VI

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O jantar de recepção estava tão extravagante quanto o resto do casamento. As mesas estavam cobertas com toalhas de linho, e as taças de cristal brilhavam sob as luzes do salão. Mas, para mim, tudo era apenas mais um espetáculo vazio.

Sentada ao lado de James, forcei-me a manter um sorriso enquanto ele conversava com os convidados, atuando perfeitamente no papel do marido recém-casado. Ele ria, brindava, fazia piadas - tudo para manter as aparências. Eu mal consegui tocar na comida, sentindo um nó no estômago a cada olhar que nos lançavam.

Quando finalmente conseguimos um momento a sós, afastei-me da mesa e fui para o jardim, tentando escapar da claustrofobia que sentia no salão. James me seguiu, e logo senti sua presença atrás de mim.

"Você não parece muito feliz, querida," ele disse com um tom irônico. "Não gostou da festa?"

Eu me virei para ele, minha raiva finalmente transbordando. "Você acha que isso é uma festa, James? É a minha vida que estamos arruinando aqui."

Ele cruzou os braços, me olhando com um sorriso condescendente. "Ninguém te obrigou a dizer sim."

"Sério? Porque parece que a saúde da minha mãe foi usada como moeda de troca para você conseguir o que queria," eu retruquei, sentindo meu coração acelerar.

Ele ficou sério por um momento, a diversão desaparecendo de seus olhos. "Eu não pedi por isso, Isabela. Este casamento não foi minha ideia."

"Mas você aceitou," eu respondi, sem desviar o olhar. "Você podia ter dito não. Podia ter ajudado minha mãe de outra forma. Mas não, você escolheu se divertir com isso."

Ele suspirou, passando uma mão pelos cabelos. "Você não me conhece, Isabela. Não tem ideia do que está falando."

"Então me mostre," eu desafiei, dando um passo em sua direção. "Mostre que você não é esse cara frio e egoísta que todo mundo pensa que você é."

Ele me olhou por um longo momento, como se estivesse tentando decidir o que fazer. Mas antes que ele pudesse responder, fomos interrompidos por um dos seus amigos, que chamou James de volta para a festa.

Ele se afastou, deixando-me sozinha no jardim, com uma sensação de frustração e derrota. Talvez eu nunca fosse conhecer o verdadeiro James Beaufort. Talvez ele realmente fosse apenas o homem que todos viam - um homem vazio, sem sentimentos.

Mas, enquanto observava-o voltar para o salão, não pude deixar de me perguntar: e se houvesse mais nele? Algo que ele estava escondendo, até de si mesmo?

Amor por ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora