05.

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  Mark se sentiu culpado durante toda a noite. Havia conversado com Jeno, e ele sempre fez questão de deixar claro que suas atitudes eram estúpidas, mas também lembrou que Donghyuck o xingava da mesma maneira.

  Apesar disso, sentia que nem todas as palavras do mundo iriam justificar a forma como ele saiu correndo naquele dia.

  Mark havia o machucado de verdade. E não era sua intenção. Ele estava certo, havia quebrado o único momento bom que tiveram nos últimos anos, e não se perdoaria por isso.

  Se perguntava se Donghyuck ainda gostaria de ter aulas com ele. Com tantas dúvidas e arrependimentos, era difícil dormir.

  Sua madrugada foi inquietante e inacabável.

🧪🧙‍♂️💗

  Na terça-feira de manhã, Jaemin não poderia estar mais nervoso. Donghyuck parecia deprimido, de forma que nem estava empolgado para o jogo de quadribol da sonserina contra a grifinória. Ele ia à contra-gosto até as altas arquibancadas da escola, junto de Renjun.

  Diferente do Lee, o corvino estava eufórico. Ambos estavam ali para ver seus amigos jogando. Jaemin faria seu primeiro jogo como batedor, enquanto Chenle já jogava pelo seu segundo ano como apanhador.

  Do outro lado, era possível ver Jeno e Jisung torcendo pela grifinória, mesmo que fossem lufanos. Sim, o motivo do mau humor de Donghyuck era o fato de que Mark faria sua nova estreia como apanhador da casa, depois de quatro anos longe, competindo diretamente contra Chenle.

  Não era difícil saber disso, dado que toda a escola se dedicou à espalhar o assunto. Até mesmo o Profeta Diário havia publicado uma matéria que anunciava Mark Lee como aquele que honraria o legado de Godric Gryffindor, o fundador da grifinória.

  Nos últimos anos, as trocas de jogadores nessa posição foram incessantes para os grifinórios. Devido a isso, sua popularidade dentro do quadribol de Hogwarts havia caído consideravelmente, e os torcedores estavam desolados.

  A verdade era que muitos estavam satisfeitos com a volta de Mark, que fora tão bom competidor outrora. Nem mesmo o próprio apanhador da sonserina estava tão incomodado com isso quanto o Lee das arquibancadas.

  — Aí, Donghyuckie! — Renjun empurrava seu ombro — Tira essa cara feia! — dizia, chateado, enquanto tudo o que o garoto fez foi rir baixinho.

  — É meio que a única que eu tenho, sabe? — cruzava os braços, fazendo careta.

  — Para de drama, relaxa! Nossos melhores amigos vão esculhambar aquele canadense. — seu tom era confiante.

  É, espero que sim. Infelizmente, aquele bosta é um ótimo apanhador também, pensou.

  — Vão, sim! Eu sei disso. Só não queria ter de ver a cara pavorosa dele de novo. — revirava os olhos — Ontem já havia sido o bastante. Mas não! Precisei ver nas aulas, e agora no jogo também! — olhava pro céu, pedindo ajuda a Merlim — Que benção! — levantava os braços no ar.

  O corvino ria das expressões do amigo.

  — Sério isso? — estreitava os olhos, chamando atenção do outro — Você até disse que ele te pediu desculpa, e tu nem respondeu.

  Mark havia o mandado mensagem de madrugada, se desculpando e explicando. Ele não esperava muito uma resposta, mas ficou abalado quando realmente não recebeu nada de volta.

  — E não respondi mesmo! Ele foi um filho da puta comigo, Injun.

  — É, foi. Mas quantas vezes você já não foi com ele? — arqueava as sobrancelhas, deixando espaço pra que Donghyuck pensasse — Eu imagino o quanto ele tenha te machucado, mesmo que não estivesse lá na época. — suspirou — Mas acho que, se não vão se entender e se resolver, ao menos, convivam bem!

