1.

1.5K 131 405
                                    

Ano de 2017.

O corredor estava escuro, mas a luz das janelas ajudavam a guiar os passos em direção ao quarto de Yan que, pelo o que Amaury lembrava, era o último do lado esquerdo. O rapaz o havia instruído a chegar lá, assim como onde acharia a chave reserva da república na pedra falsa embaixo do banco da entrada.

Os passos tentavam ser leves para não acordar ninguém, já que era a madrugada de um domingo para segunda do período letivo, e não queria ser pego. Na verdade, Yan fazia muita questão de não ser pego. Amaury o respeitava. Não era nada sério, afinal. Pelo menos, não por enquanto.

As pessoas hoje não se relacionam sério depois de transarem umas duas vezes, não é?

Abriu a porta do quarto sorrateiramente, deixando que seus olhos se adaptassem ao novo ambiente, mas logo reparando que não lembrava das luzes de natal penduradas na cabeceira da cama. A última (e única) vez que esteve ali, estava tão bêbado que mal se lembrava do que aconteceu, quanto mais do ambiente.

Viu o corpo de Yan embrulhado dos pés a cabeça por um grosso edredom e sorriu. Ele havia avisado que poderia estar dormindo, mas autorizou Amaury a acordá-lo, se fosse o caso. Sendo assim, após tirar a calça jeans, a camisa branca e os tênis, ficando apenas de cueca preta, o homem se esgueirou para dentro do edredom com Yan e o abraçou por trás, puxando o corpo para colar no seu.

Ao levar o rosto para a nuca do homem, Amaury foi surpreendido com um grito assustado, seguido de vários tapas em seus braços e um par de pés o chutando para fora da cama, até ser jogado no chão.

“Você tá louco?”

Gritou, o preto.

“Você que tá louco! Quem é você?”

“Espera! Você não é o Yan!”

Amaury apontava da cama para o rapaz a sua frente.

“Não, é claro que não!”

O menor gritou, se levantando da cama e estendendo os braços no ar, exasperado.

“O que o Yan estaria fazendo no meu quarto?”

“Seu quarto?”

“Você não é muito esperto, não é?”

Agora, o menor levava as duas mãos às cinturas e o olhava como se ele fosse algum bicho estranho, mas com o susto passando e o divertimento surgindo no olhar.

“Meu Deus! Você está nu?”

Havia uma diversão na voz também enquanto cobria a boca com uma das mãos.

“Caralho.”

Sussurrou, Amaury. Buscando as roupas no chão e tentando se cobrir.

“Bom, é quase isso que estou vendo mesmo…”

A voz zombeteira continuava, e Amaury sentia seu rosto queimar de vergonha.

“Já foi humilhante o suficiente aqui…”

Começou a frase, abaixando-se para vestir a calça.

“Você pode me dizer onde é o quarto do Yan?”

“Ah, tem certeza que não quer ficar aqui?”

Os olhos enormes e dourados o encararam, e, por um momento, Amaury realmente pensou que o menor falava sério, mas logo uma risada alta escapou de sua garganta.

“Último quarto à direita. Em frente ao meu.”

Falou, já se voltando para sua cama de novo e se cobrindo com o edredom até o queixo.

don't say yes to him Onde histórias criam vida. Descubra agora