Capítulo: 10

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Toda arrogância é subestimar os próprios defeitos.

( ... )



O voo para São Paulo foi tranquilo, chegaram à tarde, indo diretamente para o hotel onde as reservas foram feitas. Marcos, sempre atencioso em ajudar Rafael, que estava muito retraído, falava o básico somente quando era mencionado em algo. Ele foi o voo todo dormindo ao lado de Paloma, que achou de certa forma fofo o jeitinho adorável como ele encostou a cabeça na poltrona de lado. Na recepção do hotel, pegaram as chaves dos quartos reservados para eles, todos no mesmo andar. Paloma foi a primeira a adentrar o dela, achando tudo muito chique; aliás, tudo ali era. Pegou a bolsa, retirando uma peça de roupa, precisava de um banho para relaxar. Depois de fazer isso, ela pega o celular, fazendo uma vídeo chamada com Gabriel, que estava lhe perguntando como era andar de avião. Ela disse que foi divertido e que da próxima vez ele também iria viajar. Um tempo depois, ela encerra a ligação. Sem muito o que fazer, ela vai para fora do quarto, desce até o andar de baixo, encontrando Marcos, que a chama para tomar um café em uma cafeteria perto dali.

- Nada melhor que nesse frio se esquentar bebendo um café. - diz, sorrindo. Então, senhorita, vai aproveitar para conhecer um pouco a cidade? Existem lugares legais para se visitar, aposto que irá gostar.

- Não sei ao certo, é a primeira vez que venho para cá. - confessa, alegre. Tenho até medo de me perder. Imagina o caos, acho mais viável ficar quietinha!

- Quem tem boca não se perde, Paloma. O patrãozinho disse que podíamos sair para onde quiséssemos; claro que irei me atentar quando ele precisar da minha ajuda. - fala, sério.

- Hoje nem pensar, estou cansada. Marcos, faz muito tempo que você trabalha com o Rafael? Nunca paramos para conversar. - beberica o café. Fiquei curiosa em saber; agora vocês parecem íntimos!

- A menina, faz tanto tempo! O patrão tinha vinte anos na época, acredita?! - diz, nostálgico. Só tenho que agradecer por esse trabalho e, principalmente, a ele, por ser alguém tão generoso com seus funcionários. Irei me aposentar em breve, fico até com receio, preciso deixar alguém de confiança no meu lugar!

- Nossa, tantos anos, imagino que crie mesmo um laço de amizade. Ele é muito bondoso. Mesmo sem a ajuda dele, não teria arrumado esse emprego.

- Sim, ele faz as coisas boas, mas prefere fazer no off; não é o tipo de gente que gosta de se mostrar. Fico um pouco triste quando percebo que as pessoas o limitam o tempo todo, como se não fosse capaz, sabe?! Eu aprendi muito com ele durante esses anos; sempre bem humorado diante das dificuldades da falta de acessibilidade, nunca vi ele reclamar por ser tetraplégico. Gostaria muito que ele encontrasse uma mulher boa para amá-lo do jeito que merece!

- Eu tenho certeza que sim, Marcos. Ele vai encontrar uma mulher maravilhosa para ficar ao lado dele.


PALOMA 🪐


Passei o finalzinho da tarde sentada no banco da praça que ficava em frente ao hotel. Não vi Rafael desde o horário que chegamos aqui. Ao anoitecer, retornei para dentro, pois o frio estava insuportável. Fui jantar no restaurante do hotel com outros hóspedes; pensei que poderia vê-lo ali, porém não o encontrei. Estava um pouco preocupada, mas tinha receio de ir procurá-lo em seu quarto, pois não estávamos em um bom momento. Eu poderia ser invasiva se fosse até lá; era melhor preservar sua privacidade. Terminei de comer, subi até o quarto e encontrei novamente com Marcos, que tinha acabado de sair do quarto do mesmo. Perguntei por Rafael, ele me disse que estava deitado e que iria ligar para a recepção para mandar algum funcionário levar o jantar dele até lá, pois se sentia indisposto. Concordei com a cabeça e esperei ele pegar o elevador para poder bater na porta do quarto do Rafa. Ele pareceu reconhecer a minha voz de imediato, pois me mandou entrar. Adentrei o espaço vendo ele deitado na cama; o lençol cobria suas pernas. Ele parecia um pouco abatido. Com cuidado, me sentei na ponta da cama, fiquei uns segundos encarando aqueles olhos verdes brilhantes.

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