Cap 2: Eu e James

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"A gratidão é o único tesouro dos humildes

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"A gratidão é o único tesouro dos humildes."

-William Shakespeare

Nos conhecemos de uma forma surpreendentemente dramática. Era 16 de novembro de 2030, e eu estava correndo desesperada pelas ruas de Nova York, fugindo do Enclave. Acabara de perder a última pessoa que me dava alguma esperança e, com apenas dezesseis anos, me via sozinha e sem rumo. Minha única preocupação era salvar a vida que me restava.

Enquanto corria, esbarrei em James. Ele também estava fugindo e, sem pensar, agarrou minha mão e me puxou junto com ele. O pânico era palpável; as ruas estavam cheias de perigos e a única coisa que importava era escapar daquele inferno.

Após vários quarteirões, percebi a razão da perseguição. James havia desviado uma grande quantia de dinheiro de uma gangue para a sua própria, e agora estava sendo caçado. Apesar de seu corpo atlético, James era mais um especialista em tecnologia do que um lutador, e estava claramente fora do seu elemento. Ele tentava escapar, enquanto eu estava no meio desse caos, sem muita ideia de como lidar com a situação.

Mas nossa fuga não foi suficiente. Os criminosos nos alcançaram. Quando um deles avançou para atacar James, eu me joguei na frente. A pancada na minha cabeça foi brutal, mas consegui reagir. Com dificuldade, imobilizei o agressor e entreguei a arma para James, que rapidamente a usou para eliminar os dois outros que vinham atrás. O combate foi intenso e a adrenalina me manteve consciente. Mesmo assim, a escuridão começou a tomar conta de mim. Quando finalmente desmaiei, tudo parecia ter acabado.

Acordei três dias depois, na casa de James, com a cabeça enfaixada. Ele cuidou de mim, e eu cuidei dele. Dessa forma, ficamos quites.

— Finalmente acordou. Então, se lembra da minha pergunta de antes? — perguntou James, seu tom misturando uma preocupação genuína com um leve sorriso de alívio. "Eu estava começando a pensar que nunca mais ia ver você acordar."

— Que pergunta? — Perguntei, ainda confusa.

— Sim, a pergunta. Quem é você, e como uma garota tão magra e nova como você conseguiu enfrentar três homens, levar uma pancada na cabeça e ainda ficar de pé? — Ele parecia genuinamente surpreso e admirado.

— Quem sou eu? — repeti, ainda atordoada. "Meu nome é Eun-Jin. É tudo o que lembro... além de detalhes médicos básicos."

— Detalhes médicos básicos? — James levantou uma sobrancelha, divertido. "Você está me dizendo que você lembra do seu tipo sanguíneo, peso e altura, mas não da sua vida?"

— Algo assim. Eu vi uma ficha médica do Enclave, e acho que isso ficou na minha cabeça — respondi, tentando me acomodar melhor na cama.

James deixou a colher cair no prato, claramente chocado.

— En... Enclave? Você disse Enclave? — Sua voz estava carregada de uma mistura de espanto e preocupação.

— Sim...

— Caramba... — James franziu a testa, claramente intrigado. "Quantos anos você tem mesmo?

— Tenho 16 anos — respondi, tentando me levantar um pouco.

— 16? — Ele pareceu chocado. "E, sério, como está a cabeça? Eu esperava que você estivesse rolando no chão de dor, e não aqui, conversando como se nada tivesse acontecido."

— Minha cabeça está bem — disse, com um sorriso cansado. "Na verdade, eu não sinto dor. É um pouco complicado explicar..."

— Não sente dor? Como assim?

— Não sinto nada. Quando meu corpo atinge seu limite, ele simplesmente desliga. Não há aviso, nem sinais. Apenas o escuro.

James me observou, processando a revelação. Então, suspirou e fez uma proposta.

— Vou preparar algo para você comer. — ele disse, levantando-se e indo para a cozinha. "Mas, só para ficar claro, enquanto você estiver aqui, eu quero que você me ajude com algumas coisas. Tipo, seja minha guarda-costas. Parece justo, não?"

— E eu tenho alguma escolha? — perguntei, rindo baixinho enquanto ele preparava algo para mim. "Depois de tudo o que passamos juntos, acho que temos um acordo. Mas só para avisar, eu espero um pouco mais de gratidão do que isso."

— Oh, eu estou cheio de gratidão — ele respondeu com um sorriso. "Mas antes de você decidir que vai ficar aqui, só lembre-se: ter alguém como você ao meu lado é tanto um presente quanto um desafio."

— Desafio? — perguntei, levantando uma sobrancelha.

— Sim, um desafio — ele respondeu com um sorriso maroto. "Porque, se você achar que a vida ao meu lado é fácil, vai ter que se acostumar com um pouco mais de caos. E eu sou muito bom em causar caos."

Foi assim que, quase cinco anos atrás, começamos a trabalhar juntos. A diferença de idade não impediu a nossa parceria. James nunca me fez mal, e enquanto isso continuar, estou bem ao seu lado. Ele cuida de mim porque eu sou capaz de me defender e proteger, o que o faz me ver como uma aliada valiosa. Afinal, neste mundo, é difícil saber o que é realmente certo ou errado.

E, às vezes, nosso diálogo refletia essa parceria inusitada.

— Então, como está se saindo com as minhas instruções? — James perguntou, com um sorriso irônico enquanto eu ajustava uma das câmeras de segurança.

— Você quer dizer aquelas instruções que você deu enquanto estava escondido atrás de uma mesa? — Respondi com um sorriso desafiador.

— Ei, eu estava garantindo que a operação fosse um sucesso. E, se eu não estivesse aqui, quem iria garantir que você não se metesse em mais problemas? — Ele respondeu, fazendo uma careta de fingida indignação.

— Você me deve essa, lembra? Eu te salvei daquelas três hienas. — Eu disse, piscando para ele.

— E você vai me lembrar disso pelo resto da vida, não é? — Ele revirou os olhos, mas a expressão dele era de um afeto genuíno.

E assim, continuamos nossa jornada, lado a lado. Mesmo vivendo à margem da lei, nossa parceria e respeito mútuo nos mantiveram unidos. E, enquanto isso continuasse, nós enfrentaríamos qualquer desafio juntos, porque, no fundo, éramos mais do que apenas aliados—éramos uma família.

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