Adrian Giggs e o apóstolo de Jade

6 - Combate no aeroporto

Ok, vamos lá, se coloque no meu lugar só por um instante: Você está sendo espancado pelo seu antigo professor de esgrima, você se sente fraco, e do nada solta um grito. E aí, quando você acorda, você está sendo condenado à morte por ser um dragão, o que fazer?

A) Lutar.
B) Correr.
C) Chorar. 
D) Intimidar todos
E) Desmaiar

Se vocês me conhecem, vocês sabem o que eu escolhi né? 
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Resposta correta é letra E. 

Se eu posso me gabar, eu desmaiei de um modo teatral. Quando Snaeda iria me dar um corte eu cai no mesmo instante e de lá não levantei. E pela primeira vez em muito tempo, dei de cara com um dos sonhos esquisitos.
Quando abri os olhos me deparei com a mesma sala esverdeada, as chamas verdes e todo o lugar revestido em Jade atraiu meus olhos com ganância para suas riquezas, já fazia muito tempo, mas lá estava eu. Quando me levantei estava desnorteado acho que por cem por cento, ao mesmo tempo que sonso e com mais sono ainda. Me ergui lentamente, não conseguia ver os machucados que Zero fez no meu corpo, mas consegui ainda sentir a dor. Como expliquei anteriormente, minha regeneração realmente foi levada ao seu limite. Por isso, talvez eu ainda tenha feridas internas. Isso pra mim foi uma informação muito importante, eu não posso permitir que meu corpo seja machucado como foi hoje, pois caso minha regeneração sobrecarregue, eu morro.

Caminhei um pouco por aquela sala, até que me deparei com um velho conhecido meu. O homem das mil espadas me olhou com seus olhos verdes, os seus olhos e a sua boca eram as únicas coisas completamente visíveis. Ele moveu um de seus braços, também completamente perfurado, e arrancou uma espada em sua garganta. Desse ferimento, um líquido negro saiu, derramando sobre o chão, e não parando de derramar.

— Quanto tempo, Adrian Giggs.
— Você... Achei que estivesse ficando louco.
— Todos nós enlouquecemos em algum momento.
— Motivador, obrigado.
— Já faz muito tempo desde que nos vimos pela última vez, que tal um gentil resumo?

E então fiz como ele pediu, sentei-me e expliquei em detalhes tudo que aconteceu desde aquele sonho que mudou minha vida. O homem das mil espadas ouviu atentamente, o que me incomodou é que aquele líquido que não parava de vazar. De qualquer modo, assim que terminei de explicar minha história e os seus acontecimentos, o homem das mil espadas sorriu para mim.

— Vejo que encontrou bons amigos, Adrian. Isso é ótimo, mas também presumo que em sua jornada, como todo heroi, fizeste inimigos. Isso é comum, e eu o entendo.
— Mas... Eu ainda não sei quem eles são, entende?
— Nem sempre precisamos conhecer nossos inimigos para enfrentá-los, porém, posso lhe garantir. O seu maior inimigo, você já conheceu.
— Quem? — Se fosse o Zero, iria concordar plenamente, ou a Snaeda.
— Aquele que se refere como seu melhor amigo. 

 De repente me lembrei daquele curioso pesadelo sobre aquele homem, mesmo não tendo me atacado ou sequer me tocado, foi a coisa mais aterrorizante que já vi em toda minha vida. Ele era meu maior inimigo? Eu teria que lutar contra aquilo? O homem das mil espadas deve ter percebido meu desespero, e logo tratou de me tranquilizar.

— Seus maiores inimigos nem sempre precisam estar presentes para serem desafios, Adrian.

Observei, curioso, no entanto, com medo.

— Como assim?
— Ele vai buscar desvirtuar seu caminho, enganar-te, fazer com que você se desvie.
— Por quê?
— Sua existência já está mais fragmentada e desfigurada do que poderia ser uma existência, Adrian. Sua permanência como um ser vivente após tanta longevidade inerte o fez um ser sem nome, um ser não nomeado.

— Mas não se engane, Adrian, mesmo que seu corpo já não exista mais, mesmo que sua consciência transite entre dois mundos sem saber rumar e esteja lentamente desaparecendo, mesmo que sua alma já esteja esvanecendo aos poucos, ele ainda é poderoso, e ainda possui seus meios para persuadir seus alvos.

Assenti com a cabeça, parecendo entender aquilo que ele queria me dizer.