17.

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Diego ficou parado no corredor entre os dois apartamentos, olhava para a porta de Amaury como se seu monstro debaixo da cama estivesse do outro lado. Bom, meio que estava. Sentia a cabeça girar, o peito apertado e a garganta doía pelo choro que tentava conter.

Ele acreditou de novo.

Foi burro, de novo.

Não sabe como aconteceu, nem se lembrando de andar tanto ou do caminho que pegou. Só queria sair dali, queria ficar longe dos apartamentos que, mesmo cada um tendo o seu, eram tão um do outro. Era como se aquele prédio tivesse o som da risada de Amaury, e seu próprio apartamento exalava o cheiro de orvalho do preto, misturado com o seu floral. Até nisso combinavam.

Andou desenfreado, não sabendo se às pressas ou um passo de cada vez, mas parou ao se ver tocando a campainha duas vezes, sendo recebido por uma Larissa que bocejava longo e tinha os cabelos bagunçados pela cama. Não falou nada, ficou parado à porta enquanto a amiga o fitava e o semblante de sono mudava de surpresa ao vê-lo, mas uma preocupação que a fazia arregalar os olhos.

“O que aconteceu?”

A voz fina saiu rouca por falta de uso, e soube abrir os braços para receber o corpo do amigo no momento certo que ele investiu contra ela.

“Ele fez de novo.”

Falou, com o rosto escondido nos cachos ruivos, e fungando quando o corpo passou a se mexer por conta dos soluços que passaram a compor o choro.

“Eu ia largar tudo por ele, Larissa.”

Não precisou de muito para entender de quem se tratava, mas enquanto puxava Diego para dentro de casa, ainda entre seus braços, fechando a porta atrás dele, buscava no fundo da mente uma explicação, seja lá qual fosse para seja lá o que Amaury tivesse feito.

“Vocês estavam se resolvendo ontem, Di.”

Argumentou, apertando mais os braços em volta do amigo.

“Sim… fui até o apartamento dele agora de manhã e ele estava com a Agatha.”

“O QUÊ?”

Larissa se afastou de Diego apenas para olhá-lo, o segurando pelos ombros e sentindo o coração apertar ao ver os olhos dourados cheios de lágrimas.

“Isso não faz sentido, Diego. Ele finalmente entendeu, sabe? Que gosta de você!”

Diego revirou os olhos, passando a mão no rosto e se encaminhando para o sofá da sala da amiga, se sentando e balançando a cabeça.

“Bela forma de mostrar isso, dormindo com aquela loira do banheiro! Ele sabia que eu ia lá pela manhã, Larissa!”

Dizia indignado, vendo a ruiva sentar ao seu lado no sofá.

“E por que ele faria isso, sabendo que você ia lá?”

Achou ser um bom argumento, mas viu que perdeu ao receber um olhar intenso do outro, que rebateu.

“Por que ele mandaria emoji de foguinho, hein?”

Lari ficou calada, não teve como defender no momento. Viu Amaury mudar diante de seus olhos, ou pensou ver. Independente do que tenha acontecido, ela estava chateada dele ter colocado, mais uma vez, Diego nessa situação. Tê-lo se feito questionar, mais uma vez, depois de tudo.

“Posso ficar aqui um pouco? Não quero ir pra casa, não quero encontrar com ele.”

Disse, já deitando no colo da amiga e fechando os olhos, deixando as lágrimas escorrerem mais livremente.

“O tempo que precisar, gatinho.”

Passou a fazer carinho nas ondas ruivas do amigo, e aproveitou os olhos fechados do outro para pegar seu celular em mãos e às pressas digitar uma mensagem.

don't say yes to him Onde histórias criam vida. Descubra agora