Capítulo 13: O Despertar do Dragão dos Mares e Ventos

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A espada de Uriel cortava o ar com uma fúria implacável, enquanto Kael, ofegante e com os músculos tensionados, se defendia como podia. Seus olhos brilhavam com concentração, mas havia uma incerteza neles — como se parte de sua mente estivesse distante, buscando respostas em uma memória que ele não conseguia alcançar. A cada golpe, o peso das palavras de Uriel caía sobre ele como uma onda esmagadora.

"Parou de se esconder!" Uriel gritou, sua voz ressoando com uma mistura de raiva e desespero. Sua espada se chocou contra a lâmina de Kael, que recuou com dificuldade, seu corpo quase cedendo ao impacto. "Mostre-se, Kael'thar! Pare de fugir de quem você realmente é!"

Kael sentiu o suor escorrer por sua testa enquanto desviava de um ataque feroz, suas pernas vacilando. Ele rolou pelo chão de pedra antiga, sentindo a aspereza das pedras arranhando sua pele. Levantou-se com dificuldade, sua respiração pesada, mas antes que pudesse se recompor, Uriel já estava em movimento novamente.

"Seu verdadeiro ser... revele-se!" Uriel bradou, os olhos brilhando com uma intensidade feroz, como se estivesse à beira de um colapso. A espada do demônio voou em direção a Kael, cortando o ar com uma precisão mortal.

Kael tentou bloquear o golpe, mas o cansaço pesava em seus músculos. No momento em que levantou a espada, sentiu uma dor aguda atravessar seu peito. Uriel tinha lançado sua lâmina diretamente em seu corpo. O impacto o fez tropeçar para trás, a espada  perfurando sua carne, e um gemido baixo escapou de seus lábios enquanto ele caía de joelhos.

Por um momento, tudo ao redor de Kael parecia parar. Ele sentiu seu corpo vacilar, mas algo dentro dele começou a despertar, algo antigo e profundo, como uma maré incontrolável. A dor física foi substituída por uma sensação de vazio, seguida por uma força avassaladora que surgiu do fundo de sua alma.

De repente, o corpo de Kael começou a flutuar no ar,a espada antes cravada no seu peito cai no chão, seus olhos brilhando com uma luz azul intensa. Em torno dele, uma enorme figura começou a se formar — um dragão de água majestoso, emergindo das profundezas de sua alma. A criatura circundou Kael, suas escamas reluzentes refletindo o brilho das estrelas no céu noturno. O dragão girou ao redor dele, envolto em uma aura cintilante, enquanto o corpo de Kael começava a se transformar.

Seus chifres, agora longos e azuis como o oceano profundo, se projetaram de sua cabeça. Seu cabelo cresceu, fluindo como a correnteza de um rio, e sua cauda de dragão ondulava atrás dele, serpenteando no ar. Ele havia renascido em sua verdadeira forma, a forma de Kael'thar, o Dragão Lunae dos Mares e Ventos.

Kael pairou no ar, o silêncio entre ele e Uriel agora denso e palpável. Lentamente, ele virou a cabeça, seus olhos turquesa brilhando com uma frieza penetrante, lançando um olhar afiado por sobre o ombro em direção ao demônio que havia lhe infligido tanta dor. Não havia mais dúvida, nem incerteza em seu rosto — apenas a firmeza e a força de um ser que finalmente se lembrava de sua essência.

 Não havia mais dúvida, nem incerteza em seu rosto — apenas a firmeza e a força de um ser que finalmente se lembrava de sua essência

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Uriel ficou imóvel, o choque em seus olhos se transformando em algo mais. Ele riu baixinho, uma risada amarga e ao mesmo tempo satisfeita, como se visse, diante de si, a materialização de um sonho. Ele caminhou lentamente em direção a Kael, seus braços abertos como se estivesse esperando por um abraço.

"Dragão Lunae dos Mares e Ventos" Uriel disse, sua voz carregada de uma emoção contida. "Eu sabia... eu sabia que você estava aí dentro. Meu Kael'thar... finalmente."

Kael não disse nada. Seu olhar permanecia distante, frio, mas havia um brilho de algo mais profundo, algo que lutava para se libertar do peso de memórias que ele não conseguia evitar. O poder de sua transformação ondulava no ar ao redor deles, enquanto Uriel, sem hesitar, continuava a se aproximar, seus braços prontos para recebê-lo.

"Você voltou para mim," Uriel murmurou, um sorriso amargo curvando seus lábios. "E desta vez, eu não vou deixá-lo ir. Nós somos um só, Kael'thar. Nunca deveríamos ter nos separado."

Kael, ainda flutuando acima do solo, manteve seu olhar fixo no demônio que se aproximava. Embora suas memórias e sentimentos estivessem confusos, ele sabia de uma coisa: havia uma batalha interna travada em sua alma, e ele não tinha certeza de que lado iria prevalecer.

Mas, naquele momento, uma coisa era clara. A luta entre ele e Uriel estava longe de terminar, e o futuro deles estava prestes a ser decidido pelas próximas escolhas que fariam.

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