— Isso com certeza é sequela da R.I.M.M.O — Rui disse, mais para si mesmo do que para os adolescentes. Ele pegou uma das pastas que estavam sobre a mesa e a abriu. Dentro, haviam centenas de folhas com rascunhos, medidas, informações e códigos. Ele pegou uma das folhas.
— O que é isso? — Arthur perguntou. Ele havia puxado sua cadeira para perto da de Estela e estava sentado ao seu lado.
— Nessas folhas, tem algumas informações sobre a R.I.M.M.O, seu funcionamento, e quase tudo o que é preciso saber sobre ela. Muitos arquivos foram roubados, mas esses que sobraram tem informações valiosas. Se quiserem podem dar uma olhada.
Bel se adiantou, pegando algumas folhas e olhando-as, uma a uma. Gael pegou uma, onde havia uma foto de um cachorro com o nome "Terry" escrito logo abaixo. Haviam informações como peso, idade, altura, comportamento e sintomas.
— O que é isso? — o garoto perguntou.
— Foi o primeiro teste que fizemos com a R.I.M.M.O. — Rui contou. — Larry era um cãozinho que teve donos péssimos quando filhote. Ele passou fome, frio e sede e acabou tendo muito medo de humanos. Então o resgatamos testamos a R.I.M.M.O nele, apagando as memórias dos maus tratos. No fim, deu certo, e ele não se lembrava de mais nenhuma dor, passando a confiar nos humanos outra vez.
— Parece o arquivo que vimos no banco de dados do governo.. Só que com um cachorro — Bel disse, e Estela assentiu, concordando com a amiga.
— Banco de dados do governo? — Rui indagou.
— Sim — Arthur respondeu. — Nós conseguimos acesso à alguns arquivos, hackeando o sistema. A Bel é uma ótima hacker — disse, apontando para ela.
— Vocês conseguem fazer isso de novo? — perguntou, seus olhos brilhando com esperança.
— Hã... Não sei — Bel respondeu. — Acho que sim. Naquele dia, havia uma falha no sistema, por isso eu consegui....
— Ah, isso é perfeito! — interrompeu, juntando as mãos. — Vocês precisam acessar esses dados outra vez! Salvem esses arquivos em um pen-drive e guardem isso muito bem. Escutem o que digo: daqui um tempo, ninguém será mais livre. Estarão todos sob controle, presos e sem escolhas próprias. A população precisa saber do que está acontecendo. E vocês precisam de provas.
— Mas como vamos espalhar isso? — Estela perguntou.
Ele coçou a cabeça, pensativo.
— Vocês podem fazer isso em redes sociais, hackear canais de comunicação e divulgar, criar sites anônimos com provas... Algo assim.Sentindo os pneus deslizarem pelo asfalto, Arthur estacionou o carro. Faziam dois dias que os adolescentes haviam encontrado Rui, e hoje era o dia combinado para tentarem invadir o banco de dados do governo.
Ao sair do carro, o garoto se aproximou da casinha amarela e tocou a campainha. Estava tarde, e Bel insistiu que eles fizessem uma festa do pijama, aproveitando que passariam a noite na casa dela tentando hackear os arquivos.
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Memórias apagadas
Ficção Científica"R.I.M.M.O.", a nova máquina capaz de apagar memórias seletivamente, promete fazer com que pessoas que sofreram eventos traumáticos em suas vidas possam se esquecer dos momentos difíceis, vivendo como se aquele tempo perturbador nunca houvesse exist...