Capítulo 7: As Sombras de Dreel

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Uriel, com seu olhar penetrante e movimentos furtivos, deslizou pelas sombras da cidade de Dreel. Seus passos eram leves e calculados, e sua presença parecia uma extensão da escuridão ao seu redor. A cidade, com seus becos labirínticos e mercados abarrotados, era um terreno fértil para rumores e segredos, e Uriel estava decidido a encontrar respostas.

Havia ouvido falar de um dragão que passara por Dreel, e as pistas o levaram a acreditar que poderia ser Kael'thar. No entanto, a descrição que recebia dos locais que o dragão havia visitado estava cheia de contradições e imprecisões. Uriel não se deixava enganar; cada pista, por menor que fosse, era uma oportunidade de se aproximar da verdade.

Depois de dias de busca incessante, Uriel conseguiu descobrir que o dragão havia sido visto perto de uma árvore de cerejeira e um riacho em uma área mais tranquila da cidade. Ele se dirigiu a esse local, sua mente girando em torno do pensamento de que Kael'thar poderia ter estado ali. No entanto, quando chegou, encontrou o lugar mais silencioso e pacífico do que esperava — a árvore de cerejeira, com suas pétalas caídas, e o riacho suave refletindo a luz da lua.

Uriel se aproximou do riacho, observando a água com um olhar fixo e penetrante. O cenário parecia uma pintura de tranquilidade, em completa oposição ao tumulto que fervia dentro dele. Ele se ajoelhou à beira da água, sua mão fechada em um punho, e seus pensamentos giravam em torno da figura que ele acreditava ser Kael'thar.

“Por que você não procurou por mim?” Uriel murmurou para si mesmo, seu tom carregado de ressentimento e dor. “Se você realmente é Kael'thar, por que se esconde? Por que não veio me procurar, em vez de deixar um rastro de pistas vagas?”

O passado recente estava repleto de incertezas e desilusões. A crença de Uriel em que Kael'thar era o dragão que havia passado por Dreel estava profundamente enraizada, e a ideia de que Kael'thar pudesse estar fugindo dele o consumia. Ele ainda não havia aceitado a possibilidade de que o dragão não fosse o antigo Kael'thar, e a falta de respostas só intensificava sua frustração.

Enquanto observava as pedras submersas no riacho, Uriel se lembrou de momentos passados com Kael'thar, uma época que parecia distante e nebulosa. A relação entre eles, marcada por amores e conflitos, era agora um mistério envolto em raiva e tristeza. A ideia de que Kael'thar pudesse ter reencarnado, mas não o reconhecido, parecia uma traição pessoal.

Uriel também lutava com um conflito interno mais profundo: o amor e o ódio que sentia por Kael'thar. Sua busca não era apenas uma missão de vingança, mas uma tentativa desesperada de entender o que realmente sentia. Será que ainda amava o antigo Kael'thar, ou o ódio que sentia agora o dominava completamente? Esse era um sentimento que só poderia ser compreendido ao confrontar o dragão, uma vez que ele descobrisse sua verdadeira identidade.

Sentindo a raiva crescer dentro dele, Uriel pegou uma pedra do chão e a lançou com força no riacho. As ondas criadas pela pedra se espalharam, distorcendo a imagem tranquila da lua refletida na água. Ele observou o movimento das ondas até que tudo voltou ao normal, uma metáfora amarga para o desígnio de seu próprio coração.

Com um último olhar para a cena calma que parecia zombar de seu sofrimento, Uriel se levantou e se preparou para deixar o local. Dreel tinha sido um passo importante, mas ele sabia que a verdadeira resposta estava em outro lugar. Tropan era o próximo destino, e era lá que ele esperava encontrar as respostas que buscava.

À medida que se afastava da árvore de cerejeira e do riacho, Uriel sentiu a determinação crescer. O caminho à frente era incerto e perigoso, mas seu desejo de encontrar Kael'thar e resolver os enigmas que o assombravam o guiava. Encontrar o dragão não era apenas uma questão de vingança, mas também uma tentativa de descobrir seus próprios sentimentos mais profundos. A cidade de Tropan, com seus próprios mistérios, seria o próximo capítulo na busca por respostas, e Uriel estava determinado a seguir adiante, não importa o custo.

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