Capítulo: 13

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Uma gaiola foi em busca de um pássaro.
Uma gaiola está sempre à espera de um pássaro.

- Franz Kafka

( ... )



Rafael estava deitado novamente depois do banho, um pouco mais relaxado e aliviado; as dores tinham diminuído muito para a sua sorte. Ficou pensando em Paloma, em tudo que ela representava em sua vida em tão pouco tempo, todo o seu cuidado consigo, a sua forma leve de tratar a sua deficiência física; viu quando a porta se abriu, revelando a mesma que caminhou para perto de si, beijando a sua bochecha.
Ele sorriu com o gesto e pediu para a mesma deitar ali; queria ficar mais perto dela de qualquer forma.


- Seu cabelo está tão cheiroso, meu amor, como se sente? - O encara apreensiva, quer que eu faça alguma coisa? Bom, esta tarde preciso ir embora daqui a pouco; amanhã, se quiser, eu venho te visitar.


- Sou um homem perfumado. - Brinca, estou ótimo assim, meu bem, obrigado por estar aqui. Vou morrer de saudades, sua princesa; lógico que você vem amanhã, nosso almoço ainda está de pé. Agora você já conhece meus pais... Será que o Gabriel ficou com raiva porque não pude ir? O presente dele está guardado; irei entregar para ele pessoalmente!



- Tem certeza? Você precisa descansar, podemos deixar para outro dia, sem problemas; o importante é você ficar bem. Fica tranquilo, Rafa, eu conversei com o pequeno e ele entendeu. - Arruma uns fios de cabelo dele, também vou sentir saudades!

- Nem pensar, amanhã quero os dois aqui, viu? Que bom, Paloma, não quero decepcioná-lo novamente, igual da outra vez. Sabia o que eu queria agora?

- Você não decepcionou ele, mas vamos mudar de assunto... Humm, você quer um beijinho?! - Ri divertida, posso te dar vários até ir embora!


- Isso eu quero também. - Entra na brincadeira, mas eu gostaria de abraçar você agora, pena que não dá. - Abaixa o olhar, estar deitado me limita ainda mais, meus movimentos ficam quase nulos e ainda estou sem as órteses; minhas mãos são horríveis sem elas, nem queria que visse isso. - Suspira!

- Quem disse que não pode?! Vamos resolver isso agora mesmo, meu amor. - Beija os lábios dele!


Ela, com toda segurança, vira o corpo do amado que estava deitado reto na cama; aos poucos, ele fica de lado. Suavemente, a morena pega o braço dele, colocando por cima de si; depois faz o mesmo processo com a perna, colocando em cima da dela, se entrelaçando em um abraço um pouco desajeitado, mas com um significado muito especial para ambos; era o primeiro de muitos. Rafael deixa umas lágrimas caírem, um pouco emocionado; ter a sua doce Paloma em seus braços era incrível, conseguia sentir o cheiro delicioso que vinha dela, embora não pudesse sentir o toque por conta de não ter sensibilidade. Ele fechou os olhos, se lembrando de como era essa sensação antes de sofrer o acidente; se pudesse, moraria ali naquele momento. Paloma pegou sua mão direita, que era menos atrofiada, e entrelaçou na dela, dando um selinho breve, lhe dizendo que não precisava ser inseguro em relação a elas, pois tudo nele era perfeito diante de seus olhos. Eles ficam assim por um tempo, a morena o beijando e fazendo carícias em todo o corpo do amado, claro, com todo respeito, sem nenhuma intenção sexual, apenas mostrando que se importava em tocá-lo, mesmo sabendo que ele não podia, de fato, sentir. Em um momento, ela levanta a cabeça e vê que o mesmo havia pegado no sono tranquilamente. Satisfeita, Paloma se levanta devagar para não acordá-lo, arruma seu corpo, colocando um travesseiro no meio das pernas do mais velho. O cobre com o cobertor e deixa um beijo na testa do amado, que resmunga alguma coisa, provavelmente sonhando. Ela sorriu e saiu do quarto, fechando a porta!




Na manhã seguinte •


Gabriel olhava com animação a área de lazer da mansão dos Medeiros na companhia dos donos da residência, que estavam encantados com como a criança era esperta e muito educada. Paloma estava na sala acompanhada de Raíssa e Rodrigo, enquanto Renato ajudava Rafael a se arrumar para receber os convidados. Seu Luís levou o menino até o quarto do filho, que gelou um pouco ao vê-lo, pois ainda estava na cama. Seria feito todo o processo para ir para a cadeira de rodas, que estava encostada à cama.

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