"Próxima parada, estação...".
Ignoro totalmente a voz que saia dos alto falantes do trem e me concentro em ler as notícias apresentadas no jornal. A edição de hoje estava sem dúvidas melhor do que a da semana passada.
— É raro ver um jovem nos dias de hoje segurando um jornal, ou pelo menos lendo alguma coisa que não seja aquelas revistas de fofocas– Olho para o lado e me deparo com um senhor de boina.
— Haha, é sempre bom se manter atualizado– Comento e fecho o jornal— Apesar de poder usar o celular, acredito que certas experiências são melhores a moda antiga.
— Acredito que sim...– Sorrio ao sentir seu olhar me examinando de cima a baixo— Você é daqui, ou está indo passear pela bela Londres?
— Eu nasci aqui, mas passei parte da minha vida viajando– Olho para as outras pessoas sentadas no trem e ajeito minhas luvas.
— É a primeira vez que encontro alguém com um estilo tão... único– E lá vamos nós. Perdi as contas de quantas vezes já tive que lidar com pessoas "curiosas".
— Sim, sim, gosto de pensar que a singularidade é a chave para uma vida ideal– Apesar de ser considerado antiquado, minhas roupas consistiam em um estilo steakpunk.
Estar de volta a Londres era sempre um mix de sensações, variando desde a nostalgia até o aborrecimento.
Meu trabalho consiste em desenvolver fórmulas químicas e novas substâncias, no entanto, esse é somente uma parte do trabalho.
O que eu realmente gostava de fazer, era pesquisar e catálogar monstros.
— Esse gato é seu? Nunca vi nada parecido!– Os olhos do senhor se voltam para a criatura deitada em meu colo e a olham com estranhamente.
Por sorte, eu havia tido o cuidado de colocar uma roupa que tampava suas pequenas asas, caso contrário, esse homem estaria surtando.
— Eu o adotei durante uma viagem à América do Sul– Minto descaradamente enquanto acaricio os pelos brancos do bichano.
— Sei...– Ele apenas aceita e volta a ler o livro que estava em suas mãos.
Depois de mais ou menos meia hora, a locomotiva chega ao destino final e os passageiros aos poucos vão esvaziando o vagão.
— Vamos, Ajudante!– Pego minha mala de mão e também saio do trem.
A estação estava lotada e pessoas corriam para chegar a tempo em seus compromissos.
Checo rapidamente a hora e apresso o passo sentindo os olhares em mim e no animal sobre os meus ombros.
— Estamos de volta a nossa casa– Comento e recebo um miado em resposta— Só espero que Ashley não tenha realugado o nosso apartamento– Falo com humor, mas sei que essa é uma possibilidade real.
'Só de imaginar que cheguei a esse ponto...'.
Apesar de ter o sobrenome Hellsing como o personagem Abraham Van Hellsing, minha vida nunca teve nada haver com a prática de caçar e matar criaturas sobrenaturais.
Pelo que me lembro, meu pai, um maldito bêbado idiota, vivia dizendo que sua maldita prima havia roubado a chance dele de ter um futuro brilhante na organização de sua família, e que por isso estávamos na sarjeta.
Aquilo claramente não passava de uma idiotice, já que sua má administração fez com que perdêssemos quase tudo, sobrando apenas um broche e a casa onde nasci.
Quando minha mãe morreu, ele acabou vendendo a casa para poder sustentar seu alcoolismo e só não vendeu o broche porque eu o havia escondido.
Claro, seu estilo de vida não o levou para lugar nenhum, e agora, após a sua morte, só me resta seguir em frente e tentar sobreviver.
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Imagines Rascunhos
AcakTrechos de histórias que eu pensei durante os meus picos de criatividade e que não consegui fazer uma história completa porque não achei um bom desenvolvimento