus olhos ficando mais pesados, mas ao mesmo tempo, não queria que ela parasse.
- But I missed you more than I thought I would - A voz dela era tão suave, quase um sussurro, e era impossível não relaxar.
A melodia preenchia o quarto.
- And I found love where it wasn't supposed to be (E eu encontrei o amor onde não deveria estar ) - A última frase saiu quase como um sussurro, e eu finalmente senti o sono tomando conta.
- Bill... - murmurei, já meio sonolenta.
- Sim, meu bem? - a voz dela ainda soava perto, reconfortante.
- Obrigada por isso. De verdade.
- Sempre, anjo. Agora dorme. Eu vou ficar aqui até você pegar no sono.
Aos poucos, a voz dela foi se tornando um fundo distante enquanto o sono finalmente me envolvia por completo. Com a segurança de saber que ela estava ali, não demorei a apagar.
E, pela primeira vez em dias, eu dormi em paz.
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. . .A música "I Found", da banda britânica Amber Run. Ela captura a essência de descobrir o amor em lugares que a gente menos espera. A letra nos faz refletir sobre como, muitas vezes, tentamos ser racionais demais, mas isso pode nos impedir de viver experiências profundas e significativas. É para se permitir sentir, porque é nas emoções que encontramos o que realmente importa.
"Ah, mas cadê o hot?"
Calma aí tbm, né gente?
Até algum dia 💋
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MY TEACHER - B.E.
FanfictionCeline, uma jovem de dezessete anos prestes a completar dezoito, está no último ano do ensino médio e enfrenta a pressão constante de seu pai controlador, James, que exige perfeição em tudo o que ela faz. Na escola, Celine conhece Billie, sua nova p...