Capítulo: 01

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O amor que vale a pena - inclusive o que cultivamos por nós mesmos - está a serviço do ser, não do ter.

( ... )



O trânsito estava um caos naquela manhã e, para completar todo o azar, Paloma iria chegar muito atrasada ao seu local de trabalho. A morena olhava impaciente as horas no relógio em seu pulso; com certeza aquilo seria motivo de discórdia entre ela e o seu supervisor. Suspira irritada; finalmente, os carros começaram a andar, mesmo que fosse lentamente. Ela dirigia tranquilamente quando sente um impacto forte atrás do seu carro. Seu corpo tomba um pouco para frente, fazendo sua testa bater no volante. Ela se recompõe rapidamente, sentindo uma leve dor no local; só podia ser coisa mandada. Com o sangue fervendo, desceu do seu veículo, vendo um carro de luxo logo atrás. Iriam fazer menção de bater na porta, mas viu um homem de meia-idade descendo um pouco assustado.

Ele se aproxima, pedindo desculpas, dizendo que arcaria com as despesas do conserto, já que a traseira do carro havia sido "destruída". Era óbvio que ele era motorista de algum riquinho, já que estava utilizando um uniforme e parecia muito nervoso.

- Senhorita, eu irei pagar com os custos. Não se preocupe, você se machucou! - analisa o ferimento na testa. - Por favor, eu mesmo te levo para o hospital e chamo um reboque para o seu carro. Meu patrão está dentro do carro, venha comigo, ele não se importará.

- Isso não é nada. - passa a mão na testa, - eu tenho que trabalhar, por favor, só me passe o seu número para acertarmos o valor no final do dia. Eu deixo o carro na oficina e te repasso o que irá ser feito.

Paloma segurava o celular, pronta para anotar o contato, quando vê o vidro de atrás do veículo se abrindo lentamente, revelando um homem bonito com lindos olhos verdes, que tinha a expressão de preocupação. Ele a encarou como se estivesse procurando algum machucado a mais. Viu que estava tudo em ordem; além do arranhão inútil na testa, parecia aliviado, então começou a falar:

- Fique tranquila, eu mesmo irei pagar os danos causados; o Marcos só se distraiu um pouco e não teve tempo de frear. Acho melhor chamarmos um reboque; não acho confiável andar em um carro que está danificado pela sua própria segurança. E tem certeza de que não quer ir ao hospital ver esse machucado?

- Eu já disse que não precisa, senhor. Já conversei com o seu funcionário, ele está prestes a me passar o contato para resolvermos isso logo. Eu tenho horário; não posso ficar perdendo tempo. - suspira.

- Nesse carro você não vai a lugar nenhum; irei chamar um táxi. - fala sério, - não vou colocar sua vida em risco dessa forma. Vai que aconteça algo a mais?! Não vou pagar para ver! Marcos, chame o reboque; o seu táxi está chegando, espere só dez minutos.

- Qual o seu problema? Você acha que porque tem dinheiro pode mandar em mim? - ri, soprando. - Então desça do carro e veja que o meu carro tem, sim, condições de ser dirigido, e eu não vou perder meu tempo; vamos, meu querido, desça do carro. - bate na porta do carro. - Vamos!

- Senhorita, por favor, olhe seus modos; meu patrão só está tentando te ajudar. - coça a nuca. - Vamos resolver isso de forma civilizada; não precisa dessa agressividade toda!

- Deixa a moça, Marcos. Se ela está dizendo que o carro tem condições de seguir viagem, não vamos mais tomar o tempo dela. Pegue o meu cartão com o meu número e entregue para ela! Quando souber do valor do conserto, me ligue; farei um pix para a sua conta! E mais uma vez, desculpe por todo esse transtorno logo cedo; espero que tenha um dia bom.



Quebra de tempo •



Quando chegou ao seu local de trabalho, percebeu que estava ferrada. Patrícia, a recepcionista, lhe informou que o chefe queria que ela conversasse com ele assim que chegasse. Nervosa, ela adentrou a sala do homem que tinha um olhar mortal sobre si. Explicou todo o ocorrido, mas parecia ter sido em vão. Viu quando ele se levantou da sua cadeira giratória, sorrindo sarcasticamente, se aproximando e dizendo que ela estava fora da equipe: DEMITIDA. Ela chorou, pedindo outra chance, mas o homem ordenou que ela passasse no escritório de contabilidade para fazer os acertos do tempo que trabalhou. Ela limpou as lágrimas; não podia acreditar que isso estava acontecendo.

Além das aparências | Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora