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Celine estava em casa, sentada no sofá da sala com os braços cruzados e o olhar perdido em um ponto qualquer da parede. O dia tinha sido um turbilhão de emoções, e tudo o que ela queria era um pouco de paz. Mas, como sempre, a paz parecia ser algo inalcançável na casa dos Silva.

O som da porta da frente se abrindo com força fez seu coração pular. Seu pai estava de volta. E, pelo barulho que ele fazia ao entrar, já dava para perceber que ele estava bêbado de novo.

- Celine! - Ele gritou, a voz rouca e arrastada pelo álcool. - Cadê você, garota?

Celine respirou fundo, tentando manter a calma. Ela não queria brigar, não naquele dia, mas sabia que ele não a deixaria em paz até que a encontrasse. Levantou-se do sofá e foi até o corredor, onde o encontrou cambaleando, com os olhos vidrados e um cheiro forte de bebida impregnando o ar.

- O que foi, pai? - Ela perguntou, tentando soar indiferente, mas o tom de voz carregava uma ponta de cansaço.

- O que foi? O que foi? - Ele repetiu, rindo de maneira grotesca. - Você fica aí, toda cheia de si, achando que pode me ignorar? Eu sou seu pai! Deveria ter mais respeito!

Celine o observou por um momento, notando o quanto ele parecia descontrolado. Era sempre assim: as noites em que ele bebia demais eram seguidas por insultos e ofensas, como se tudo que ele guardava dentro de si viesse à tona de uma só vez.

- Eu respeito você, pai, mas respeito não é algo que se exige gritando e bebendo até perder a noção. - Ela respondeu, a voz firme, mas sem elevar o tom.

O olhar dele se estreitou, e ele deu um passo cambaleante em sua direção, apontando um dedo trêmulo para ela.

- Respeito? Quem você pensa que é para me falar de respeito? Você não é nada, Celine! Nunca foi! Vive na minha casa, come a minha comida, e ainda tem a ousadia de me responder desse jeito? - Ele cuspiu as palavras com desprezo, o rosto avermelhado pelo álcool e pela raiva.

Celine sentiu um nó na garganta, mas se recusou a deixar que as lágrimas surgissem. Já tinha ouvido aquilo tantas vezes, e cada vez doía um pouco mais, mas dessa vez ela não queria se calar.

- Eu não sou nada? - Ela retrucou, erguendo o queixo em desafio. - Eu estudo, trabalho duro para ser alguém na vida, coisa que você nunca se preocupou em fazer! Você prefere encher a cara a cuidar da sua própria filha!

O silêncio que se seguiu foi pesado. O pai dela a olhou com um misto de surpresa e raiva, como se não acreditasse que ela tivesse coragem de responder daquela maneira.

- Vai pro seu quarto, antes que eu faça você se arrepender dessas palavras. - Ele finalmente disse, a voz baixa e ameaçadora.

Celine sabia que não havia mais nada a ser dito. Sem mais uma palavra, ela se virou e subiu as escadas apressadamente, sentindo o coração martelar no peito. Ao chegar ao seu quarto, bateu a porta com força e se jogou na cama, as lágrimas finalmente escapando.

A raiva e a tristeza se misturavam dentro dela, e a única coisa que conseguiu pensar foi em pegar o celular. Havia uma mensagem de Billie que ela ainda não tinha respondido, uma simples pergunta que, naquele momento, parecia um gesto de carinho em meio ao caos.

Celine respirou fundo e, com os dedos trêmulos, digitou uma resposta:

"Não estou muito bem...Meu pai está bêbado de novo e disse coisas horríveis para mim. Eu não sei o que fazer"

Ela enviou a mensagem e ficou olhando para a tela, esperando uma resposta. Alguns minutos depois, o celular vibrou, e uma sensação de alívio percorreu seu corpo ao ver o nome de Billie aparecer na tela.

MY TEACHER - B.E.Onde histórias criam vida. Descubra agora