  — Ah, quem dera. — Hyuck deixou que os ombros caíssem — Eu odeio ele, e ele me odeia. É bom assim. Mas eu assumo que passo muito tempo chateado com nossas discussões. — olhou pra baixo — Ele sempre acaba pegando mais pesado que eu.

  — Será, Hyuckie? Ou você acha isso porque suas palavras só tem efeito nele, e não em ti? — segurou a mão do amigo — É claro que o que ele pensa de você ainda te importa. Mas quem disse que o mesmo não acontece com ele? — Renjun era a verdadeira face da corvinal. Era extremamente intelectual e sabia falar muito bem.

  Também era de muita sorte que Donghyuck tivesse amigos como ele, com paciência para que falasse mil vezes sobre assuntos que o machucaram de mil formas, sem julgamentos.

  Antes que o sonserino pudesse retrucar, Injun completou — Olha, eles estão entrando! O jogo vai começar!

  E tudo que se escutava eram seus gritos de "Vai, Jaemin! Não deixa esse balaço entrar no nosso buraco!" e "Cuidado, Chenle!", quando ele quase caía de sua vassoura, devido à grande competição com Mark pelo pomo do ouro. Isso, seguido de "Porra! Eu confio em você, Lele. Amassa eles!!".

  Eles se misturavam com a torcida oponente, que gritava o nome do grifinório com toda a força vocal.

  Vão ficar sem voz amanhã, ao menos, Donghyuck pensava.

  — O que é isso? — o Huang exclamou, apontando para Mark, que estava prestes à segurar o pomo e vencer a partida. — Que merda, ele vai conseguir! — bufou.

  — Puta que pariu. — foi tudo que o Lee disse, ao ver Jaemin rebatendo o último balaço antes de Mark cair da vassoura, e Chenle segurar o objeto voador dourado. — Merlim! O que houve? A gente ganhou? — sacodia Renjun.

  — É, parece que sim! O Lele conseguiu! — foram de encontro aos amigos.

  Donghyuck enxergou a torcida da grifinória se juntando em volta de Mark, e por um momento, desejou poder se camuflar ali. Talvez fosse bom checar se ele não havia se quebrada, ou se precisaria ser levado à Madame Pomfrey.

  — Mas o que aconteceu com Mark? — ele perguntou como quem não queria nada, apenas em tom curioso.

  — Eu não sei. Ele só foi pra longe e caiu, do nada. — Chenle disse, secando seu suor na camisa preta com verde — Acho que alguém pode ter azarado a vassoura dele.

  — Eu suspeitaria do Hyuck, se não o conhecesse. — Jaemin falou rindo, e recebeu um soco fraco no ombro.

  — Cara! Vocês são péssimos. — ele revirou os olhos — O Chenle deveria falar com ele, né? Pra ver o que houve. — arqueou as sobrancelhas.

  — Pra quem não liga, você tá bem preocupado. — Renjun riu, acompanhado dos demais.

  — Sempre, né? Mas ele tá certo. Já volto. — disse o apanhador da sonserina, se afastando na direção da multidão.

  — Mark? — ele falou, tocando o ombro do oponente.

  — Ah. Oi, Chenle. Que foi? — deu um meio sorriso.

  — Você tá bem? Alguém enfeitiçou sua vassoura? — o menor perguntou, com gentileza.

  — Não, relaxa. — o grifinório riu. — Eu tô bem, só me desequilibrei. Noite longa, sabe? Acabei me ralando um pouquinho. — apontou para o joelho machucado.

  — Ah, entendi... Melhoras! — Chenle o ofereceu um sorriso gentil — Mas, Mark... Por que não pegou o pomo antes de mim, antes de cair? — juntou as sobrancelhas — Você tava tão perto, sabe que podia ter pego.

  — Não, Lele. Não dava, mesmo. — sorriu largo de volta, enxugando o cabelo suado — Vocês mereciam isso, foram muito bem. Parabéns pela vitória! — foi saindo e gritou, acenando.

amortentia !markhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora