Eu só é ruim ser bom demais quando você não se inclui na própria generosidade.
( ... )
PALOMA 🪐
Um mês que muitas coisas perderam o sentido para mim. Rafael estava em coma, lutando pela sua vida. O acidente havia prejudicado ainda mais a sua lesão na coluna; os médicos realizaram a cirurgia, porém não sabiam se teria mais alguma sequela. Além disso, ele precisou de outra cirurgia, essa no abdômen, por conta de um sangramento interno. Rafael acabou contraindo uma bactéria resistente que quase o matou. Precisaram induzir o coma para que ele pudesse se recuperar da melhor forma possível. Como me dói ver meu amor deitado naquela cama, cheio de tubos, imóvel, pálido, cheio de cicatrizes devido aos estilhaços de vidro que cortaram seu corpo. Os médicos dizem que o estado dele é estável, embora exija muitos cuidados e ainda haja alguns riscos. Infelizmente, Fábio conseguiu na justiça o direito de fazer visitas para Gabriel. Meu filho está todo iludido com a chegada desse novo pai em sua vida. Óbvio que não vou traumatizar meu garoto dizendo coisas negativas daquele traste; apenas aguento tudo para ver o sorriso da minha criança preferida no mundo, embora, por um milagre, ele pareça ser um bom pai e está sempre fazendo as vontades do menino. Todos os dias vou visitar o Rafa; fico conversando com ele na esperança de vê-lo abrir aqueles lindos olhos azuis que tanto sinto falta. O trabalho está sendo um escape para mim poder ocupar a minha mente que anda tão perturbada.
Tento ao máximo me manter forte por causa do Gabriel e também para quando o Rafa acordar, eu estar bem para poder ajudá-lo. Hoje é sábado, o dia que Fábio vem buscar o meu filho para um passeio, no qual eu irei, pois jamais deixaria ele sozinho com aquele ser arrogante. Me arrumo sem nenhum ânimo enquanto vejo Biel todo animado para a chegada do pai.
— Mamãe, o meu papai disse que vai me levar um dia na casa dele para tomar banho de piscina. — diz, se sentando ao lado da mãe. Ele é tão legal... Mamãe, por que vocês dois não namoram?
— Gabriel, meu amor, eu namoro com o tio Rafa, você se esqueceu? E, além do mais, seu pai é casado. Tire esses pensamentos da sua cabeça, querido. — diz, olhando séria para a criança.
— O tio Rafa sumiu, mamãe. Ele nunca mais apareceu. Podemos visitar ele então? — senta no colo da outra em expectativa. Quero contar que agora eu tenho um papai que sempre joga bola comigo!
— Ele está dodói, lembra que a mamãe te falou? Mas vai se recuperar logo, e vamos visitar ele juntos.
( ... )
Paloma andava ao lado de Fábio, que lhe dizia que Letícia queria conhecer Gabriel; afinal, eles teriam contato de qualquer forma. Enquanto a criança brincava com algumas crianças que estavam ali no parque!
— O que ela acha de tudo isso? Que o marido perfeito dela abandonou o próprio filho? O que você fez para ela aceitar essa situação tão inusitada?
— Nada. A Letícia morre de amor por mim, claro. Eu sou o homem que toda mulher sonha em ter ao lado, Paloma. — pisca, jogando charme. Você já experimentou e já sabe do que estou falando; só disse a ela que foi um erro de juventude, afinal todos erram.
— Você é um caso perdido mesmo! Deus me livre! Eu sinto nojo de tudo que você faz e fez... só permito essa palhaçada toda por causa do meu filho, que está muito iludido. — suspira!
— Nosso filho, o moleque, é a minha cópia viva, e eu vou dar tudo que ele merece, tipo uma recompensa por esses anos longe. — diz, analisando a paisagem. De verdade me simpatizo com ele. Só quero o melhor!
— Um pouco tarde, né? Sete anos depois... inacreditável esse seu comportamento. Olha, eu permito que a sua esposa conheça ele sim, mas se eu souber que ela está maltratando ou manchando nosso nome por aí, eu te mato. — encara ele com raiva.
— Fica ainda mais gostosa bravinha, adoro mulher brava. — se aproxima. Está tão cheirosa.
— Sai de perto de mim, se não eu grito aqui mesmo, seu imundo. — revira os olhos. Acho que esse passei já deu no que tinha que dar. Vou chamar meu filho para irmos embora. — dispara.
— Eu prometi levar ele para tomar um sorvete antes, então se aguente mais um pouco, senhora bravinha. — sai gargalhando, indo em direção a Gabriel, o pegando no colo e jogando no ar. A criança sorri em uma felicidade genuína.
Quebra de tempo —
De tardezinha, a morena vai para o hospital visitar Rafael, encontrando na recepção Rodrigo e Melina. Ambos já tinham saído da UTI e visto o mais velho. Ela fica conversando com eles por breves minutos até ir aonde seu amado estava, com todo cuidado possível, já vestida com a roupa especial por causa das bactérias. Tudo ali era bem higienizado. Ela chora um pouco ao ver como ele estava mais magro, os cabelos grandes e até uma barba se formando em seu rosto. Vai passando as mãos pelo seu rosto com cuidado, agradecendo imensamente pelos pais de Rafael terem concedido a sua entrada no quarto, pois só era permitido familiares muito próximos. Ela faz um carinho nos fios de cabelo lisos, se abaixa um pouco, parando em seu ouvido e lhe dizendo as seguintes palavras: Eu te amo, meu amor, volta para nós. Seu momento a sós com ele é interrompido pela enfermeira, trazendo mais medicamentos para colocar no soro dele...
— Desculpe atrapalhar o momento, mas não posso atrasar os horários dos medicamentos. — sorri um pouco gentil. Você é a namorada dele?
— Eu entendo, não tem problema, sim, sou a namorada dele. — fala orgulhosa...
— É muito importante a sua presença, mesmo que ele esteja dormindo. Consegui sentir que você está aqui. Não tinha visto que tinha se formado uma escara na perna dele. — suspira, preocupada. Pacientes acamados ocorrem muito isso. Temos que cuidar o mais rápido possível por causa de bactérias e germes.
— Isso é muito grave? — pergunta preocupada. O médico já está sabendo disso? Mais problemas...
— Se acalme. Provavelmente surgiu agora, mas o médico irá ser informado imediatamente por mim. Vamos cuidar disso e em breve ficará ótimo. Já terminei aqui, você tem mais alguns minutos com ele a sós...
A enfermeira deixa o quarto e Paloma novamente fica ali, conversando com ele, fazendo carícias nele. Quando vê os olhos dele se abrindo lentamente, ela grita no corredor chamando por um médico e volta para perto do amado, dizendo várias vezes que o amava. Quando a equipe adentra o local, ela foi para fora por causa dos protocolos médicos. Ela aproveita para ligar para os pais de Rafael, dizendo que ele finalmente tinha acordado. Pouco tempo depois, todos já haviam chegado lá; era um misto de felicidade e alívio. Finalmente, ele tinha acordado. Paloma estava muito emocionada e feliz, não via a hora de poder conversar com Rafael e matar as saudades...
Tempo depois, o médico que estava responsável pelo tratamento de Rafael aparece trazendo notícias.
— Como meu filho está, doutor? Ele tá bem, né?
— Realizamos alguns testes neurológicos com o Rafael; aparentemente está tudo bem com o paciente, mas ele não conseguiu mexer nada do pescoço para baixo... como tinha falado antes, não sabíamos se ficaria mais alguma sequela da cirurgia na coluna. Infelizmente, ficou. — suspira. Já esperávamos por isso. O Rafael já é um lesionado. Mover novamente o pescoço dele foi muito arriscado, mas necessário. Agora é ter paciência para conduzir o tratamento de reabilitação, cuidar do psicológico dele que está muito abalado. Tivemos que sedá-lo, pois ficou muito agitado por não ter conseguido mexer as mãos e braços. Surgiu uma escara de pressão, vamos cuidar disso também!
— Doutor, seja sincero. Há chances do Rafa conseguir mexer novamente, por pouco que seja, os braços e mãos? — Seu Luís pergunta angustiado. Isso é demais, ele não merece isso. — se entrega ao choro.
— As chances são mínimas, não vou mentir.
Paloma escuta tudo, aqui aos prantos, imaginando como tudo seria dali para frente, mas com a certeza de que jamais deixaria de ficar ao lado do homem que ama.
Notas finais : Boa tarde amores .
Eu juro que no final dará tudo certo ou não hahaha .
Comentem , votem por favor..Beijos !
VOCÊ ESTÁ LENDO
Além das aparências | Livro 1
RomancePaloma é uma mulher determinada enfrentando o dilema de ser mãe solo de um lindo garotinho. Ela gostaria muito de viver um romance "perfeito", mas sabia que sua realidade era outra; os caras que já passaram por sua vida lhe mostravam que a mesma só...