Capítulo: 06

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Por favor, não deixe a gente se tornar estranhos com memórias.

( ... )



Na quarta-feira, Paloma havia chegado atrasada no trabalho. Ela pediu desculpas para Rafael, dizendo que aquilo não se repetiria. O outro, óbvio que não fez caso, mas notou que ela estava um pouco diferente. Parecia estar nervosa, distante e só respondia o que era necessário quando o mais velho perguntava alguma coisa. Toda a parte da manhã foi nesse clima um pouco atípico. Quando retorna do horário do almoço, Rafael adentrou a sala, vendo a mesma de cabeça baixa, fungando um pouco. Ela nota a presença do chefe, então se recompõe rapidamente, ligando o computador e erguendo a cabeça, mostrando que tinha chorado há pouco tempo!

- Paloma, aconteceu alguma coisa? Você estava chorando? - se aproxima com a cadeira. É algo que posso ajudar? Por favor, me responda, não chore. Se sente mal? - diz, agoniado, vendo a mesma cair em um choro silencioso.

- Desculpe por isso. - limpa as lágrimas. Foi um momento de fraqueza. Sei que não posso ficar misturando vida pessoal com o trabalho. Estou sendo paga para trabalhar e não chorar feito uma estúpida!

- Não fale isso, você nunca será estúpida. Se quiser desabafar, estou aqui, tá? Posso te ouvir tranquilamente. Não quero que se sinta dessa forma, mas também, se não quiser falar, eu compreendo perfeitamente. Não quero te forçar a nada.

- Obrigada, só estou cansada de ser julgada por ser mãe solteira, como se isso fosse o maior dos crimes. - suspira, angustiada, cansada de ver as outras mães da escola do meu filho me olharem com indiferença. Pior, tratar meu filho de outra forma. Enquanto o pai dele deve estar por aí, vivendo uma vida tranquila, sem nenhuma preocupação e responsabilidade, eu tenho que me virar do avesso para tentar dar uma vida mais confortável para ele, SOZINHA! E mesmo assim, ver que ele sente falta de ter um pai presente em sua vida. Diante disso, o que posso fazer, Rafael? Nada. Tenho que ficar inventando histórias, mas ele está crescendo e ficando cada dia mais esperto. Uma hora ou outra, vai cair na real que o pai nos abandonou. E quando esse dia chegar, não sei como irei aguentar tanta culpa!

- Paloma... eu não posso nem imaginar como você se sente em relação a isso, mas desde o dia que te conheci, percebi que você é uma mulher honesta, bondosa, uma mãe excepcional para o Gabriel. Que, mesmo diante das dificuldades, está de cabeça erguida, como deve ser. Essa sociedade é tão cruel... Por mais difícil que seja, não deixe que isso te abale. Essas pessoas são ridículas com uma falsa moralidade. Discurso hipócrita deveriam condenar o genitor que os abandona em um ato totalmente covarde, sem nenhum resquício de caráter da parte dele. Não se culpe pelo erro dele. Quando o Gabriel crescer, vai entender tudo e vai te agradecer imensamente por tudo que faz por ele.

Paloma assente positiva, deixando as lágrimas caírem. Se levanta da cadeira, indo para a frente de Rafael, se inclinando um pouco e o abraçando, envergonhada. Mas era isso que seu coração pedia para fazer. Ele era tão bom consigo, não a julgava feito alguns homens que achavam que ela era uma mulher fácil. Ali, naquele abraço, ela se sentia protegida, tranquila. O contato pele a pele com ele a fazia sentir ondas de energias positivas. Encaixou a cabeça na curvatura do pescoço alheio, sentindo o cheiro gostoso que vinha dele. Suas respirações estavam descompassadas, seu coração acelerado. Queria poder ficar mais tempo assim, mas rapidamente se afasta, se sentando em sua cadeira, enquanto Rafael tinha um sorriso singelo nos lábios, um pouco vermelho, talvez envergonhado pela atitude da moça. Mas era evidente que ele também correspondia àquele afeto tão inesperado.


( ... )


O feriado prolongado deixava qualquer trabalhador alegre e com a morena não era diferente. Ficar em casa descansando era o seu divertimento preferido em ser adulta. Seus pais aproveitavam para visitar uns parentes que moravam na cidade vizinha. Alícia, por um milagre do acaso, foi junto, o que significava que só estava ela e Gabriel em casa. Pela manhã, ela se certificou em fazer uma faxina pelo ambiente e preparar o almoço enquanto o filho brincava no quintal com seus brinquedos. Ela colocava algumas roupas na máquina quando vê uma notificação em seu celular. Era uma mensagem de Melina. Rapidamente, ela abre o aplicativo que continha as seguintes falas:

Além das aparências | Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora