Uriel estava em um lugar sombrio, onde a luz do sol mal conseguia penetrar. O Coliseu de Sangue, como era conhecido, era uma vasta arena subterrânea, um lugar onde demônios e outras criaturas lutavam até a morte para o deleite de seus captores e do público faminto por violência. As paredes de pedra eram frias e úmidas, cobertas por musgo e manchas escuras de batalhas passadas. O cheiro metálico de sangue e auras de desespero impregnavam o ar, tornando o ambiente opressivo.Naquele momento, Uriel estava de pé, encostado na parede de sua cela, os braços cruzados, observando com olhos vermelhos e penetrantes a porta à sua frente. Ele era uma figura imponente, com sua pele escura quase se fundindo com as sombras ao seu redor. Seus longos cabelos negros estavam soltos, caindo em cascatas selvagens por suas costas, e seus chifres vermelhos brilhavam com uma luz fraca, como brasa ardente. Sua respiração era calma, mas seus pensamentos estavam longe disso.
Uriel havia sido aprisionado naquele lugar por mais tempo do que conseguia lembrar. No início, lutou com fúria, derrotando inimigos que se aproximavam com um único golpe. Seu poder era incomparável, e sua ira, avassaladora. Mas com o tempo, a raiva foi substituída por uma dor silenciosa e sufocante... a dor da perda, da ausência de alguém que ele amava mais do que sua própria vida.
Kael'thar.
O nome ainda queimava em sua mente, como uma ferida que nunca cicatrizava.
Uriel balançou a cabeça, afastando os pensamentos que o enfraqueciam. Ele não podia se permitir fraquejar.
Ele foi despertado de seus pensamentos quando o som de passos ecoou pelo corredor do lado de fora de sua cela. Seus olhos vermelhos se estreitaram enquanto observava a figura que se aproximava. Era um dos guardas do Coliseu, um demônio de baixa patente, mas com um sorriso arrogante estampado no rosto.
"Hora do seu próximo combate, Uriel," o guarda disse, com um tom de desprezo.
Uriel não respondeu, apenas o encarou com uma intensidade que fez o guarda recuar ligeiramente. Lentamente, Uriel descruzou os braços e deu um passo à frente, o som de suas botas ecoando no piso de pedra. Ele estava pronto para lutar novamente, mas dessa vez, não era apenas por sobrevivência ou para entreter seus captores, era mais por sobrevivência.
"Vamos ver quem é a próxima vítima," Uriel murmurou para si mesmo enquanto a porta da cela se abria com um rangido. "E quem sabe... em breve, eu terei as respostas que preciso."Enquanto Uriel caminhava pelo corredor, desde que fora capturado e trancafiado, naquele lugar Uriel perdeu as contas das lutas que havia vencido. Cada oponente que enfrentava era mais formidavel que o anterior -bestas colossais, guerreiros lendarios,criaturas misticas de reinos distantes. Nenhum deles, porém, era páreo para sua força demoníaca.
Uriel lutava com uma furia incontrolável,sua espada rasgando carne e ossos como se fossem feitos de papel. A cada vitoria ele tornava mais temido,mais odiado e paradoxalmente mais adorado.
Mas a verdade era que Uriel não se importava com os gritos de aclamação ou com desprezo da multidão. Para ele,tudo aquilo não passava de uma distração, uma maneira de preencher o vazio que crescia dentro dele desde a morte de Kael'thar. A cada golpe que desferia,ele tentava afogar a dor,a saudade, o ódio -mas nada disso nunca desaparecia.
No fundo,Uriel sabia que estava sendo usado como um simples peão em um jogo maior. Os senhores do coliseu o tratavam como uma arma,uma besta para ser libertada e mostrada como um troféu vivo. Sua cela era pouco mais que uma jaula, e os guardas o vigiavam como se uma fera prestes a atacar. Não havia compaixão ou dignidade em como o tratavam; ele era apenas um monstro a ser exibido para o entretenimento dos ricos e poderosos.
Enquanto Uriel se preparava para a proxima luta,ele não podia deixar de pensar em Kael'thar.
As lembranças do Dragão que ele tanto amara eram a unica coisa que o mantinha são naquele inferno. Em seus movimentos de descanso,ele se pegava relembrando o tempo que passaram juntos,os sussurros no escuro os planos e sonhos que nunca se concretizaram.
"Eles acham que podem me quebrar", Uriel murmurava para si mesmo,seus olhos brilhando com uma determinação sombria "Mas enquanto eu me lembrar de Kael'thar,nunca me renderão".
Um dos guardas,um homem alto com uma expressão de desprezo, gesticulou para que Uriel saísse logo.Era hora de mais uma luta. Sem uma palavra Uriel caminhou pelo corredor estreito e úmido,as correntes arrastando-se pelo chão enquanto ele se aproximava da arena.
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Entre Marés e Sombras
Random**Sinopse:** Kael é um jovem dragão do mar, nascido de um ovo encontrado nas profundezas do oceano, nas ruínas de um templo antigo. Marcado pelo passado sombrio de sua vida anterior como Kael'thar, ele carrega um colar de yin-yang incompleto e uma t...