13.

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Suas mãos suavam, o coração batia forte contra as costelas, zumbindo o sangue nos ouvidos. Precisou respirar fundo três vezes antes de bater na porta, porque sabia que naquele momento tudo iria mudar. Sua vida passaria a ser outra, era uma certeza muito forte.

Só esperava que fosse ao lado de Diego.

O barulho do trinco se fez presente e a maçaneta girou numa lentidão torturante, antes da porta se abrir e revelar um quarto amplo, com detalhes que Amaury não conseguia prestar atenção, porque tudo o que enxergava eram os olhos dourados de Diego, o encarando de baixo, e o sorriso que surgiu em seus lábios rosados, no rosto surpreso, ao vê-lo.

Sem falar nada, como se uma parte de Diego, mesmo surpresa, soubesse o que ia encontrar do outro lado da porta, pulou nos braços de Amaury, o enlaçando pelo pescoço e sendo levantado pela cintura, girado no ar.

“Meu Deus! Meu Deus!”

Dizia Diego, perto de seu ouvido, com um riso incrédulo.

“O que você está fazendo aqui?”

Foi colocado no chão de novo, mas os corpos não se afastaram. Segurava o rosto de Amaury entre as mãos e os dedos tatuados faziam o típico carinho na barba. Amaury o encarava, com um sorriso grande no rosto, passando a mão pelos cabelos ruivos, quase em desespero, sentindo-se respirar normalmente pela primeira vez em um pouco mais de um mês.

“Precisei bater meus sapatinhos de rubi e voltar ao Kansas, pequetito.”

Diego fez um biquinho emocionado, sentindo o coração bater forte contra as costelas e a adrenalina correr em seu corpo, tanto que as pupilas estavam dilatadas e a respiração ofegante. Jogou os braços pelo pescoço do preto de novo, o apertando e sendo apertado.

“É tão bom ver você, Maury. Eu tô tão feliz!”

Amaury foi tomado pelas mãos, sendo puxado para dentro do quarto, só então podendo notar a grande cama de casal, a mala de Diego aberta - e, claro, bagunçada - em cima de um sofá, e as cortinas blackout abertas, dando uma bela visão para a praia do Leblon e o céu noturno.

Os dois se olhavam só sorrisos, se encaravam como se tivessem medo de desviar os olhos e perceberem que tudo era miragem. Não parecia um mês longe, parecia que estavam separados há muito mais tempo do que os dias e horas que se passaram.

“Você está ocupado, Dico? Estou te atrapalhando?”

Perguntou, rapidamente notando que poderia entrar no meio de algum plano de trabalho ou algo assim.

“Não. Na verdade, você chegou em boa hora. Eu ia pedir comida, o que acha?”

Um sorriso aliviado de Amaury, com os ombros se abaixando, foram as respostas que o ruivo precisava.

“O que você acha de um fettuccine à bolonhesa?”

Perguntou, o ruivo, sendo puxado para mais um abraço empolgado, ganhando um beijo estalado na testa.

“Não acertei uma comida desde que você viajou!”

A resposta de Amaury fez o outro rir e assentir, ligando para o serviço de quarto em seguida.

Comeram seus macarrões em silêncio, que só não foi total pelo barulho da TV que passava um desenho animado, tirando risinhos dos dois vez ou outra.

Não era um silêncio desconfortável, muito pelo contrário. Em todos esses dias, era a primeira vez que ambos desfrutavam o silêncio. Estar na quietude, ouvindo o tintilar dos talheres, uma risada ou outra que escapava, e tendo os olhares se encontrando, quase furtivos, era tudo o que eles precisavam para se sentirem inteiros de novo.

don't say yes to him Onde histórias criam vida. Descubra agora