II

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Eu nunca pensei que entraria em um lugar como esse. A mansão dos Beaufort era como algo saído de um sonho - ou de um pesadelo. Cada detalhe gritava riqueza, desde o mármore frio sob meus pés até os quadros caríssimos pendurados nas paredes. Mas tudo aquilo me dava náuseas.

James Beaufort estava sentado no centro da sala de estar, parecendo entediado enquanto esperava por mim. Seus cabelos loiros estavam impecavelmente penteados, e ele vestia um terno que provavelmente valia mais do que tudo o que eu tinha. Quando nossos olhos se encontraram, eu vi um lampejo de algo - desprezo, talvez? - antes de ele sorrir com arrogância.

"Isabela," ele disse, a voz gotejando sarcasmo. "Que bom que você veio."

Eu queria vomitar. Só de olhar para ele, sentia uma raiva crescer dentro de mim. Como ele podia agir como se isso fosse algum tipo de jogo?

"Vamos fazer isso de uma vez," respondi, tentando manter a calma. "O que você quer de mim?"

Ele riu, um som vazio e sem alegria. "Direta ao ponto, gosto disso. Sente-se."

Eu fiz o que ele pediu, embora cada fibra do meu ser gritasse para sair correndo dali. Ele me olhou como se eu fosse um inseto preso em um vidro, analisando cada movimento meu.

"Você sabe por que está aqui," ele começou, cruzando as pernas. "Meu pai acha que é uma boa ideia eu me casar com alguém como você. Alguém... humilde. Diz que vai me ensinar alguma coisa sobre responsabilidade, sobre ser um homem de verdade."

Eu queria gritar que ele não aprenderia nada com isso, que esse casamento era uma farsa, mas mordi minha língua. Eu precisava manter a calma.

"E o que você acha?" Eu perguntei, minha voz carregada de desdém.

Ele sorriu novamente, mas desta vez havia algo mais sombrio em seus olhos. "Eu acho que meu pai está delirando. Mas, se ele quer que eu jogue de marido por um tempo, por mim tudo bem. Desde que você saiba qual é o seu lugar."

As palavras dele me atingiram como uma faca, mas eu mantive meu rosto impassível. "E qual seria esse lugar?"

"Fazendo o que eu digo, é claro. Sem complicações, sem dramas. Você finge ser minha esposa e, em troca, seu pai recebe o dinheiro para o tratamento da sua mãe. Todos ganham."

Senti o sangue ferver em minhas veias, mas eu precisava lembrar o motivo pelo qual estava ali. Isso não era por mim, era por minha mãe.

"Eu aceito," respondi, o gosto amargo daquelas palavras queimando minha língua. "Mas você também precisa cumprir sua parte."

Ele inclinou a cabeça, fingindo estar surpreso. "Claro. Mas lembre-se, Isabela, você está aqui por escolha própria. Não se esqueça disso."

Eu me levantei, não suportando mais ficar naquela sala. "Vamos fazer isso logo. Quanto mais cedo isso acabar, melhor."

"Concordo," ele disse, a voz fria. "Nos vemos no altar, querida."

Saí da mansão com a sensação de que estava deixando para trás não só a minha liberdade, mas também uma parte da minha alma. O casamento estava marcado, e não havia mais como voltar atrás.

Amor por ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora