VII

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Os dias após o casamento foram um borrão de silêncios desconfortáveis e interações frias. James e eu mal nos falávamos, e quando o fazíamos, eram conversas curtas e formais. A casa era grande o suficiente para que eu pudesse evitá-lo, e assim eu fazia, refugiando-me na biblioteca ou passeando pelos jardins.

No entanto, o pensamento constante da minha mãe ocupava minha mente. Eu visitava-a todos os dias no hospital, onde ela estava recebendo o melhor tratamento possível, graças ao dinheiro de James. Mesmo assim, sua condição parecia piorar a cada dia.

Um dia, ao voltar de uma visita ao hospital, encontrei James no escritório, revisando alguns papéis. Ele ergueu os olhos quando entrei, surpreso por me ver.

"Como está sua mãe?" ele perguntou, em um tom que quase parecia genuíno.

"Pior," eu respondi, sentindo a amargura na minha voz. "Mas pelo menos ela está recebendo tratamento."

Ele assentiu, e houve um silêncio tenso entre nós. Eu hesitei, mas então decidi perguntar o que estava me incomodando. "Por que você aceitou esse casamento, James? Se você realmente não queria isso, por que concordou?"

Ele suspirou, deixando os papéis de lado. "Porque meu pai me fez uma oferta que eu não podia recusar. Ele ameaçou cortar o meu acesso ao dinheiro da família se eu não concordasse. E eu... bem, eu gosto da minha vida confortável."

Eu o olhei, surpresa com sua honestidade. "Então, foi só pelo dinheiro?"

"Sim," ele admitiu, sem rodeios. "Eu sou um homem simples, Isabela. Gosto de dinheiro e das coisas que ele pode comprar. Não vou fingir que sou um herói ou que fiz isso por algum motivo nobre."

Senti uma pontada de desapontamento, mas também uma certa compreensão. James era um produto do mundo em que vivia, e talvez fosse injusto esperar mais dele. Mas isso não tornava a situação menos dolorosa.

"Eu entendo," eu disse suavemente. "Mas isso não torna as coisas mais fáceis."

Ele assentiu, o rosto cansado. "Eu sei. Mas estamos nisso juntos agora, então precisamos encontrar uma maneira de fazer isso funcionar."

Eu fiquei em silêncio, absorvendo suas palavras. James tinha razão - por mais difícil que fosse, nós estávamos presos nesse casamento, e a única maneira de sobreviver era encontrar um meio-termo, uma forma de coexistir sem destruir um ao outro.

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